Gravidez na adolescência, por Ana Paula de Castro Sousa
qua, 19 de fevereiro de 2014 00:01* Ana Paula de Castro Sousa
As escolas possuem índices alarmantes de jovens grávidas na adolescência. As campanhas que alertam sobre a necessidade dos cuidados para evitar a gestação nessa etapa da vida não são consistentes. Por que então ninguém comenta a gravidez na adolescência? Na tentativa de responder a essa pergunta, cito apenas três motivos: o ambiente que envolve o adolescente e a dificuldade da escola e da família em abordar o assunto.
A sociedade em que vivemos é exageradamente sexualizada. Inclusive o erotismo perdeu espaço porque agora o que vale é o sexo. As mídias em geral exalam sexo. Ouça as músicas, veja as imagens e as publicações. Tudo isso estimula a sexualização além de somar o encurtamento da infância. Meninas na faixa etária de 11 anos frequentam festas desacompanhadas de seus pais e ou responsáveis, usam vestimentas provocantes como uma miniatura de adultos, e algumas namoram. Interessante é que muitas ainda não estão com o corpo “bem formado”, ou seja, a adolescência vem antes da puberdade. De tal modo que, quando o corpo faz a passagem do infantil para o adulto é vasta a experiência adquirida pela adolescente. Ressalto que essas experiências não são suficientes e nem aceleram a maturidade.
As escolas têm dificuldades em desenvolver a educação sexual no espaço público uma vez que essa exige preparo para ser praticada. Talvez, elas pudessem elaborar projetos de educação sexual para seus alunos. Projeto deve ser entendido como planejamento, preparo, pesquisa de estratégias, metodologia, formação dos docentes, divulgação, conhecimentos dos alunos etc.
Na maioria das famílias, ainda é constrangedor falar sobre a sexualidade e suas consequências. Alguns pais diante da embaraçosa situação acham melhor oferecer livros sobre o tema, mas se ausentam frente a um diálogo com os filhos.
Assim, os jovens praticam um sexo sem compromisso com os resultados que podem advir de seus atos. As escolas não conseguem trabalhar com qualidade sobre a educação sexual e os pais não desenvolvem conversas significativas nem um interesse vivo permanente por essa área da vida do filho. Todos os fatos relatados demonstram uma despreocupação com a gravidez indesejada entre adolescentes. Porém, não é silenciando que se resolve a questão.
* Bacharel e licenciada em Filosofia pela Universidade Federal de Uberlândia onde atualmente está cursando Ciências Econômicas.
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