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Meio Desligado – Arte, pedofilia?

qui, 5 de outubro de 2017 05:04

meio desligado

A internet se revoltou na semana passada com a nova polêmica da vez: uma performance em que um artista se deita no chão, nu, e em seguida crianças são convidadas a encostar nele. No final da peça, ele ainda nu, segura na mão de duas crianças, que aparentam ter no máximo 10 anos. A apresentação recebeu incentivo da Lei Rouanet, isso tudo, poucos dias após a exposição Queermuseu, do banco Santander, que também foi incentivada pela Lei Rouanet.

O que a gente pode pensar sobre isso? Muita coisa. A começar pelo evidente empenho que a sociedade demonstra, pelo menos em reclamar na internet, sobre assunto x ou y. E me incluo nessa parcela, no entanto, sem a esperança, pretensão ou arrogância de achar que sou a portadora da solução para os problemas do mundo.

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Por outro lado, é bom que uma coisa dessas desperte atenção, pelo menos para que todo mundo acorde e veja o que o governo petista fazia com o dinheiro da gente, além de roubá-lo. Incentivava esse tipo de “arte”. Sim, com duas gigantescas aspas. Se não bastasse a sensação diária de estarmos sendo feitos de palhaços pelo Estado, a Lei Rouanet ainda vai lá e coloca uma bolinha vermelha no nariz de todo brasileiro. É o dinheiro de quem trabalha e paga imposto sendo usado para bancar um tipo “x” de arte com a qual a maioria das pessoas rejeita justamente com o propósito de democratizá-la. Ou pior, conceder incentivo para uma artista como a Cláudia Leite, que obviamente não precisa de incentivo.  É muita contradição.

E não interessa o tipo de arte que esse dinheiro está financiando. Se é para um cara ficar pelado no meio de crianças e chamar isso de arte ou se é para um novo Michelangelo pintar “A Criação de Adão” no teto da Catedral da praça da Sé. A arte, quando em sociedade, também é um produto e como tal, tem que obedecer às leis do mercado. “Ah, mas a massa escolhe mal”. Ei, inteligentinho, não é você que defende o funk e o rap da periferia como expressão artística? Choices, darling. A democracia só é legal quando a maioria está concordando com você.

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Falando sobre a intervenção artística, vi algumas interpretações sobre o ato ter ferido o Estatuto da Criança e do Adolescente e se enquadrar em crime. As consequências legais se estenderiam inclusive para os pais das crianças. No meu entendimento, a obra em si não é uma apologia à pedofilia. Os desdobramentos, porém, podem ser desastrosos nesse sentido. A defesa do nu natural em contraponto a ausência do elemento erótico, a pureza das crianças como argumento para a performance, são fracas. Uma criança não pode em hipótese alguma achar normal um adulto pelado. O universo infantil não deve ter esse tipo de imagem, por questão de segurança. Alguns grupos alertam para o avanço de uma agenda em defesa da pedofilia como mais uma expressão da sexualidade humana. O futuro dirá.

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Isso é arte? Definitivamente, no meu entendimento, não. A arte tem como função elevar o espírito. Qual a diferença entre a Monalisa e o urinol do Duchamp? Qualquer pessoa consegue perceber. A arte não pode ser fácil. A essência dela está no esforço, mira a beleza, a perfeição das formas. Mas com a arte moderna, o feio, o fácil, o simples, o escatológico, começaram a receber dos mecenas e das grandes galerias o status de arte. Com o tempo, esse tipo de arte praticamente monopolizou o circuito artístico. É aquela velha história do rei está nu. Se você não consegue perceber a beleza em um monte de rabiscos sem sentido, é porque você não tem senso estético. É a relativização do belo. Mas a beleza nunca foi relativa. As formas de uma escultura grega como ideal de beleza pouco mudaram em relação aos dias de hoje. Uma mulher bonita é uma mulher bonita e pronto. Os quadros de William Turner continuarão sendo belos. A arte tem que exaltar virtudes. De feiura e ruindade, a realidade já se encarrega.

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