Por Gustavo Moreira

Os escritores são responsáveis por registrar os grandes encontros e imortalizá-los, no curso da História. Exatamente por isso, me aventuro a contrariar os manuais de redação e escrever a primeira matéria da minha trajetória jornalística na primeira pessoa. Impossível falar de tamanha personalidade, sem essa licença poética.

Estávamos em 2008, ano em que a economia brasileira cresceu 5,2% (IBGE), acima da média mundial, sendo que o PIB global avançou 3%, no mesmo período. Embora não tivesse a noção exata deste cenário econômico, algo me inquietara.

Com um projeto debaixo do braço, aquele jovem de 27 anos que fui, após receber vários “nãos”, bateu à porta do visionário Darli Amaral. Me lembro como se fosse hoje. Ele me recebeu gentilmente, mesmo sem agendamento prévio, e, como nenhum outro empresário do segmento, me ouviu muita com atenção.

Captou cada detalhe do que estávamos tratando. Como grande empreendedor que era, enxergou todas as oportunidades contidas na iniciativa. Conseguiu verificar as potencialidades em algo ainda “platônico”. O projeto em pauta era nada menos que o Top Of Mind Gazeta do Triângulo. Iniciativa a qual, graças a seu esforço, influência e equipe, saiu do papel, sendo alçada a uma das datas relevantes do calendário anual de eventos do Triângulo Mineiro, atualmente sob a batuta do competente Ernane Queiroz.

Assim nasceu o primeiro balizador de branding e mercado para as empresas araguarinas, feito 100% por um órgão da imprensa local. A primeira questão abordada, naquele nosso primeiro encontro, foi a respeito do potencial da construção de indicadores de qualidade pela imprensa, a partir da realização de pesquisas de opinião, com amostragens em todas as regiões e classes econômicas da cidade. Esses dados estratégicos transformar-se-iam em uma espécie de “farol” a nortear os passos de nossa força produtiva.

Não havia, de fato e de direito, veículo mais apropriado para apresentar à sociedade o Top Of Mind senão a Gazeta do Triângulo, um dos jornais mais antigos em circulação no País. O casamento revelou-se perfeito. O jornal de credibilidade esculpida por décadas pelo saudoso senhor Afif Rade e projeção regional conquistada pelo visionário e influente Darli Amaral.

A nossa parceria empreendedora foi firmada no fio do bigode. E ele a honrou ipsis litteris. À época, não tinha a dimensão exata de quem era o senhor Darli. Muito menos do privilégio em ter convivido e ser formado por ele. Era um privilégio trabalhar em meio a uma equipe que tinha o gestor como um pai, um grande amigo. Em poucas oportunidades, vi um executivo despachar constantemente com portas abertas.

Também como poucos, passava a mão no telefone e falava com todos na cidade. Foi essa força, tão somente essa capacidade dele de valorizar as boas ideais, o solo fértil no qual germinou essa semente empreendedora. Consigo me lembrar exatamente do Lançamento do Top Of Mind, realizado em 2008 no auditório do Imepac. Personalidades do Município e de toda a região se fizeram presentes. A mensagem de que o mais importante indicador de mercado estivera disponível, chegou forte aos presentes. Foi um sucesso.

Assim como planejado, a pesquisa ganhou as ruas de Araguari. As marcas mais lembradas foram sendo relevadas, segmento por segmento. Anos e anos de dedicação de lojas, indústrias, profissionais liberais e personalidades foram apresentando-se ao instituto de Pesquisa. Como nunca antes realizado, este esforço gerou relatórios densos, com cruzamentos de dados, perfis dos consumidores, tendências e comportamento de consumo.

A iniciativa permitira que as empresas da cidade conhecessem de fato o seu maior patrimônio: as respectivas marcas. A este processo técnico científico, somou-se a legítima oportunidade de celebração do empreendedorismo. A noite de gala do Top Of Mind, desde a sua primeira edição, realizada meses após seu lançamento, é o acontecimento posterior a todos esses processos. Nunca o contrário.

Ou seja, primeiro a empresa desenvolve acertadamente seu posicionamento, o executa. Posteriormente, por meio de uma séria pesquisa de mercado, que o confirma, ela é coroada pelo voto popular a receber a estatueta tão desejada, fruto do trabalho de seus gestores e equipes.

Essa energia fortíssima tem nome. Pode ser chamada de visão. Empreendedorismo. Oportunidade. Neste caso, a forma mais correta de chama-lo é pelo nome de seu criador: doutor Darli Amaral. Hoje, tenho a plena consciência de que fui apenas uma ponte entre esta grande energia e seu criador. E como me sinto privilegiado por isso. Foi com este mestre que construí meu primeiro case de sucesso como empreendedor. Darli, o doutor na arte de unir pessoas e relevar talentos ao mundo, representa o melhor de sua geração.

 

* Empresário, jornalista e professor mestre