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Eleita para primeiro mandato, Virginia Alcântara fala de sua trajetória de 12 anos no meio político

sex, 21 de outubro de 2016 05:24

Da Redação

Eleita com 1.165 votos, Virginia Alcântara (PTC) passa a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal em sua quarta candidatura. Ela se candidatou pela primeira vez em 2012 e, desde então, passou a atuar no meio político, ocupando o cargo de secretária de Trabalho e Ação Social e, posteriormente, como vereadora suplente na Câmara Municipal. Em sua entrevista, Virginia expôs seus projetos e destacou a importância da criação de políticas públicas voltadas para as mulheres.

Eleita em sua quarta candidatura, Virgínia Alcântara expõe seus projetos para 2017

Eleita em sua quarta candidatura, Virgínia Alcântara expõe seus projetos para 2017

 

Onde você estava no momento da apuração?  Eu estava na minha casa. Entrei no quarto com a minha mãe e fiquei em oração. Foi então que pude escutar o grito dos meus filhos. Eles entraram no meu quarto e falaram “deu certo mãe, dessa vez deu certo”.

E qual foi a sensação de saber que havia sido eleita? Foi de gratidão. Muitas vezes as pessoas não entendem que a minha participação na política é um projeto de vida, que começou há 12 anos. Esse momento foi a consagração dessa busca e da minha intenção de representar a população. É como se fosse a coroação de um trabalho de 12 anos.

Você se candidatou quantas vezes? Essa foi a quarta vez. Na primeira, eu me tornei diretora de Comunicação e Cerimonial da Câmara Municipal; na segunda, fui convidada para assumir a secretaria do Trabalho e Ação Social; na terceira candidatura, eu assumi como vereadora suplente por quatro vezes; e agora, na quarta candidatura, eu sou a detentora do mandato.

Nesse período em que você foi secretária e atuou como suplente na Câmara Municipal, quais projetos realizou? Na secretaria de Trabalho e Ação Social, fizemos uma gestão muito viva relacionada ao mercado de trabalho. Assinamos junto com o prefeito um convênio que trouxe a profissionalização de 300 jovens e formou muitos técnicos hoje estão prestando serviços no mercado. Na área de assistência social, participamos da implantação do Programa “Minha Casa, Minha Vida” e lutamos para que fosse resgatada a lei do sorteio, prestigiando as mulheres em situação de risco, deficientes e idosos. Também tivemos a oportunidade de implantar centros de informática, oferecendo acesso a toda a comunidade. Nessa época, elencamos muitas ações. Na Câmara Municipal, primamos pela função de fiscalizar e criar leis, além de fazer a ligação da comunidade com o Executivo.

Durante esses anos você acredita que adquiriu experiência? Sim, porque eu não fiquei centralizada apenas na cidade de Araguari. Quando ocupei o cargo de secretária, me tornei presidente do Conselho Intermunicipal de Assistência Social do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, então, representei e dirigi as secretarias da região, inclusive Araguari, a nível regional, estadual e até federal.

Em relação à campanha, esse ano os candidatos tiveram apenas 45 dias. Isso interferiu? Eu digo para as pessoas que, para mim, foi incrível. Desde o início do ano, eu falava que não seria candidata a vereadora, porque acreditava que tinha dado a minha contribuição e pensei em continuar o meu trabalho voluntário. Hoje sou presidente do Conselho Municipal de Políticas Públicas Para Mulheres e gosto do que faço. Sempre gostei. Quando fui convidada a ser candidata, eu tinha aberto mão de toda a minha base eleitoral, então, foram 45 dias levantando uma nova base. Então você decidiu se candidatar de última hora? Sim. Eu sempre continuei na política. Fui convidada pelo atual prefeito Raul Belém (PP) a fazer parte do seu grupo de articulação e fui muito respeitada. Sou muito grata pelo tempo em que estive com ele e também sou muito grata pelo tempo em que fui secretária na gestão do Marcos Coelho (PMDB) porque acredito que temos que valorizar a gestão que está em voga, para trazermos retorno para a cidade. Quando o prefeito me convidou, ressurgiu toda aquela vontade e resolvi aceitar o desafio. É a mesma vontade daquela primeira candidatura? Até maior. Aquela Virginia de 12 anos atrás ia só com idealismo. Era bonito demais, mas eu não entendia o trâmite político. Hoje a Virgínia é uma idealista com experiência na mão. É completamente diferente. Hoje entendo que essa lapidação foi necessária.

Você acha que hoje vai conseguir realizar os projetos daquela época? Muitos sonhos foram realizados, mas agora precisamos fortalecer outras bandeiras, como a área rural, que precisa tanto de uma representação mais efetiva. Também temos a questão da prevenção ao câncer, a questão dos animais, a questão da mulher, as políticas contra a dependência química, a acessibilidade. São bandeiras que eu sempre carreguei e agora, fortalecida pela experiência, farei com que a atuação seja mais eficaz.

Poderia comentar algumas dessas políticas públicas que você pretende desenvolver para as mulheres? Estive reunida essa semana com as conselheiras do Conselho Municipal de Políticas para a Mulher e comemoramos a porcentagem de mulheres na Câmara Municipal. Precisamos de força nessa luta contra a violência doméstica, que assola 70% das mulheres. Também pensamos no mercado de trabalho, pois a maioria das mulheres enfrenta descriminação salarial e de posicionamento dentro das empresas. Temos várias bandeiras que vamos levar para as mulheres e isso não quer dizer, em momento nenhum, oposição aos homens, mas sim conciliar e lutar pelo cumprimento dos direitos. Não queremos ser mais ou menos que os homens, mas sermos respeitadas e companheiras na construção da nossa sociedade.

Nós estamos comemorando agora o Outubro Rosa. Você poderia falar um pouquinho sobre a sua luta e das outras mulheres contra o câncer? Foi exatamente no dia 1º de outubro de 2013 que eu fiz a minha primeira quimioterapia. Eu fico emocionada, porque nessa trajetória, temos que nos despedir de muitas amigas. Enfrentamos a dificuldade de outras mulheres, pois muitas não têm um convênio e ficam aguardando nas filas a atuação do SUS. Temos que lutar pela prevenção e hoje essa é uma das minhas fortes bandeiras. Queremos que os aparelhos de mamografia estejam sempre funcionando e que esse exame seja acompanhado de um ultrassom. No meu caso, fazia a mamografia anual, aparecia como um cisto normal no laudo médico, mas era um câncer em estágio avançado. Se tivesse feito um ultrassom, tudo isso poderia ter sido evitado. Também queremos lutar por um tratamento digno e rápido para essas mulheres. Temos hoje uma instituição forte, que é o Semente Esperança e que tem feito uma gestão maravilhosa na nossa cidade. Embora o Outubro Rosa esteja terminando, essa é uma luta de mês a mês.

Como você comentou, a representatividade das mulheres aumentou na Câmara Municipal. Você acha importante a participação feminina no meio político? Muito importante. Hoje no Brasil apenas 10% das mulheres participam no meio politico. O homem é de suma importância, mas a mulher não pode ser representada apenas pelo homem. Temos sentimentos e problemas diferenciados, além de questões orgânicas, como a gravidez, pelas quais o homem não passa.

E o que você fazia antes de entrar para o meio político? Eu sempre fiz política de uma forma ou de outra. Na área de educação, eu sempre fui questionadora. Sou professora, atuei em várias escolas particulares e estaduais e cheguei a ocupar a vice direção em uma escola. Participei de projetos educativos na cidade e região, mas sempre com um olhar político, porque a política é um instrumento do bem, que norteia nossa vida. Em qualquer setor da minha vida, sempre estive ligada à política, mas a minha área de atuação é a educação. Você vai se dedicar exclusivamente ao cargo de vereadora? Na verdade, eu me aposentei. Hoje me vejo trabalhando nessa área política, mas pretendo continuar envolvida com as instituições sociais das quais participo.

Você tem o sonho de crescer nesse meio político e concorrer a algum outro cargo no futuro? Na minha vida, o futuro a Deus pertence. As pessoas falam muito isso desde a primeira vez que eu me candidatei. “Virgínia, você precisa ser vereadora porque um dia você precisa galgar esse e esse patamar”. Hoje eu prefiro não me pronunciar a esse respeito, porque se falar que não quero ocupar outro cargo pode ser que eu mude de ideia. Mas hoje me sinto tão plena e satisfeita com a questão da Câmara Municipal que eu quero viver isso primeiro e, depois, falamos sobre essa questão de ocupar outros cargos políticos.

Você foi eleita pela coligação do prefeito Raul Belém (PP). Como você pretende se posicionar em relação ao novo governo? Primeiro eu quero falar a respeito dos prefeitos. Eu trabalhei com vários prefeitos. O primeiro foi com o Dr. Neiton de Paiva Neves, por quem eu tenho o maior carinho. Também tive a oportunidade de trabalhar com o Marcos Coelho (PMDB) enquanto secretária de Trabalho e Ação Social, a quem também sou muito grata. Tive muito orgulho de trabalhar naquela administração. E nessa atual conjuntura, estive na articulação política do atual prefeito Raul Belém, a quem eu também tenho muita gratidão, por ter acreditado no meu trabalho. Agora, como Araguari vai para um novo momento político, eu pretendo ser parceira. Por parceira, quero dizer que vou votar a favor da população e atuar a favor da população. Ainda não conversei com o Marcos Coelho desde o início da campanha, mas ele sempre me respeitou. Quando estou em uma frente política, eu fico sempre com aquela frente. Certamente, as conversações serão abertas e estarei aberta a conversar com o futuro prefeito Marcos Coelho. Ainda há muito a se pensar? Muito. Tudo está muito novo.

E quais são suas expectativas para o governo do Marcos Coelho? Como eu disse, ainda preciso ouvi-lo para saber quais as reais pretensões do novo governo para essa administração. Eu quero acreditar que serão boas para a cidade de Araguari, porque o que nós queremos é o bem da nossa cidade em primeiro lugar. A eleição terminou então, essa questão de grupos políticos é finalizada, até porque, temos uma eleição para os cargos de deputado estadual e federal que também deve ser analisada olhando o ponto de vista da cidade. Eu tenho as melhores expectativas. Vejo nos gestores uma vontade de fazer o melhor por Araguari e é nisso que eu quero acreditar. Hoje posso falar mais especificamente da Câmara Municipal. Eu fiz algumas reuniões com os vereadores e tenho notado que as pessoas com as quais me reuni têm um olhar voltado para o bem estar da cidade de Araguari.

E o que você tem a dizer a todas as pessoas que te apoiaram e votaram em você? Eu quero agradecer em primeiro lugar Àquele que me deu o mandato. A Jesus o meu muito obrigada. Acredito que eu tenho uma responsabilidade muito forte e é a Ele que eu presto minhas contas. Então agradeço primeiro a Deus pela oportunidade e peço que Ele me direcione e me dê sabedoria. Agradeço também à minha família, especialmente minha mãe, que foi sempre minha grande companheira de caminhada. Aos meus filhos, amigos e todos que vieram comigo nesses 12 anos. Agradeço aos 1.165 votos de confiança que eu tive na cidade de Araguari e espero cumprir com honra e responsabilidade esse mandato na Câmara Municipal.

E qual mensagem você gostaria de deixar para toda a população araguarina? Acompanhem a política. Não fiquem esperando de quatro em quatro anos o vereador bater na sua porta, como muitos fazem. Não espere para participar da política. Sejam constantes, leiam os jornais, procurem na internet. Olhe qual é a atuação do vereador que você votou e a atuação de todos os outros vereadores da Câmara. Eu garanto que, dessa forma, a corrupção vai diminuir e os políticos que realmente atuam para o bem terão um mandato consagrado pela comunidade.

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