Euripão será internado para novo exame de sanidade mental
ter, 8 de abril de 2014 00:22DA REDAÇÃO – Você, que lê essa reportagem, de repente estaria ansioso aguardando pelo resultado do julgamento popular de Eurípedes Martins, programado para esta segunda-feira, dia 7. Talvez, o julgamento mais aguardado dos últimos tempos, por se tratar do homem acusado de ser o maníaco de Araguari, responsável pelas mortes brutais de pelo menos cinco mulheres entre 2004 e 2006.
No entanto, a sessão do Tribunal do Júri, iniciada às 9h28, foi suspensa pouco depois pelo juiz Ewerton Roncoleta, atendendo ao pedido do advogado Paulo Braganti, uma vez que no processo em pauta – homicídio da menina Lara Pereira, não existe prova pericial sobre a saúde mental do acusado. Assim, a defesa temia que qualquer resultado do julgamento pudesse ser anulado futuramente.
Eurípedes Martins passou por três exames, mas dos outros processos os quais também responde por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Num deles foi considerado inimputável, ou seja, não pode responder por seus atos perante a Justiça. Os demais deram Euripão como sendo uma pessoa normal.
Com a suspensão do processo, o réu será encaminhado para novo exame de sanidade mental, inclusive, o promotor de Justiça Luiz Felipe de Miranda Cheib afirmou ontem que, em função da urgência, entrou em contato com o secretário de Estado de Defesa Social, que imediatamente liberou uma vaga no sistema para internação do acusado, provavelmente no Manicômio Judicial da cidade de Barbacena, na Zona da Mata mineira.
Depois que o resultado for anexado aos autos, um novo julgamento será programado, o que deve ocorrer somente no segundo semestre deste ano. O juiz Ewerton Roncoleta assegurou que pretende realizar pelo menos quatro júris de Euripão em um só mês, até por se tratar de casos que se arrastam há anos, havendo enorme cobrança da sociedade araguarina.
SEM ALTERAÇÃO
Ao contrário do que se esperava, a mobilização de ontem no Fórum Doutor Oswaldo Pieruccetti não ganhou ares cinematográficos. O acusado chegou acompanhado pelo advogado Paulo Braganti, por volta de 9h, e assistiu de forma tranquila o desenrolar dos trabalhos. O assédio maior ficou por conta dos jornalistas de Araguari e região.
A reportagem da Gazeta do Triângulo não visualizou qualquer familiar da vítima Lara nas dependências do Fórum. Testemunhas de acusação e defesa aguardavam pela sessão separadamente.
O sorteio dos jurados nem chegou a acontecer, mas alguns não compareceram ou pediram para serem dispensados.
O QUE DISSERAM
EWERTON RONCOLETA, presidente do Tribunal do Júri
“Havendo dúvida a respeito da imputabilidade do denunciado, é necessária a prova pericial, uma vez que é o meio de prova apto a constatar a sanidade mental do denunciado, não podendo ela ser substituída pela mera inspeção do magistrado. Para que não ocorra futura nulidade, a suspensão era a medida a ser adotada para que não perdêssemos todo o trabalho de uma tarde, uma noite ou uma madrugada inteira de julgamento”.
LUIZ FELIPE DE MIRANDA CHEIB, promotor de Justiça
“Pedimos para que o acusado seja internado para os exames e que permaneça naquele estabelecimento até o seu julgamento, porque se a própria defesa diz que ele é incapaz e não pode responder por seus atos, a sociedade também não pode permitir que ele continue convivendo com essas pessoas porque então ele representa certa periculosidade. Acredito que esse exame deve acontecer no prazo de 45 dias, até por conta da boa vontade da secretaria de Estado de Defesa Social, e no prazo máximo de seis meses, num compromisso assumido por mim e pelo doutor Ewerton, iremos realizar pelo menos esse julgamento”.
“Não acredito na tese da defesa, pois todos os crimes que ele praticou tinham uma ordem muito lógica. A sociedade conhece a pessoa que andava pela cidade, mas não conhece verdadeiramente as provas, que foram muito bem produzidas e concatenadas”.
PAULO ANÍBAL BRAGANTI, advogado
“Quero deixar claro que o pedido pela suspensão da sessão não se trata de estratégia da defesa, mas simplesmente por questões que precisam ser revolvidas no processo. Tanto é que em momento algum a defesa colocou empecilho, inclusive o meu cliente nem foi intimado para essa sessão e compareceu ao Fórum. Tentamos de todas as formas a realização desse julgamento hoje, dia 7, porque é um incômodo até para o Eurípedes, que não vê a hora de a situação ser resolvida. Como não é permitido utilizar os exames dos demais processos, é necessário um novo laudo para evitar consequências futuras. Trata-se de uma prova técnica, que não condena ou absolve o Eurípedes, mas que serve para apurar a sua condição mental”.
“A nossa defesa é clara e vai de encontro com a absolvição do Eurípedes, pois não foi ele quem cometeu esses crimes, e a meu ver, não existe qualquer prova no processo”.
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