Da Redação       

“A ocupação é uma aberração”. Foi assim que Patrick Duarte, estudante do 3° ano do ensino médio, definiu o movimento nas escolas que perdura por mais de uma semana em Araguari.

Por meio de cartazes a favor da volta às aulas, dezenas de alunos e pais estiveram na Escola Estadual Professor Antônio Marques mais conhecida como Estadual na manhã desta segunda-feira, 31.

A principal preocupação dos estudantes se refere a realização da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que acontece neste fim de semana, 5 e 6 de novembro. “Queremos que as aulas voltem ao normal porque além de comprometer a maior prova que vai ter, que é o Enem, isso está prejudicando o fim do bimestre”, destacou Patrick Duarte.

O líder do movimento, João Gabriel Araújo, comenta que foi solicitado pelos estudantes para oferecer apoio enquanto representante da sociedade. “A ocupação é contra a lei porque estão utilizando um espaço público e privando os demais de usá-lo. Os meninos estão respaldados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente que garante o acesso à educação”, argumentou.

 

Maria Alice Alves da Silva Teixeira, mãe de aluno e professora na rede municipal de ensino, é a favor da luta por direitos, mas desde que não prejudique os estudantes. “Fiz questão de participar deste movimento. Sou solidária aos professores e alunos que participam da ocupação, eles estão certos em lutar pelos direitos. Porém, não desta maneira, pois estão tirando o direito dos alunos de realizarem o Enem no próximo fim de semana”, destacou.

A reportagem esteve no Estadual na parte da manhã e da tarde e os portões permaneceram fechados. Os líderes do movimento não divulgaram o número de alunos que continuam ocupando a escola. Sobre o fato de não permitir a entrada, eles alegaram sofrer ameaças via rede social de pessoas que não fazem parte da escola. Apesar disso, disseram que a escola estará aberta a partir desta terça-feira, 1.

Segundo os estudantes, que preferiram não se identificar, nesta quarta-feira, 2, às 19h, acontecerá uma reunião na escola cujo objetivo é demonstrar aos pais e responsáveis o cronograma de atividades relacionados ao movimento contra a PEC 241, que tem como objetivo limitar gastos públicos pelos próximos 20 anos.

Os manifestantes contrários a ocupação foram orientados pela direção da escola e pela Polícia Militar a solicitarem apoio ao Ministério Público (MP). O grupo esteve no órgão fiscalizador na parte da manhã, mas, a sede do MP apenas está aberta para comunidade a partir das 12h. Na parte da tarde, pais e alunos retornaram na promotoria e foram recebidos pelo estagiário Marcelo Lima, que coletou dados, principalmente sobre a forma como está sendo conduzida a ocupação.

Um dos promotores do MP irá analisar o caso com pedido de urgência, o qual foi formulado pelo estagiário por meio de declaração. “Será averiguada a situação para que providências sejam tomadas”, disse o estagiário.

Escolas ocupadas

Os primeiros colégios ocupados foram as escolas estaduais Professor Antônio Marques e Raul Soares no início da semana passada. Na quarta-feira, 26, o movimento foi aderido pela escola Isolina França Soares Torres e na quinta-feira, 27, pelo Polivalente – Madre Maria Blandina. Conforme apurado, até a tarde desta segunda-feira, todas elas permaneciam ocupadas.

Na semana passada, a reportagem compareceu até o Estadual. Os participantes da ocupação não concederam entrevistas, mas divulgaram o cronograma de atividades, que contam com interação entre os alunos do movimento, recreação, assembleia entre os organizadores e roda de estudos sobre a PEC 241 e “Medida Provisória 746” que prevê a não obrigatoriedade do ensino das disciplinas de Filosofia, Sociologia, Artes e Educação Física, no currículo do Ensino Médio brasileiro. As atividades também incluem mutirão de limpeza e debates sobre temas relacionados a manipulação midiática e legitimidade enquanto processo democrático.