Mãe Preta retorna ao Legislativo depois de 32 anos
sex, 7 de outubro de 2016 05:28Ex-prefeito e eleito vereador no final dos anos 70, Vanderlei Inácio se emocionou ao relembrar primeiro mandato
por Talita Gonçalves
Dando continuidade à série de entrevistas com os vereadores eleitos para o próximo ano, ontem foi a vez de Vanderlei Inácio (PRTB), o “Mãe Preta” receber a reportagem da Gazeta do Triângulo. O encontro aconteceu na residência dele, que possui uma longa trajetória na política e eleitores que parecem torcedores do Flamengo: não mudam de camisa, como ele mesmo diz. O terceiro vereador mais bem votado trouxe temas como a presidência da Câmara, a necessidade do município em eleger deputados e deixou claro que pretende fazer nesta volta à Câmara um mandato com forte atuação.
Onde você estava no momento da votação? Aqui em casa, com a família e amigos. Estava acompanhando mais a eleição para prefeito.
O que achou do resultado? Bom demais. Eu falava que se o Raul ganhasse, eu não iria conseguir nem um caminhão de cascalho com ele. O pessoal que me acompanhou, se quisesse ser atendido, tinha que votar no Marcão.
Sobre a sua votação: o comentário geral era de que seria 8 ou 80. Foi 80 então? Graças a Deus. Não compro voto. Me sinto feliz em poder representar vocês na Câmara.
Comentou-se que você pretendia ser candidato a prefeito, mas mudou de ideia e se candidatou a vereador. Na última hora percebi que não havia dinheiro para a campanha, pois é uma campanha difícil, os amigos estão duros (sic), os empresários não podem mais doar. A mudança eleitoral interferiu? Sim, principalmente para mim. Mas deu tudo certo porque o Marcão ganhou a eleição e agora vamos fazer um governo diferente, devolver as máquinas para a zona rural, o Pronto Socorro para o povo.
O que você achou de ter apenas 45 dias de campanha, após as mudanças na legislação eleitoral? Foi pouco, mas deu. É claro que não deu tempo de visitar todo mundo que a gente precisava. Até peço desculpa em nome de todos os candidatos, do lado do Raul e do Marcão, porque não tem condição de visitar todo mundo. Não marquei nenhuma reunião, o pessoal que me procurava. Todo dia eram 15, 20 reuniões.
Você acha que essa lei precisa ser revista? Não, acho que, quanto menos dinheiro tiver mais profissional vai ficar a política. Porque aí o cara que quer se candidatar vai ter que guardar dinheiro, vai ficar difícil para todos.
Você pretende disputar outros cargos no futuro? Olha, deixa eu te falar uma coisa, se eu falar que não, é mentira. Já temos aí a presidência da Câmara, vou conversar com o prefeito e meus pares porque todo mundo quer ser. Acho que a minha bagagem, respeitando os outros, parece que é muito maior. Por isso quero ver o interesse do prefeito, estou à disposição.
Em que época foi o seu primeiro mandato de vereador? 76 a 82. Na época em que fui vereador, o vereador não tinha salário. Isso só foi votado no Congresso em 81, 82. Aí inventaram salário para vereador. Você é contra vereador receber salário? Olha, deixa eu te falar uma coisa. Não é que eu seja contra, acho que quem trabalha merece receber. Mas já falei que tenho um projeto e vou apresentar esse projeto na Câmara, para que seja diminuído o salário e o número de vereadores para nove. Não sei pra que (sic) esse tanto de vereador. Podia ser mais enxuto então? Claro que pode. Infelizmente todo mundo quer receber salário e todo mundo quer poder.
Depois você foi eleito prefeito? Minha eleição foi em 88, assumi em 89 e fiquei até 92. Essa experiência faz a diferença. É claro que faz. O prefeito chegava às 5h da manhã. Era o primeiro a chegar e o último a sair.
Uma das marcas da sua gestão era o ônibus gratuito para os estudantes universitários. Sim. O Marcão se comprometeu a devolver o ônibus dos estudantes. Eu vou estar lá e vou cobrar. Falei para ele, é meu amigo, meu companheiro, mas ele vai sonhar comigo de noite. Vou cobrar dele, porque infelizmente Uberlândia tem seis deputados estaduais e três federais. Do rio das Velhas para cá não passa nada. Entendeu? Na próxima eleição temos que eleger um deputado, custe o que custar. Entre 77 deputado estadual (sic) e mil prefeitos, o governador atende os 77 deputados. Estão acima, né? É claro, fica muito mais prático. Agora, infelizmente, nós não temos. Felizmente nós temos voto para eleger dois deputados estaduais e um federal, infelizmente até agora não conseguimos. Eu acredito que, com a liderança do Marcão e dos vereadores, nós conseguiremos fazer com que Araguari tenha algum candidato.
Mãe Preta, então é uma das coisas que o pessoal pode esperar do seu mandato. É essa cobrança? O que mais as pessoas podem esperar desse mandato seu? Eu te garanto que eu vou estar lá diuturnamente, não quero ser diferente, mas sou diferente dos vereadores que vão lá só na terça-feira; mas vou estar lá todo dia, para quando você ou sua família, um amigo, precisarem urgentemente de uma ambulância, um caminhão de cascalho, eu estarei lá na Câmara para poder atender. Entendeu como é?
Me disseram que você teve um gabinete na rua. Um gabinete móvel? Não era um gabinete móvel. Na época estava sendo construída a barragem de Emborcação e a de Caldas Novas e eu fazia a Câmara de sábado e domingo para eu mandar esse pessoal trabalhar. E num sábado, por mais que eu fosse amigo do Chico Beregeno, que eu amava, ele chegou e deu de entender que eu não podia ficar na Câmara. (neste momento, Mãe Preta começou a chorar.) Porque? Não podia abrir dia de sábado? Dia de sábado. Aí eu peguei uma mesinha. Vim cá em casa, busquei uma mesinha e pus debaixo de chuva lá. E por que isso é uma coisa que te emociona tanto? Arrumar emprego para os outros é bom demais. Entendeu? Infelizmente eu tive que fazer aquilo. A senhora lá de frente pegou uma garrafa de café pra mim. Eu que não aguento muito café tive que tomar. Nessa época que você era vereador? Sim. E quando prefeito a minha porta era aberta como essa aqui e nunca ninguém teve que falar “eu marquei uma audiência com o Mãe Preta”. É mentira. Todo mundo que chegava eu atendia, entendeu como que é?
Então você acha que a política é uma forma de poder fazer o bem para as pessoas? Eu acredito. Nós vivemos num país e num mundo político. As coisas se resolvem ou não se resolvem com política. Entendeu?
Tenho essa dúvida e acho que outras pessoas mais novas também. Porque o pessoal te chama de Mãe Preta? Quando menino, nós jogávamos bola lá no campo do Corinthians, era tudo gramado, graças a Deus, então tinha uns dez anos e lá no campo um amigo meu estava batendo numa criança de 7 anos e nós tínhamos 10 e eu não achei aquilo certo. Então estávamos discutindo no campo, aqueles negrinhos sujos de terra, os outros também. Eu fui passando de frente o portão da casa do meu tio, eu não tinha visto, minha mãe e meu tio estavam no portão da casa e ela estava saindo. Então os caras começaram a bater no menino de novo, eu pulei em cima dele, aí ela disse. “Você parece a mãe preta dos meninos”. Foi isso? Pegou desde os dez anos? Sim. É um apelido carinhoso? É. Graças a Deus. Aí desde então? Sempre sempre (sic), escola, na política, sempre Mãe Preta.
E como foi sua entrada na política? O que te levou a ser vereador? Tinha uma amizade com o Mário Nasciutti, Manoel Nasciutti, Gétulio, pescávamos juntos, íamos no churrasco juntos, sempre fui falador e uma vez o Mário, que era o mais velho, falou “nós vamos te lançar a vereador.” E eu me elegi. Não foi por mim, falar “ah, quero ser candidato.” Foi o Mário que me lançou na política.”
Quem são os eleitores do Mãe Preta? As pessoas que acreditam em mim. Eu não gastei um centavo para me eleger. Toda papelada quem deu foi o Marcão. Como não comprei nenhum voto, não gastei nenhum centavo. Acho que meu eleitorado é igual torcedor do Flamengo, não muda de camisa.
O que tem de diferente do Mãe Preta lá dos anos 70, 80 para o Mãe Preta de hoje? Nada. Vou te falar uma coisa, se você quer conhecer a pessoa, dê poder a ela. Se quer conhecer mais, dê dinheiro a ela. Acho que tendo dinheiro para colocar comida em casa e álcool na caminhonete, está bom demais. Quando fala poder, você não pode abusar daquilo que lhe foi dado.
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Pois é, o cara me fala uma dessa de que não conseguiria um caminhão de cascalho se o Rau ganhasse e que teriam que votar no Marcão se quisessem ser atendidos. Se isso não é um tipo de compra indireta de voto não sei mais o que é!
José, deixa de ser burro. O Mãe Preta não tem R$ 51 milhões de patrimônio. Você deve ser um sangue-suga que não faz nada e tem cargo político que o Raul te deu.
Vai perder a boquinha agora, mané! Vai ter que trabalhar agora!
Meu caro Nivaldo vejo que seu nível é bem baixo e sua ignorância é intensa. Não sou funcionário público muito menos sou cargo de confiança, agora se quiser confirmar e ser homem de me chamar de burro no face a face eu moro aqui no Madri. E quanto a patrimônio quem sabe se o seu prefeito eleito te fala se ele declara o que ele arrecada no entreposto de carretas da VLi, que arrecada em média R$35,00 por caminhão em um total aproximado de 500 veículos dia. Bom isto até o ano passado. Então não me venha com esta de patrimônio babaca!!!!