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Ficha Técnica – Independência ou morte!

qua, 7 de setembro de 2016 05:21

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Um silêncio invade a solenidade prometida para a área vip nacional. Diria Chico, a terra subtraída em tenebrosas transações. Um burguês de laquê nos cabelos grisalhos e pitadas de colônia francesa no cangote pede a palavra. Legal perante a justiça, imoral frente ao povo – louva a democracia. Enquanto isso, a Paralimpíada do Rio sofre com problemas de acessibilidade e o vôlei lota mais que o futebol. Em Araguari, políticos se aproveitam da falta de livrarias, e em Uberlândia, um dos maiores estádios do país vive às moscas.

Entre as contradições que povoam esse Brasil graúdo e sem porteira, uma delas há muito não pedia passagem. De 1930 a 2016, dia de Choque-Rei era para se glorificar de pé. Varrer as dores de cabeça para baixo do tapete, suspender o som da TV e se preocupar apenas com os 11 nomeados para o embate inicial. Afinal, falávamos de Palmeiras e São Paulo. Mas esta noite, no folclórico confronto da colônia italiana com a elite paulistana, impera o nefasto universo de quem rege nosso futebol.

Repleto de contradições, clássico de 86 anos ganha novos ingredientes

Repleto de contradições, clássico de 86 anos ganha novos ingredientes

 

Sob penalidade por uma briga de valentões e brucutus de credencial, o jogo terá torcida única por cautela da Federação Paulista para clássicos e do Superior Tribunal de Justiça Desportiva. Sim, a punição é fechar as portas para os torcedores visitantes. As organizadas foram banidas, como se fosse impensável infiltrar nos setores comuns do estádio. Ninguém foi preso, e o clássico perde um de seus maiores ingredientes, o choque.

Em meio à metamorfose melancólica que toma o início de setembro, o clássico paga o preço da falta de culpados no banco de réus. Um lamento ao Choque-Rei, palco de memoráveis embates como na final do Paulista de 1972 no Pacaembu, no qual o Verdão de Leão, Leivinha e Ademir da Guia saiu campeão invicto. Ou em maio de 2005, quando o São Paulo de Ceni, Lugano, Cicinho e Grafite despachava os rivais e pavimentava o caminho rumo ao título da Libertadores.

Hoje, o soberano é o periquito, cuja liderança da tabela não lhe escapa da visão. Para o calafrio tricolor, Jesus deve chegar de jatinho após servir a seleção. Hexacampeão, o São Paulo é quem lida com o choque de realidade. Em doses homeopáticas, a porta da zona da degola ameaça bater. Ainda que mergulhados em contradições, um simples ingrediente a mais pode azedar os objetivos alheios em pleno feriado. Uma vitória é como um Grito do Ipiranga, de quem lutou bravamente por um novo cenário.

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