Ex-jogador e técnico profissional Ricardo Freitas “Coração de Leão” retorna a Araguari
qui, 6 de dezembro de 2018 05:39por Luiz Muílla
Filho de “Zezinho do América” fez história em Brasília e Goiás
O bom filho a casa torna. Após mais de quatro décadas morando e trabalhando em Brasília (DF) Ricardo Freitas retorna à cidade onde nasceu. É filho de Zilda Vieira e José Alves de Freitas, o popular “Zezinho do América”, um dos grandes baluartes da história do Mecão do bairro Santa Helena.
Ricardo deixou Araguari ainda garoto para acompanhar a família, pois seu pai era funcionário público da Rede Ferroviária Federal e foi transferido para Brasília, realizando um grande sonho.
Como era apaixonado por futebol e tendo jogado na categoria infantil do Cruz Preta e do Pinheirinho, em Araguari, Ricardo Freitas, que futuramente ganharia o rótulo de “Coração de Leão”, pela raça e excelente movimentação em campo, se tornou atleta profissional aos 17 anos, na Capital Federal.
Seu primeiro clube foi o Grêmio Esportivo Brasiliense (GEB), em 1976, onde teve o enorme privilégio de jogar com os conterrâneos Arlindão e Hamilton “Pelézinho”, nomes consagrados do nosso futebol e que estavam no encerramento da carreira. “Realmente foi um prazer, porque os acompanhava quando criança, o Arlindo pela competência e habilidade, e o Hamilton pelo talento e a facilidade em bater na bola”, frisou o lateral direito Ricardo.
Após dois anos no Grêmio, o araguarino se transferiu para o Clube de Regatas Guará e posteriormente Sociedade Esportiva do Gama, no fim da década de 70. Em 1980, o talentoso atleta iniciava uma história de sucesso no Brasília Esporte Clube. Em seis temporadas, obteve quatro títulos estaduais, disputou cinco edições do Brasileirão pelo Colorado do Planalto, sendo eleito em três oportunidades o melhor lateral do Distrito Federal.
Jornais da época, conforme constatado pela reportagem da Gazeta, destacaram Ricardo em várias ocasiões, como no duelo do Brasília contra o poderoso Flamengo de Junior, Nunes, Tita e companhia. Os cariocas tiveram muito trabalho para vencer por 2 a 0.
Considerado como a revelação, o araguarino chegou a ser emprestado para Atlético Goianiense e Taguatinga (DF). No fim da década de 80, encerrou sua trajetória como jogador no Guará.
“Jogar futebol profissional foi a realização de um sonho de infância, inspirado em meu pai, pois desde os cinco anos de idade eu o acompanhava nos campos aqui de Araguari. Encerrei cedo minha carreira por conta de lesões contínuas e até para me dedicar mais à profissão como professor”, afirmou ele.
No ano de 1990, no próprio Guará, foi convidado para treinar o clube no campeonato de juniores, conquistando seu primeiro título como técnico e o primeiro do Guará na categoria, alcançando uma vaga na tradicional Copa São Paulo de Juniores.
Entre os anos de 91 e 97, Ricardo Freitas deu uma pausa no futebol, se dedicando à profissão de professor da rede pública e projetos empresariais em Brasília.
A carreira de treinador foi retomada em 1998, após convite da Sociedade Esportiva Ceilandense. Mesmo com toda dificuldade dentro e fora do campo, a equipe chegou ao Quadrangular Final.
Na sequência, Ricardo assumiu o comando do Ceilândia Esporte Clube, Dom Pedro, Guará, novamente Ceilândia e do recém-criado Brasiliense, se tornando o primeiro técnico do Jacaré, que viria a ganhar projeção nacional como vice-campeão da Copa do Brasil. Nesse clube, foi o treinador com o melhor aproveitamento da história, levando a equipe à Primeira Divisão.
“Sempre fui um técnico que me cobrava bastante. Não tinha paciência com a falta de resultados, apesar do sucesso em vários times. Por causa disso, passei a ocupar outras funções, como de coordenador-técnico, gerente e diretor de futebol”, enfatizou Ricardo Freitas.
Em 2001, a convite do craque Zico, que era presidente do CFZ – Clube de Futebol Zico, do Rio de Janeiro, o araguarino deu vida a um novo clube, o CFZ de Brasília. Em seu primeiro ano de profissionalismo, a equipe atingiu seu objetivo principal, o acesso à Primeira Divisão. Ricardo funcionava como o mentor do grupo, pois era mais do que coordenador. No segundo ano, conseguiu ser campeão invicto do campeonato do DF, garantindo vagas na Copa do Brasil e na Série C do Brasileiro.
“O Zico era aberto às ideias que passávamos, até porque conhecíamos bem o futebol de Brasília, e também por nosso histórico na formação de equipes. Foi uma experiência única trabalhar com o Galinho, que realizou um projeto dentro de uma realidade de salários menores, mas pontuais”, contou o ex-atleta.
O sucesso do CFZ fez com que Ricardo Freitas despertasse novamente o interesse do Brasiliense, principal clube da capital. Dessa vez, não como técnico e sim gerenciando o departamento profissional na disputa do Campeonato Candango e do Campeonato Brasileiro da Série B.
No ano de 2005, o filho de “Zezinho do América” buscou novos ares, sendo contratado como gerente de futebol do Atlético Goianiense, com a difícil missão de reestruturar o clube, que, por incrível que pareça, se encontrava na Segunda Divisão de Goiás. Naquela oportunidade, levou o Dragão ao título do certame e ao acesso à elite.
Em 2006, voltava a Brasília, participando diretamente da construção de mais um clube profissional, o Legião FC, numa homenagem ao vocalista da Banda Legião Urbana, Renato Russo. Começou na Terceira Divisão e, em três anos, figurava na Primeira Divisão do Distrito Federal. Ricardo foi técnico e gerente de futebol nas conquistas da equipe.
“Quando fomos campeões da Terceira Divisão, aplicamos o maior placar em um jogo profissional nas competições do DF, 12 a 0 contra o Formosa. O atacante Cassius fez cinco gols nessa partida”, revelou o então treinador do Legião, Ricardo Freitas.
O último trabalho do araguarino no futebol profissional foi em 2015, no Brasília, a convite do diretor de futebol Brunoro, na inédita participação de um time do Distrito Federal numa competição internacional, eliminando o Goiás na Copa Sul-Americana.
PROJETOS SOCIAIS
Ricardo Freitas revelou à reportagem que, além do futebol, desenvolvia na Capital Federal um projeto de atividade física denominado “Ginástica nas Quadras”, da secretaria de Educação, atendendo o público das cidades satélites.
“Realizamos anualmente excursões pelo Brasil, buscando a integração e o lazer dessas pessoas, especialmente aqueles que não têm oportunidades”, disse.
FUTURO
Ricardo Freitas retornou para Araguari, trazendo a esposa Cristiane Alves. Em Brasília, ficaram seus três filhos, a advogada Luana Lima Freitas (mamãe da Sophia, de 3 anos, e da Liza, que nasce em fevereiro de 2019); a médica-veterinária Priscilla Freitas e o biotecnólogo Leonardo Freitas.
De volta à sua terra natal, como aposentado recente, Ricardo tem como objetivo trabalhar num projeto sério vinculado ao esporte, de preferência o futebol. “Estou muito feliz em retornar a Araguari, onde tive uma infância maravilhosa, acompanhando e me apaixonando pelo futebol. Espero poder contribuir de alguma forma, diante do conhecimento adquirido ao longo de décadas trabalhando no esporte. Gostaria de dizer que, mesmo de Brasília, sempre acompanhei, através da Gazeta do Triângulo, as notícias da minha querida cidade”, finalizou Ricardo Freitas.
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