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Ficha Técnica – Céu em festa

qua, 16 de setembro de 2015 08:00

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Aquele barulho ainda ressoa em meus ouvidos. Éramos mais de 15 mil vozes ecoando por onde passávamos. As ruas tingidas de verde e branco. As janelas abertas de curiosidade, como num ufanista desfile cívico de 7 de setembro. Ninguém naqueles 62 anos de história havia testemunhado algo parecido. Nem mesmo as estrelas que brilhariam os olhos de todos em plena tarde de domingo.

O ano era 1984. Os Titãs dominavam as paradas musicais com Sonífera Ilha. Chico ainda queimava os neurônios dos adoradores da ditadura com suas obras. Ney Matogrosso apresentava a vereda tropical, enquanto Bete Balanço avisava a hora do Barão Vermelho. As ruas ganharam multidões nas “Diretas Já”. Mesmo assim, não havia nada que importasse mais que os próximos 180 minutos.

Após 31 anos, ídolos do maior título da região se despedem da torcida (Divulgação)

Após 31 anos, ídolos do maior título da região se despedem da torcida (Divulgação)

 

Nas rádios, só se falava da primeira final da Taça de Prata, torneio equivalente a segunda divisão nacional. O principal jogo da história do Uberlândia Esporte Clube. O maior exame cardíaco passado por aqueles torcedores, que esperaram até os 46 do segundo tempo para explodir de emoção. A esperança viria dos pés de Vivinho, que após cruzamento pegou de primeira para estufar as redes do Remo, de Belém do Pará. A renda do jogo apontava 22.249.500,00 cruzeiros, mas desconheço qualquer valor que pagasse aquele momento.

O Furacão da Mogiana soprou forte rumo ao norte do país. Bastava um empate sem gols no segundo jogo para garantir a conquista inédita. Se o ataque não funcionou, o zagueiro Zecão tratou de manter o resultado, tirando duas bolas em cima da linha. Os torcedores que acompanharam pela rádio não podiam esperar. Precisavam abraçar, agradecer os personagens daquela história. Por isso, decidiram receber a equipe ainda em Brasília (DF), de onde partiriam para uma carreata em Uberlândia.

Na última semana, os gritos deram lugar ao silêncio. Um ano depois de se despedir do ídolo Zecão, a torcida alviverde deu adeus a Vivinho. O responsável pelo principal gol da história do clube, que por um segundo ofuscou qualquer estrela da música ou problema político do país. Certamente, o eterno herói foi recebido de braços abertos por seu fiel escudeiro. Afinal, se por aqui nos resta lembrança, no céu sobram motivos para comemorar.

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