Entrevista especial: Alício Pena fala sobre o encerramento de sua carreira de árbitro
qui, 19 de dezembro de 2013 00:22AMANDA PEREIRA, ds Editoria Uberlândia – Depois de 17 anos trabalhando como árbitro de futebol, Alício Pena Junior encerrou sua carreira no dia 8 de dezembro, na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2013. O jogo entre Internacional e Ponte Preta foi a sua última partida oficial dentro das quatro linhas. Alício, que é natural de São Gotardo (MG), mas que adotou Araguari como sua cidade, começou a carreira na cidade vizinha à Uberlândia ainda na década de 90 e chegou até ao quadro de árbitros da FIFA. Conheça um pouco mais sobre essas quase duas décadas de carreira de Alício Pena, que dedicou boa parte de sua vida ao trabalho de arbitragem.
Como teve início a sua carreira de árbitro de futebol?
A minha primeira experiência como árbitro em uma competição oficial aconteceu em 1991, nas Olímpiadas Estudantis da cidade de Araguari. Eu ainda jogava futsal e um professor meu na época estava precisando de alguém para apitar os jogos do torneio. Mas antes disso eu já apitava treinos e jogos amistosos de categorias menores da praça de esportes do município.
E depois disso, como foi o seu caminho até chegar ao quadro de árbitros da Federação Mineira de Futebol (FMF)?
Em 1992, ano seguinte da minha estreia em competições oficiais, participei como árbitro de um campeonato araguarino de futsal, e daí até três anos mais tarde permaneci apitando jogos de futsal e society. Em 1995 fui convidado a assumir o cargo de diretor do Departamento de Árbitros da Liga de Araguari, e foi quando resolvi fazer o curso de arbitragem, para conseguir mostrar aos árbitros que era possível fazer o que dizíamos para eles. Fui até Belo Horizonte para fazer este curso, mas até então eu não pensava em prosseguir trabalhando com arbitragem profissionalmente.
Em 1996, fiz o estágio do curso de árbitros em Araguari e apitei jogos do Campeonato Amador da cidade, inclusive os jogos da final das quatro categorias que esse torneio tinha na época. No início de 97, o Grêmio, time que havia sido campeão amador de Uberlândia, foi até Araguari para fazer um amistoso com o time do município, que iria disputar naquele ano a Segunda Divisão do Campeonato Mineiro, e eu fui árbitro desta partida. Foi quando o presidente do Grêmio me perguntou se eu teria interesse em vir para Uberlândia para apitar no Campeonato Amador daqui. Dois meses depois, o secretário da Liga Uberlandense de Futebol (LUF), Antônio Gontijo, me ligou dizendo para eu vir fazer uma experiência, e depois disso já comecei a trabalhar em jogos da cidade.
No final de 97, já trabalhando em Uberlândia, acabei conhecendo o Milton Omar Cardoso, bandeira da Liga e árbitro da FMF na época, que me viu atuando, gostou do meu trabalho e resolveu me apresentar para o diretor de arbitragem da Federação Mineira, o Osmar Camilo.
Depois disso, em 1998, comecei a apitar campeonatos amadores, jogos de juvenil e juniores além de uma copa regional de Belo Horizonte, e no final deste mesmo ano fui escalado para apitar um jogo do Ituiutaba, que disputava a Segunda Divisão do Campeonato Mineiro. Por tudo isso que aconteceu, é que considero 98 como sendo o período em que tive minhas primeiras participações em jogos profissionais.
E como chegou até o quadro de árbitros da CBF, e posteriormente da FIFA?
Em 1999, realizei o teste físico para a CBF, ingressei para o quadro de arbitragem da entidade e comecei então a apitar jogos da Primeira Divisão do Mineiro e também partidas da série B e C do Campeonato Brasileiro. Em 2001, fiz a minha estreia na série A do Brasileirão no jogo de abertura do campeonato, entre Flamengo e Ponte Preta, realizado em Juiz de Fora.
Depois disso continuei trabalhando em várias partidas do torneio nacional e já no final de 2002 fiz o teste para entrar na FIFA, o que aconteceu no início de 2003. Permaneci no quadro de árbitros da entidade máxima do futebol mundial até 2008, apitando neste período jogos da Libertadores, Copa Sulamericana, Eliminatórias da Copa do Mundo além de ter participado dos Jogos Panamericanos de 2007 no Rio.
Você se lembra qual foi sua primeira partida como árbitro da CBF?
Me lembro sim. Foi em 1999, em uma partida entre Juventus (SP) e Atlético Goianiense (GO), válido pela terceira divisão do Campeonato Brasileiro e que foi realizado em São Paulo.
Olhando para trás, nesses 17 anos como árbitro de futebol, você mudaria ou faria algo diferente na sua carreira?
Bem, talvez eu poderia ter insistido por mais chances enquanto era árbitro da FIFA, porque tive poucas oportunidades de apitar em competições internacionais, como Libertadores por exemplo.
Alício, quais jogos para você são inesquecíveis?
Tenho alguns jogos que classifico como inesquecíveis. O meu primeiro jogo de série A, entre Flamengo e Portuguesa, por tudo o que envolveu: jogo de abertura do Campeonato Brasileiro, com toda a cúpula CBF presente no estádio, além de ter sido uma partida transmitida pela TV para todo o país. O jogo de rebaixamento do Corinthians, em 2007, e do Vasco, no ano seguinte, também me marcaram.
A partida entre Ipatinga e Cruzeiro, pela final do Campeonato Mineiro de 2005 no Mineirão, em que pela pirmeira vez uma equipe do interior conquistou o título de campeão mineiro. Além disso, a final da Copa do Brasil entre Corinthians e Sport, em 2008, e o jogo que deu o título de campeão brasileiro ao São Paulo, em 2006.
Qual foi o jogador mais chato e difícil que você enfrentou?
Em termos de ser contestador e em alguns momentos simulador de faltas, acredito que o Petkovic tenha sido o jogador mais difícil de apitar. Mas apesar disso, foi um grande jogador, sem dúvida alguma.
E o técnico mais díficil de ser controlado a beira do gramador?
Sem nem pensar, digo que foi o Emerson Leão. Ele foi o técnico e a pessoa mais insuportável que encontrei na vida e no futebol.
Houve algum lance que você tenha apitado e logo depois, ainda dentro do campo, se arrependeu por acreditar que se equivocou na interpretação?
Teve um lance que me marcou bastante nesse sentido que aconteceu em em um jogo entre Figueirense e Flamengo, em Florianópolis. A bola veio para o Juan (lateral atualmente que está no Vitória) e ao tentar dominá-la, a bola acabou batendo na ponta da chuteira e depois na mão dele. No mesmo instante marquei a falta no lance, que aconteceu na entrada da áera do Flamengo, mas naquele momento em que apitei eu percebi que havia errado. No futebol temos um ditado que um erro nunca vem sozinho, ele quase sempre vem acompanhado, e nessa jogada não foi diferente. Na cobrança da falta que apitei, o Figueirense acabou marcando o gol.
Foi a primeira vez que me lembro de ter acontecido isso, e não me recordo de outras vezes, ainda dentro do campo, ter certeza que errei como foi neste dia. Esse fato prejudicou a minha atuação na partida, e depois disso tomei algumas outras decisões equivocadas porque não consegui superar esse momento de dificuldade dentro do jogo.
Do ponto de vista da arbitragem, o que você acha de ter a tecnologia aliada ao futebol?
Acho excelente esta tecnologia da bola com o chip, que estará presente na Copa do Mundo de 2014. Ela não ter margem de erro, se a bola passou totalmente a linha, é gol, se ela ficou a um centímetro de entrar será mostrado que ainda está em jogo. Acho que esse tipo de avanço é fundamental para o futebol, auxilia de modo importante o trabalho da arbitragem, e torço para que aconteça alguma situação durante a Copa que demande do uso desta tecnologia para provar que de fato que ela funciona e que é extremamente útil.
Recentemente houve uma polêmica em um jogo que você apitou, entre São Paulo e Flamengo, devido aos protestos do movimento Bom Senso FC. O que de fato aconteceu no início daquela partida?
Nós (trio de arbitragem) ficamos sabendo, por meio da CBF, que nos jogos que aconteceram antes, às 19h, haviam acontecido atos de protesto por parte dos jogadores. Ao entrar no campo para a partida, chamei o Rogério Ceni e o Léo Moura (capitães de São Paulo e Flamengo) para perguntar qual o protesto que iriam fazer, e eles me disseram que assim que fosse dado o apito inicial, os jogadores iriam rolar a bola e cruzar os braços.
Eu disse que se isso acontecesse deveria punir os 22 jogadores com cartão amarelo pelo fato de essa atitude ser um desrespeito à regra do jogo. Ao voltar do hino nacional para o início do jogo, o Rogério Ceni chegou até mim e me disse que os atletas não iriam manchar a minha carreira (que a essa altura seria encerrada em três semanas) e então resolveram apenas tocar a bola de um lado para o outro. Não condeno o movimento, acredito que ele seja legal e que os jogadores têm o direito de lutar pelas causas que acreditam.
Durante a sua carreira você recebeu muitas camisas de muitos times. Você sabe quantas camisas têm guardadas? Alguma delas tem sentido especial?
Sinceramente, quantas camisas eu ganhei ao longo da minha carreira eu não sei te dizer. Mas no momento tenho mais de 100 guardadas. Tem três camisas que considero muito especiais, que são dos três goleiros campeões mundiais com a Seleção Brasileira em 2002: Dida, Marcos e Rogério Ceni. Inclusive, Marcos e Rogério fizeram uma dedicatória especial nesass camisas que me entregaram. Mas no geral, as camisas que recebi neste ano com dedicatória especial em virtude do encerramento da minha carreira são bastante especiais para mim.
E de agora em diante, depois da aposentadoria oficial dos gramados, quais são os seus planos?
Como está muito no início ainda, não sei ao certo quais serão as minhas atividades daqui por diante. Comecei um trabalho como Instrutor de Árbitros pela CBF, inclusive na última semana estive na Paraíba realizando atividades de pré-temporada com os árbitros de lá. Mas pode ser que além desta ocupação, apareçam outras oportunidades também.
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Grande Pessoa, grande pai, grande profissional e grande amigo!
Parabéns e que Deus te ilumine sempre!
Parabéns pela brilhante carreira! Você atingiu todas as suas metas! Considere-se vitorioso!
O SENHOR é contigo!
O árbrito de futebol Alício Pena Júnior no meu ponto de vista trata-se de um profissional justo e honesto, apesear das dificuldades encontradas ao longo de sua carreira. Tenho orgulho de chamá-lo de conterâneo.
Sou de Anhanguera Goiás e quando disputava o campeonato amador de Araguari, eu só tive uma expulsão e foi justamente o Alicio que me expulsou, se não me engano foi um jogo no Sebastião César contra a equipe do Corinthians. Talves você nem se lembre de mim, mais parabéns por ter conseguido levar o nome de Araguari as vários lugares e por ter chegado tão longe dentro da arbitragem.
Parabens pessoa integra e gente boa sucesso
Foi um grande profissional porque trata-se de uma grande pessoa. Sucesso com certeza vai ter. Deus o proteja e ilumine sempre!
Boa noite te admiro muito sou o teu maior fã . Vc foi um exemplar profissional em toda a sua carreira e isso serve de base aos jovens espelharem de como chegar no ponto máximo de arbitragem como vc foi. Pena que só te acompanhei pela boas de comunicações como TV e jornais e não tive oportunidades de onhece.Los e seria o meu maior sonho. Boa sorte na sua vida.
Parabéns pela sua bela carreira,sempre serei sua fã,felicidades sempre,Deus te abençoe,te guia sua família.