Mais resistente, mosquito da dengue se prolifera durante todo o ano
sáb, 16 de janeiro de 2016 08:00Da Redação
“Não falamos mais em períodos críticos após as chuvas,” ressalta o coordenador do Controle de Zoonoses
O Instituto Butantã divulgou uma pesquisa no ano passado confirmando o que os profissionais atuantes na área desconfiavam: o Aedes aegypti está mais forte. Resistente a baixas temperaturas, a inseticidas, picando durante a noite e com a capacidade de voar mais alto e mais longe, o mosquito também transmite zika vírus e chikungunya.
Não é mais possível tratar determinados períodos do ano como críticos. Agora, todos os meses exigem atenção redobrada, segundo o coordenador do Controle de Zoonoses, Wellington Colenghi. “Não falamos mais em períodos críticos após as chuvas. A partir de junho até novembro não havia transmissão. Em 2015 tivemos casos o ano todo,” afirmou.
Para se ter uma ideia, em 2013, foram confirmados 269 casos de dengue no município e no ano seguinte, outros 160. Só neste mês, o departamento avalia mais de 100 casos suspeitos. “O ser humano propicia as condições para que o mosquito conviva com ele. A tendência de agora para frente é aumentar o número de casos,” salienta Colenghi.
No dia 11 de janeiro, representantes da saúde nas áreas de Controle de Zoonoses, Epidemiologia e Atenção Primária do município participaram de uma reunião na Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Uberlândia. O objetivo foi discutir as diretrizes de combate que deveriam entrar em prática e ser intensificadas a partir de 1º janeiro, mas informadas tardiamente pelo Ministério da Saúde.
Com a contração de 140 pessoas para os cargos de agente de combate a endemias e agente comunitário de saúde, o coordenador afirma que as ações de rotina serão intensificadas com este reforço no efetivo. A expectativa é de que as demais etapas do processo seletivo sejam concluídas para que elas comecem a trabalhar em fevereiro.
Uma das medidas tratadas na reunião é para que os agentes de saúde, até então encarregados de tarefas ligadas à atenção primária, também irão auxiliar na eliminação de vetores em suas áreas de atuação. “Fomos orientados a, se preciso for, acionar a PM, o Corpo de Bombeiros e o Exército, mas com esse quantitativo de trabalho não será necessário,” explica.
Outro meta será visitar 100% dos imóveis da cidade, além de tornar mais dura a tolerância com o descaso de moradores. Casos reincidentes de proprietários que se recusam a permitir a entrada de agentes no imóvel ou que não segue os cuidados devem ser levados ao Ministério Público.
Está em andamento a criação de um comitê de combate à dengue, zika vírus e chikungunya, envolvendo autoridades locais, lideranças e entidades de classe, para traçar estratégias de combate. “Precisamos deixar claro que numa situação como essa, o problema não é somente do poder público, e sim, da população,” concluiu.
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