Sexta-feira, 13 de Setembro de 2024 Fazer o Login

Ficha Técnica – TRINCA DE OURO

qua, 20 de julho de 2016 05:57

Abertura-ficha-tecnica

Nas redes sociais, os efeitos de uma narrativa comum, mas levada aos extremos. “Vendo guarda-roupas, rack, playstation 4, TV, cama de casal e sofá retrátil”. O autor do anúncio era Jean Chera, que aos 21 anos desapegava dos móveis da casa em Santos para se mudar com a namorada para o Mato Grosso, depois de revelar aposentadoria do futebol. Era a queda de uma ex-joia santista, que ainda na infância foi cotada para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

Gabigol, Jean Chera e Neymar nas categorias de base do Santos

Gabigol, Jean Chera e Neymar nas categorias de base do Santos

 

Se Neymar recebia salários de R$ 25 mil aos 13 anos de idade pelo Santos, Jean Chera faturava R$ 30 mil. O jogador driblava o assédio por seus vídeos antológicos com a bola para se tornar um profissional aos 16. Tinha chuteira personalizada e era cobiçado por gigantes da Europa. No entanto, o futuro daquele que seria o mais novo Menino da Vila nunca existiu. A alta pedida salarial para alguém que era reserva do sub-15 da equipe impediu um contrato profissional e o jogador foi embora da equipe sem sequer ter disputado um jogo oficial.

Depois dali, Jean passou pelo futebol italiano, romeno, vestiu a camisa do Flamengo, Cruzeiro, Atlético-PR e outros clubes brasileiros, até retornar ao Santos e ser emprestado para a Portuguesa, onde decidiu pendurar as chuteiras. Talvez, se fosse melhor assessorado e amparado na carreira, seria um dos 18 jogadores que se preparam para defender o país nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

Aos 38 anos, o goleiro Fernando Prass viveu para ver esses e tantos outros nomes que ficaram pelo caminho, como Jean Chera. Hoje, a seleção olímpica conta com Zeca, lateral, volante e meia santista que desfila de bigode e chuteira preta em campo, Rodrigo Caio, são-paulino eleito melhor jogador do último Torneio de Toulon da França, Douglas Santos, Walace e os “europeus” Felipe Anderson, Rafinha Alcântara e Marquinhos.

Companheiro de Jean Chera na infância, Gabigol será a camisa 9 da seleção olímpica aos 19 anos. Promovido ao profissional aos 16, é o maior artilheiro da história do Santos na Copa do Brasil e chegou a marcar um gol em sua estreia pelo Brasil na última Copa América. Xará da promessa santista, Gabriel Jesus é a glória alviverde que completa o trio de ataque ao lado de Neymar. Jovens que desafiaram um mundo cruel e traiçoeiro do futebol brasileiro e que hoje integram o sonho olímpico em uma nova trinca de ouro.

Nenhum comentário

Deixe seu comentário: