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Exclusiva: novo comandante da Polícia Militar, em Araguari, concede entrevista à Gazeta do Triângulo e anuncia que deve focar no policiamento comunitário e no uso da tecnologia no combate ao crime

qua, 19 de janeiro de 2022 08:35

Da Redação

O processo de troca de comandantes nos Batalhões e Companhias da Polícia Militar em Minas Gerais acontece de dois em dois anos e, mais uma vez, a Polícia Militar em Araguari recebe um novo comandante no 53º Batalhão de Polícia Militar (BPM), que atende Araguari e outros municípios próximos. A solenidade de passagem de Comando, rito militar tradicional, está prevista para ocorrer no próximo dia 28 de janeiro, pela manhã, em evento fechado e restrito, na sede da RISP, em Uberlândia.

Nesta semana, o novo comandante, tenente coronel Vanderlan Alves Gomes, de 50 anos de idade, que acaba de assumir a gestão do batalhão pelos próximos dois anos, concedeu entrevista exclusiva à Gazeta do Triângulo e falou sobre sua trajetória na corporação, sua experiência, seus desafios nesta nova etapa, suas impressões e ideias para melhorar a segurança pública prestada pela instituição no município e nos locais sob a circunscrição do 53º BPM. Confira a entrevista exclusiva na íntegra:

Comandante do 53º BPM, tenente coronel Vanderlan Alves, concede entrevista aos repórteres Luis Muílla, Mateus Alves, e ao diretor da Gazeta do Triângulo, Lucas Amaral.

 

Comandante, primeiramente, considerando que você iniciou sua carreira na Polícia Militar de Minas Gerais em Araguari, qual a sensação de assumir o comando na cidade?

Tenho um sentimento de honra. Eu vim para Araguari em 1973, com minha família. No dia 7 de janeiro de 1994, com o incentivo de minha esposa, acabei entrando para a Polícia Militar, como soldado. Eu me despertei na época, e percebi que amava a corporação. Então, segui estudando para me tornar um oficial. Nunca desisti, até que consegui minha aprovação, com a benção de Deus. Aqui na região eu construí minha carreira. Já comandei uma Companhia em Prata, servi em Uberlândia, Uberaba. É de coração, uma honra estar podendo ser designado para comandar o batalhão, entrando em uma unidade em que muitas melhorias que houveram, ao longo do tempo, eu pude participar desde o início.

Comandante, com toda sua experiência, tendo feito parte tanto dos quadros de praças quanto de oficiais, tendo passado por diversas cidades, já há alguma diretriz ou intenção de melhoria em alguma área que possa contribuir para a segurança pública da região?

Há um plano estratégico, que tem como alguns dos principais objetivos o policiamento operacional e a redução da criminalidade. Devemos focar bastante nesse ponto da redução da criminalidade e na criação de estratégias para essa redução, sendo: interação e parceria com a comunidade na troca de informações; parceria com policiais veteranos da unidade, inclusive incentivando que haja o retorno para a ativa, contribuindo com a sociedade, principalmente na filosofia da polícia comunitária; e foco na questão do uso da tecnologia para redução dos crimes.

Temos acompanhado inovações, implementando por exemplo câmeras interligadas. Queremos criar maneiras de incentivar a população a nos ajudar e quando colocarem câmeras de alta resolução na porta dos imóveis, possam utilizar um sistema OCR, facilitando acesso da polícia, uma vez que as câmeras da cidade estariam linkadas com o Copom. Isso seria uma base de apoio. Queremos trazer um sistema de vídeo monitoramento inteligente e interativo.

Ainda, se tivermos esse engajamento dos policiais veteranos, queremos ampliar os projetos de polícia comunitária. Ter aquele policial que passa no bairro, fala com os moradores e está presente na comunidade. Precisamos da confiança do cidadão, pois a segurança pública é um dever de todos. Essa parceria entre a Polícia Militar e a comunidade é uma estratégia para melhorar ainda mais a segurança.

Quais os principais desafios para a redução da criminalidade na cidade?

A polícia comunitária intervém no que ela pode, criando um ambiente cada vez menos propício para a prática de delitos. Outro ponto importante, é conscientizar as pessoas para que ajam de forma mais prudente, pois o cidadão pode contribuir para a segurança. Por exemplo, a questão dos celulares. Muitas pessoas se distraem utilizando os celulares nas ruas, em lugares ermos, mal iluminados, e outras situações que são comportamentos da vítima e que contribuem para que a pessoa se torne uma vítima em potencial.

No que diz respeito aos autores de crimes, temos outras questões que implicam, inclusive algumas que não dependem da polícia, como o caso das legislações.

Comandante, o que temos hoje na cidade é suficiente para atender toda a demanda da segurança pública no município e nas localidades próximas?

Aqui falamos sobre a demanda e a disponibilidade do Estado. Quando se cria o Estado, sendo algumas sociedades mais e outras menos dependentes desse Estado, a tendência é de que a demanda seja sempre maior do que aquilo que o Estado pode oferecer, pois a sociedade vai sempre desejar mais.

Por exemplo, se eu tivesse hoje o dobro do efetivo que tenho, eu teria serviço para todos. Eu poderia implementar outros tipos de policiamento, prevenção nos bairros, dentre outros. Nem sempre temos o que a sociedade quer, temos o que o Estado pode oferecer.

Agora, isso é suficiente, desde que tenhamos esse apoio da sociedade e, inclusive, da classe empresarial, com projetos de tecnologia. Atualmente, o grande trunfo da segurança pública é o aporte tecnológico.

Nem sempre só os recursos humanos são suficientes, então precisamos treinar a mão de obra e utilizar a tecnologia disponível. Nossos policiais estão sendo treinados para isso já faz cerca de cinco anos, recebendo estratégias e conhecimentos específicos, então eles estão a cada dia mais sendo treinados para utilizar as tecnologias.

Comandante, agradecemos sua disponibilidade em poder realizar esta entrevista. Para finalizar, qual a mensagem que deve ser passada para a sociedade, especialmente para Araguari e os municípios atendidos pelo 53º BPM?

Peço que a sociedade confie em sua polícia, em todas as suas polícias. Trabalharemos de forma integrada com as outras polícias e com todo o Poder Púbico.

O canal de comunicação está aberto. O quartel está aberto para sugestões. Vamos iniciar com nossas estratégias, podemos mudá-las depois, mas peço essa confiança.

Poucos oficiais têm o privilégio de comandar a unidade em que iniciaram sua carreira, por isso é uma honra para mim. Eu tenho amplo experiência em todos os serviços que a Polícia Militar possui, trabalho há 28 anos com muita dedicação e esforço, e assim pretendo seguir. Tenho somente a agradecer. Fica então a mensagem de gratidão e de confiança da sociedade em sua polícia.

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