por Stella Vieira

Apesar de trabalharem em áreas diferentes, pai e filho compartilham o mesmo sonho

O município de Araguari possui diversas profissões tradicionais, que fazem parte da história da cidade e têm percorrido gerações. Dentre elas, é possível destacar o ofício dos ferroviários, que há décadas vem formando araguarinos e faz parte da história de muitas famílias.

 

O araguarino Wilson Pereira da Silva (51), conta que é maquinista há 12 anos, desde quando a Ferrovia Centro Atlântica era conhecida como Rede Ferroviária Federal S/A. “Em 1989, prestei um concurso e fui aprovado como manobrador. Durante sete anos estive em Araxá e em 1996 comecei a trabalhar em Araguari”.

Wilson Pereira conta que, quando criança, morava próximo à linha ferroviária e, ao observar os trens, passou a ter o sonho de se tornar ferroviário. “Eu sempre quis ser ferroviário, independe da função. Já fui agente de estação, auxiliar de maquinista, manobrador e hoje sou maquinista”. De todas as funções que exerceu, o profissional conta que ser maquinista é a mais gratificante. “Eu me divirto trabalhando. Vejo paisagens lindas, que não teria condições de observar com outros meios de transporte. Durante esses anos, trabalhei em muitos lugares como Cachoeira do Itapemirim, Araxá, Ibiá e outros. Muitas vezes, passava mais tempo no trecho do que em casa”.

O maquinista comenta que conheceu sua esposa em Araguari. “Eu tinha 17 anos e ela 18. Conhecemo-nos no colégio, começamos a namorar e nos casamos. Infelizmente, não estamos mais juntos, mas tivemos três filhos: a Renata (31), o Fabrício (30) e o Leonardo (26)”. O ferroviário acrescenta que, antigamente, a profissão não permitia passar muito tempo em casa. “É gratificante, mas, ao mesmo tempo, desgasta muito, pois passamos entre 8 e 12h na locomotiva. Teve uma época que fui para o Espírito Santo e fiquei 65 dias longe de casa, mas, como tinha a necessidade de sustentar a família, precisei aprender a conviver com a ausência”.

De acordo com o maquinista, para essa profissão não existe feriado, aniversário e, algumas vezes, nem mesmo o Dia dos Pais. “Esse ano estou de férias e conseguirei passar a data com meus filhos, mas é uma profissão que exige bastante sacrifício”.

Fabrício Mendes Pereira da Silva (30) é eletricista na Ferrovia Centro Atlântica há cinco anos e conta que o sonho de trabalhar com as máquinas surgiu na infância. “Eu estava sempre com o meu pai, vendo seu trabalho e foi aí que começou a paixão”. O jovem ingressou em um curso técnico aos 22 anos e, quando se formou, começou a trabalhar na ferrovia. “Sempre quis ser ferroviário na manutenção, mas o primeiro contato foi assustador. Achei que não daria conta do trabalho, mas com a formação técnica, convivência, treinamento e suporte da FCA, o medo foi passando”.

O jovem ressalta que a profissão é bastante prazerosa. “Trabalhar aqui exige responsabilidade, mas também é minha diversão. Todos os dias, venho como se fosse o meu primeiro dia de trabalho e é muito gratificante, principalmente quando tenho que atender um trem que meu pai está dentro”.

Para o ferroviário, o pai é como um herói. “Ele sempre me deu suporte e eu sempre me espelhei nele, então, jamais quis ser outra coisa na vida. Sou bastante ligado ao meu pai e trabalhar com ele é muito bom”. O jovem comenta que sua maior responsabilidade na empresa é ser o filho de Wilson Pereira e zelar pelo nome de seu pai. “Eu trago tudo como se fosse minha pedra preciosa. Em todos os lugares, as pessoas falam bem do meu pai e de como ele é um excelente profissional, então, quero ser lembrado e reconhecido na empresa como ele sempre foi”.

 

Wilson Pereira afirma que trabalhar com o filho é motivo de orgulho. “As pessoas comentam que ele é um excelente profissional e é um prazer muito grande estarmos juntos na FCA. Quando ele era pequeno, nunca imaginei que íamos trabalhar juntos, mas é muito bom ter meu filho como companheiro. Acredito que todos os pais devem incentivar seus filhos a seguir seus sonhos, trabalhar com honestidade e amor”.

Fabrício Mendes deseja a todos um feliz Dia dos Pais. “A situação do mundo hoje está difícil, mas acredito que os pais devem sempre estar ao lado dos filhos, ajudando, apoiando e cobrando, pois no futuro o resultado é sempre positivo”.