Meio desligado – A resistência cravada na pele
qua, 11 de novembro de 2015 08:36
Antes de Alexander Soljenítsin denunciar o ciclo interminável de terror e sofrimento a que eram submetidos os prisioneiros do regime soviético em seu livro “O Arquipélago Gulag” (1973), não era raro encontrar intelectuais de esquerda Europa afora defendendo as atrocidades promovidas por Stalin. O autor fez um levantamento detalhado com documentos, depoimentos e informações sobre os campos de trabalho escravo conhecidos como gulag – sigla para Glavnoe Upravlenie Lagerei, ou “Administração Central dos Campos”.

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Décadas mais tarde, outro impressionante retrato daquela realidade veio à tona com “Russian Criminal Tattoo Encyclopaedia”, de Danzig Baldaev (1925-2005). A coleção possui três volumes, mas o autor viu apenas o primeiro deles ser publicado antes de falecer. Mais tarde, também foi lançado um livro com charges contra o governo feitas por Baldaev durante o regime soviético.
Carcereiro por quase cinco décadas, conseguiu captar tudo isso de um jeito interessante, e é claro, que não acabasse transformando ele próprio em prisioneiro (na melhor das hipóteses). Passou então a catalogar as tatuagens deles, entender o que significavam e ouvir suas histórias. Os supervisores acharam a atividade suspeita, mas Baldaev os convenceu de que seria útil saber do que se tratavam os desenhos.
Ao longo desse trabalho de etnologia que desbanca muitos estudiosos por aí, milhares de tatuagens foram catalogadas. Haviam símbolos para identificar os delitos cometidos. Gatos por exemplo, representavam a astúcia do ladrão. Caveiras, os que cometeram assassinato. Aranhas poderiam significar uso de drogas.
As tatuagens mais agressivas eram predominantemente de conotação política. Algumas pessoas marcavam Lenin e Stalin no peito não por amor, mas para que o pelotão de fuzilamento não atirasse no coração deles. Outras figuras trazem os líderes da revolução com aparência demoníaca, uma demonstração de ousadia e afronta frente aos responsáveis por aquela realidade de miséria e violência. Uma declaração de que seu corpo poderia sofrer humilhações no gulag, mas sua mente (ou inteligência, por que não?) jamais seria subjugada. As imagens publicadas aqui são as mais leves. Existiam outras bem piores, de conotação sexual. O objetivo era justamente criticar a figura de autoridade e expressar suas convicções, ainda que lhe custassem a vida.

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Outro fato curioso que Baldaev revelou com sua pesquisa foi a admiração que os prisioneiros tinham pelos nazistas, que lutaram contra os soviéticos no final da Segunda Guerra Mundial. Símbolos nazistas, soldados combatendo comunistas e até figuras de soldados com asas de anjo não eram difíceis de encontrar.

TATTOO NAZISTA
No final da semana passada, a internet teve um surto coletivo aqui na região graças a um trabalho do tatuador uberlandense Irineo Waismann, o Japa. Um cliente pediu que ilustrasse a expressão “Chupa Dilma”, e ele então publicou em seu perfil nas redes sociais a tatuagem pronta: um desenho estilo “old school” da presidente representando o gosto do cliente de forma bem literal, digamos. Recebeu uma tempestade de críticas. As mais educadas acusavam o tatuador de machista, de contribuir com a cultura do estupro etc. No começo do ano, o tatuador Hugo Brabo fez uma tatuagem que mostra o rosto da presidente Dilma Rousseff em forma de diabo. Notaram alguma semelhança?

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