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Meio Delisgado – “Tratamento da doença ‘homossexualidade’: a fake news do momento

qua, 20 de setembro de 2017 05:30

meio desligado

Vou colocar aqui uma interpretação do Instituto Liberal de São Paulo sobre a polêmica do juiz de Brasília que teria autorizado o tratamento da homossexualidade, que seria considerada uma doença. Bem diferente daquela que foi divulgada pelas grandes mídias.

Em primeiro lugar, a palavra “doença” não aparece na redação em momento algum. “A decisão preserva a redação integral da Resolução nº 01/1999 do Conselho Federal de Psicologia, apenas afirmando que ‘a fim de interpretar a citada regra em conformidade com a Constituição, a melhor hermenêutica a ser conferida àquela Resolução deve ser aquela no sentido de não privar o psicólogo de estudar ou atender àqueles que, voluntariamente, venham em busca de orientação acerca de sua sexualidade, sem qualquer forma de censura“.

No dispositivo é possível perceber que a determinação judicial consiste apenas em “determinar ao Conselho Federal de Psicologia que não a interprete (a Resolução nº 01/1999) de modo a impedir psicólogos de promoverem estudos ou atendimento profissional, de forma reservada, pertinente à (re)orientação sexual, garantindo-lhes, assim, a plena liberdade científica acerca da matéria, sem qualquer censura ou necessidade de licença prévia”.

A decisão judicial garante que, se o indivíduo quiser procurar um psicólogo, terá o direito de ser ouvido e o profissional poderá realizar estudos e atendimentos reservados, tudo para que seja preservada a vontade espontânea do paciente. Ou seja, da mesma forma que um homossexual procura ajuda para tornar pública sua orientação, ele também poderia procurar um psicólogo para se orientado caso quisesse ir contra a sua homossexualidade.

Particularmente falando, acho que não existe isso da pessoa ser homossexual e, por vontade própria se reorientar heterossexual. E não existe isso de “doença”. E quem é canhoto? É doente?

“Tratamento da doença ‘homossexualidade’: a fake news do momento

“Tratamento da doença ‘homossexualidade’: a fake news do momento

 

Mas por outro lado, essa lei apenas mantém abertas possibilidades de tratamentos e estudos, que no caso, envolveriam pacientes e terapeutas que querem isso. Pode ser que nessas pesquisas, algo de importante seja descoberto. Até mesmo confirmar de vez que é impossível a pessoa se reorientar. Já pensaram nisso?

A verdade é que a ciência não sabe explicar porque uma pessoa é gay. E deveria? Há quem ache que isso é preconceito. Sou da turma daqueles que acham que tem que pesquisar sim. Muitos religiosos pregam que o homossexualismo tem ligação com o maligno, e com uma resposta concreta da ciência, muitas dessas afirmações cairiam por terra. O conhecimento liberta. Sempre.

3 Comentários

  1. Tulio disse:

    Muito equivocado a sua interpretação da lei e da decidibilidade! Se soubesse ler e soubesse do assunto em torno do tratamento ou entendimento da mesma, saberia que é dado tratamento como forma de doença. Tome partido, mas tome partido com base certa!

  2. Igor disse:

    Li algo sobre sua saída do jornal, pena que isso sim foi uma fake news.

    Seu artigo beira a bizarrice. Como o Tulio disse no comentário acima, “tome partido, mas tome partido com base certa!”

  3. Ígor Bruno disse:

    Não sejamos ingênuos:
    1) ninguém está impedindo a ciência na psicologia. A resolução do CFP não diz respeito a isso. É que estudos relacionados à terapia de reversão, ou “reorientação” da sexualidade, ou “cura gay” (chame do que quiser) já foram feitos décadas atrás; nenhum deles obteve qualquer sucesso duradouro. Muito pelo contrário, trouxeram mais ônus do que bônus. Exatamente por isso esse tipo de terapia foi proibido;
    2) o profissional de psicologia, assim como os médicos, deve se comprometer a, se não puder ajudar, pelo menos não fazer mal ao paciente. Um tratamento que comprovadamente faz mais mal do que bem é antiético, é absurdo. Ainda que um paciente deseje, por vontade própria, ser submetido a tal tratamento, ao médico e, suponho, ao psicólogo, é absolutamente vedado ministrar tratamento sabidamente deletério. Exatamente por isso esse tipo de terapia foi proibido. O profissional que oferece esse tipo de tratamento não é um profissional correto e deve ser cassado. Quanto a novos tratamentos, na Medicina, comissões de ética decidem se tratamentos experimentais sequer devem ser ministrados em estudos. Imagino que na Psicologia não seja diferente;
    3) os profissionais de Psicologia que entraram na Justiça pelo direito de oferecer terapia de reorientação sexual o fizeram devido a suas convicções religiosas, e não devido a seu amor à ciência;
    4) se o Juiz é um amante da ciência, é um amante muito mal informado (vide ponto 1); se usou a ciência apenas como fumaça e espelhos é tão desonesto quanto quem ajuizou a ação;
    5) aos gays nunca foi impedido o acesso à terapia – imagine o psicólogo te perguntar se vc é gay antes da primeira sessão, e te colocar pra fora se a resposta for positiva?; aliás, como vítimas de preconceito, como protagonistas de uma luta por autoaceitação, como párias numa sociedade machista, por que a eles seria negada terapia?
    6) li esse argumento em alguns textos hoje e, ainda que não seja uma analogia perfeita, funciona: se um indivíduo sofre preconceito por ser negro e procura ajuda profissional para deixar de ser negro, cabe ao profissional apontar que o problema não é ser negro, e sim o preconceito; não interessa o argumento “nature vs nurture” no caso da homossexualidade, o problema não é ela – é ser impedido de se ser quem se é, é ser recriminado por se ser quem se é, é lidar com os efeitos da discriminação;
    7) quem não consegue enxergar tudo isso por trás da decisão do juiz, precisa de esclarecimento. Ou de vergonha na cara.

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