Da Redação

Participantes discutiram implementação de leis referentes à mobilidade pública e outros

A Associação dos Deficientes Físicos de Araguari (Adefa) promoveu, nessa quarta-feira, 15, a III Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência. O evento ocorreu no Instituto Master de Ensino Presidente Antônio Carlos (Imepac), em parceria com a secretaria de Trabalho e Ação Social.

 

Durante o encontro, foi ministrada uma palestra com o tema “Os desafios na implementação da política da pessoa com deficiência: a transversalidade como radicalidade dos direitos humanos”, com o objetivo de debater a política de forma ampla e agregadora. Luciano Ferreira Silva, cadeirante e atleta da associação, comenta que o encontro foi bastante acolhedor. “Aprendi muitas coisas novas e conheci muitas pessoas. Tivemos uma palestra sensacional e nos dividimos em grupos para discutir nossos direitos. Infelizmente, em Araguari, a questão de acessibilidade deixa a desejar. As áreas de transporte público e saúde precisam melhorar bastante”.

O evento reuniu órgãos gestores, autoridades locais, secretarias municipais e a população araguarina. O cadeirante Ailton Alves de Moura, atleta de basquete de rodas e músico, afirma que o encontro foi bastante proveitoso. “A conferência não deixou nada a desejar. Discutimos a implementação de leis e projetos relacionados à mobilidade urbana, que esperamos ser aprovadas e colocadas em prática no município”.

De acordo com o participante, faltam também intérpretes de libras em estabelecimentos públicos do município. “O deficiente físico, por mais que tenha dificuldades na locomoção, se comunica com facilidade, porém, o deficiente auditivo tem bastante dificuldade para fazer isso. Batemos muito nessa tecla de comunicação visual”.

A associação discutiu também três eixos com os temas: “Gênero, Raça e Etnia, Diversidade Sexual e Geracional”; “Órgãos Gestores e Instâncias de Participação Social” e “Interação entre os Poderes e os Entes Federados”. “Por meio desses debates, apontamos as dificuldades enfrentadas diariamente pela pessoa com deficiência”.

Laércio Alves do Nascimento, surdo, comenta que o evento esclareceu sobre a ética em relação a sua deficiência. “A cidade muitas vezes não é a favor da nossa situação, devido à precariedade de intérpretes nos âmbitos públicos. Não temos liberdade de comunicação”. O participante tem esperança de que o evento ajude a melhorar a situação em Araguari. “Temos recebido cada vez menos surdos na associação, mas gostaríamos de convidar a todos que não nos conhecem para que façam uma visita. Abrimos todos os domingos, a partir das 16h, no endereço rua Leopoldo Fernandes, 16”.

Segundo o presidente da Adefa, Vicente Gonçalves Chaves, estiveram presentes aproximadamente 150 participantes. “Nossa expectativa era receber cerca de 300 pessoas, mas, apesar do curto espaço de tempo para discutir todas as políticas, abordamos diversas questões de mobilidade urbana. Discutimos a questão das autoescolas, que não oferecem veículos adaptados para que as pessoas com deficiência possam obter a Carteira Nacional de Habilitação e também a falta de elevadores nos ônibus intermunicipais, desrespeitando a Lei Federal de 1992”.

O presidente afirma que o cidadão precisa cobrar a execução das leis no município. “As leis existem, mas precisamos que sejam cumpridas. Nosso objetivo com essa conferência é avançar e trabalhar a questão da independência para que todos possam exercer sua cidadania plena”.