Funcionamento da ETE compromete bens naturais, aponta ambientalista
qua, 10 de junho de 2015 06:51Da Redação
Estação de Tratamento de Esgoto começou a funcionar no mês de março, e nos últimos dias tem sido alvo de reclamações
Preocupados com os resultados do funcionamento da ETE, uma equipe foi formada para solicitar documentação que comprove sua legalidade.
O engenheiro civil e ex-secretário de Obras José Radi conta que a implantação do sistema foi motivada após a construção mal feita da captação de esgoto no Conjunto Alan Kardec. “Não foi viabilizada a fossa séptica nas residências por volta do ano 2006, e por isso, a Estação Elevatória de Esgoto ficou impedida de fazer o tratamento, conforme decisão da Promotoria. Uma das alternativas da gestão municipal daquela época foi construir a ETE, que foi liberada na atual administração”.
Para o engenheiro, a ação é totalmente irresponsável, pois acarretará em prejuízos a saúde da população devido ao fato de o esgoto ser encaminhado para um local seco, próximo a represas, utilizadas como lazer.
“Isto irá comprometer o local, aonde temos um aquífero, e ainda acabar contaminando as represas: Paus e Araras, localizadas próximas ao destino final deste esgoto, que não é tratado quimicamente”, frisou.
Conforme apurado, um laudo emitido por laboratório identificou índice alto de coliformes fecais, é o que afirma o veterinário Fernando Mendes. “O efluente jogado no local está fora dos padrões. Foi constatada uma alteração que nós já imaginávamos. Está muito alto o nível de coliformes fecais, fora dos padrões do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). Está maior que 1.600 coliformes por milímetro de efluente tratado e o permitido é somente mil”,
Segundo Marcus Vinícius Leite, biólogo e presidente da Associação de Proteção aos Animais e Meio Ambiente de Araguari (APROAMA), desde o período inicial de construção da ETE, moradores do entorno da obra se mostraram preocupados em tomar conhecimento das possíveis alterações que a Estação de Tratamento de Efluentes causaria ao Meio Ambiente.
A partir de então, a APROAMA passou a ser acionada, no sentido de cobrar do Poder Público as explicações técnicas, bem como a documentação que assegurasse o estabelecimento da ETE sem comprometer o ambiente.
Ainda na administração passada, em 2012, sua equipe começou a solicitar Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e Estudos de Impacto de Vizinhança (EIV) além de documentos que validassem a construção da ETE em Área de Preservação Ambiental (APP)
“O que nos forneceram foi somente o projeto de construção, sem os devidos estudos prévios e uma declaração de “utilidade pública” para a construção desta estação. Como qualquer analista ambiental iniciante sabe, sem estudos alicerçados, bem embasados, não se pode construir uma obra de tal vulto, então começamos a lutar pela causa ambiental desta região, pois sabemos que a área abriga uma reserva natural de água de excelente qualidade, fonte para a população de Araguari para muitas décadas. Em tempos de discussão da crise hídrica a nível mundial, nossos representantes estão na contramão e poluem o Meio Ambiente, comprometendo nosso futuro”, afirmou o ambientalista.
De acordo com informações técnicas, trata-se de um solo extremamente poroso, e esse efluente pode infiltrar e contaminar o lençol freático, comprometendo as reservas hídricas ali existentes.
“Lembrando que Araguari é privilegiada, por praticamente não necessitar tratar a água que é servida à população; nosso abastecimento vem todo de águas subterrâneas, armazenadas no lençol freático (na região de construção da ETE há afloramentos do Aquífero Bauru)”, explicou.
Para o biólogo, as autoridades ambientais em Araguari demonstram ter total conhecimento das resoluções e muito despreparo em lidar com problemas ambientais. “Enquanto tratarem o Meio Ambiente como uma pasta sem importância, relegada a segundo plano, questões como estas passarão despercebidas pela população, que só irá se dar conta do problema ao ingerir uma água contaminada. Aí o problema, que antes era apenas do Meio Ambiente, torna-se da Saúde Pública”, ressaltou.
Tais declarações foram rechaçadas pelo superintendente adjunto da SAE – Superintendência de Água e Esgoto -, Edson Vieira, que por meio de documentação, afirmou que a ETE recebeu o primeiro alvará de funcionamento válido para os próximos quatro anos.
“Todo o funcionamento encontra-se dentro dos padrões aceitáveis. A ação irá beneficiar milhares de famílias, num total de nove mil pessoas. A SAE tem se preocupado em não danificar o meio ambiente com respaldo dos órgãos ambientais”.
Alternativas
Segundo o biólogo Marcus Vinícius, na França, para o tratamento dos efluentes do Rio Sena são utilizadas somente plantas (sistema de “zona de raízes” ou “jardins filtrantes”), cujas raízes têm a capacidade de depurar os efluentes em mais de 90%; uma alternativa eficaz e com custos baixos. “Em Caldas Novas, Goiás, alguns condomínios e até clubes se utilizam deste sistema para tratarem seus efluentes, então não é uma teoria, e sim uma possibilidade viável”, exemplificou.
2 Comentários
Deixe seu comentário:
Últimas Notícias
- Tremor não impacta as barragens seg, 15 de dezembro de 2025
- CANTINHO DO MÁRIO – 13 DE DEZEMBRO dom, 14 de dezembro de 2025
- DA REDAÇÃO -13 DE DEZEMBRO dom, 14 de dezembro de 2025
- Motoristas da Saúde de Tupaciguara recebem treinamento abrangente focado em qualidade e ética dom, 14 de dezembro de 2025
- Polícia Rodoviária Federal e concessionárias seguem mobilizadas com passagem de super carga dom, 14 de dezembro de 2025
- Supercopa Panda Mito – São Bernardo dom, 14 de dezembro de 2025
- Série Bronze de Futsal LAFS – Elo Imports dom, 14 de dezembro de 2025
- Prefeitura de Romaria desenvolve programa especial de Natal com entrega de presentes dom, 14 de dezembro de 2025
- Projetos de Lei são aprovados em sessão extraordinária da Câmara dom, 14 de dezembro de 2025
- Polícia Militar de Meio Ambiente encerra atividades do Progea 2025 dom, 14 de dezembro de 2025
> > Veja mais notícias...


Prezado Redator,
(…)
Lembrando que Araguari é privilegiada, por praticamente não necessitar tratar a água que é servida à população; nosso abastecimento vem todo de águas subterrâneas, armazenadas no lençol freático (na região de construção da ETE há afloramentos do Aquífero Bauro)
(…)
Infeliz de uma Sociedade cujos técnicos trabalham com total despreocupação com contingências, colapsos, e negligenciam os recursos existentes. Nem recentes fatos noticiados no País sobre crises hídricas alteram condutas e procedimentos dos Gestores.
Reza a lenda que… certa época, um alvoroço formou-se na Cidade, já se pensando em Mega Empreendimentos TERMAIS, por conta de águas quentes que brotaram de um destes poços artesianos… mídia, discursos, planos, projetos… GANA por GRANA …
Lesa a renda que… sem manutenção adequada, tratava-se de uma imensa bomba dágua em curto circuito !!!
E dá-lhes coliformes desconformes ao ambiente.
Atenciosamente,
Janis Peters Grants.
Ja estamos pautando isso pra manifestação