Delegado Eduardo Trepiche, titular do inquérito que elucidou os fatos

No fim da tarde do dia 13 de janeiro deste ano, a Polícia Civil encontrou um corpo às margens da MG-223, em estado avançado de decomposição. A rodovia fica entre as estradas federais 050 e 365, dando acesso a municípios como Monte Carmelo e Araguari. Conforme repassado pelo delegado Eduardo Placheski Trepiche ao jornal Gazeta do Triângulo, trata-se de um crime de homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver. Três suspeitos, sendo uma mulher estão presos (37, 48 e 64 anos).

Naquela data, uma equipe da Polícia Civil de Estrela do Sul, inclusive com a presença do delegado Eduardo Trepiche, seguia pela 223 para a realização de diligências, quando, na altura do km 36, percebeu-se um forte odor que estaria vindo de uma mata nas proximidades.

Como os policiais tinham conhecimento de uma ocorrência a respeito de um desaparecimento naquela região, decidiram fazer uma varredura no local. Inicialmente, eles encontraram duas lonas utilizadas em caminhões, fato que levantou suspeitas. Cerca de dez metros dali, estava o cadáver na posição decúbito ventral, com botinas e calça jeans. Perto, também havia um par de chinelos (numeração 43/44). Após os trabalhos periciais, foi encaminhado ao Posto Médico Legal de Araguari.

As investigações foram intensificadas e a equipe do delegado Eduardo identificou a vítima como sendo José Bezerra de Oliveira, 55 anos, que era natural da Bahia, mas residia no distrito de Dolearina (Gameleira), onde trabalhava na extração de madeiras. Ele tinha sido dado como desaparecido pelos familiares. A causa da morte apontou politraumatismo, provocado por objeto contundente. Provavelmente, o crime tenha ocorrido entre os dias 4 e 5 daquele mês.

O policial informou, ainda, que três suspeitos foram presos preventivamente, todos trabalhavam na mesma empresa que a vítima. Com dois deles, foram encontrados alguns produtos subtraídos na residência de José Bezerra, como um aparelho televisor, anéis, pulseira, colares, uma bota de couro e um aparelho celular. Foi apurado que na oportunidade desapareceu uma quantia de 4 mil reais, que não foi encontrada.

As investigações apontaram que a vítima tinha um relacionamento amoroso com uma menor de 16 anos, filha do casal suspeito. Teria ocorrido um atrito por conta de um dinheiro e os autores teriam se acertado para matar José Bezerra.

Eduardo frisou que a investigação contou com a importante colaboração da Polícia Técnico Cientifica do Estado do Ceará, que colheu material genético da filha de José Bezerra, e os setores de biologia e de antropologia da Polícia Civil de Minas Gerais, que fizeram um excelente trabalho.

Os dois homens, que se encontram recolhidos no Presídio de Araguari, foram indiciados por homicídio duplamente qualificado, ocultação de cadáver e furto. A mulher, que está presa em Uberlândia, foi indiciada por homicídio duplamente qualificado, como partícipe, e receptação.

CRUELDADE

Conforme relatado no inquérito policial, os dois homens investigados atraíram José até a residência de um deles, na noite do dia 4, supostamente para tratarem do casamento dele com a menor de idade. Com uma chapa de ferro, desferiram golpes contra a vítima, que desmaiou e sofreu diversas fraturas cranianas. Em seguida, amarraram as mãos desta, colocaram no porta-malas de um carro e foram até rodovia, onde atearam fogo no corpo, utilizando gasolina e óleo dois tempos.

Depois disso, foram até a residência de José e subtraíram vários pertences, inclusive cerca de 4 mil reais em dinheiro.