Da Redação

Jander Patrocínio (PSB) surpreendeu ao ser eleito com 1.180 votos, em sua primeira candidatura. Conhecido por sua atuação de proteção aos animais, Jander garantiu que continuará o trabalho de resgate no município, agora com uma nova equipe. Em entrevista ao Gazeta do Triângulo, Jander também falou de sua trajetória no meio político, até chegar à Câmara Municipal.

 

Onde você estava no momento da apuração? Eu estava no meu comitê com minha família e meus amigos.

Muitas pessoas ficaram surpresas com o fato de você ter sido eleito. Para alguns entendidos, você era visto como o “azarão” para ganhar as eleições, pois estava em uma coligação de peso, com candidatos como o Werley Macedo (PSB) e o Claudio Coelho (SD). Foi uma surpresa para você também o fato de ter sido eleito? Para mim foi sim. Estava trabalhando para isso e buscando a vitória, mas as minhas condições não eram favoráveis, porque a minha estrutura era menor do que a dos meus concorrentes. No sábado, eu falei com Deus. Ele conhece meu coração e se fosse da vontade Dele que eu continuasse meu trabalho, isso seria concretizado. Mas lógico que eu estava com medo.

E o que você sentiu quando soube que foi eleito? Na verdade, demoraram uns dois dias para cair a ficha. Eu vi a notícia dos 17 vereadores eleitos, meu nome estava no meio e nem consegui comemorar na hora, porque parecia que estava anestesiado, mas eu fiquei muito feliz.

Esse ano os candidatos tiveram 45 dias para fazer a campanha. Esse prazo foi bom para você? Eu havia trabalhado na campanha de um amigo meu de 90 dias, que foi candidato a vereador, mas não senti diferença. Para mim foi um bom prazo, porque foi uma eleição rápida. Eu sofri muito trabalhando na outra eleição. Para mim, essa mudança eleitoral está aprovada.

Para as pessoas que não te conhecem: quem é o Jander Patrocínio? Jader Patrocínio é um protetor dos animais, que defende essa causa com unhas e dentes. Jamais vou deixar essa meta de protegê-los, pois é algo pelo qual eu vivo em prol. Desde pequeno, quando eu morava na roça, minha mãe conta que eu protegia os cachorros. Sempre fui desse jeito.

E o que você faz além desse trabalho com os animais? A minha profissão era de motorista de carreta, mas sempre tive envolvimento com os animais. Depois, tive a oportunidade de trabalhar no Canil Municipal no cargo de diretor e, quando saí, continuei o trabalho de proteção aos animais.

Esse trabalho com os animais que você realiza hoje começou quando você foi diretor do Canil Municipal? Eu sempre fui protetor, mas não tinha tempo. Era protetor nas horas vagas, porque eu viajava muito. Já resgatei animais até nas rodovias. Colocava os cachorros na cabine e levava para outras cidades. Depois, tive a oportunidade de dedicar 100% do meu tempo a esse trabalho, que venho executando há um ano e oito meses. Você acha que esse trabalho com os animais teve um papel importante na sua campanha também? Eu te falo com toda a certeza do mundo. Em primeiro lugar foi Deus e também o trabalho com os animais.

Outra coisa, a campanha que você disse que participou foi a do Uguney Carrijo, em 2012? Sim. Com a vitória do prefeito Raul Belém (PP) ele assumiu a secretaria de Serviços Urbanos e você foi o braço direito dele, não é? Isso. E essa experiência contribuiu para que você entrasse no meio político? Como eu disse antes, as coisas foram acontecendo muito devagar e, quando eu vi, estava envolvido. Eu vejo que foi tudo um plano de Deus. O Canil Municipal é de responsabilidade da secretaria de Saúde, mas, quando assumimos a secretaria, alguns protetores dos animais, por acreditarem no Uguney, quiseram que o Canil fosse de responsabilidade da secretaria de Serviços Urbanos. Acabou que a secretaria assumiu a responsabilidade pelo Canil e isso foi maravilhoso para mim, porque eu gosto de animais. Eu fiquei com o Uguney até a saída dele e depois retornei como diretor do Canil. As coisas aconteceram de forma muito natural. Esse foi seu único cargo público? Sim, o único.

Com menos de dois anos de governo, surgiram as denúncias envolvendo a secretaria de Serviços Urbanos, que acabaram culminando na saída do Uguney. Foi a famosa “CLI da Caçamba”. Você teve um papel importante nos depoimentos em relação ao pagamento dos serviços, que foram realizados sem autorização. Você acredita que toda essa situação também contribuiu para que ganhasse experiência na vida pública? Com certeza. Eu acredito muito nisso. Até hoje, não tenho grande experiência, mas o que eu aprendi foi devido às muitas coisas que passei na vida pública. Vocês sabem da pressão pela qual eu passei depois do meu depoimento. Fui ameaçado e todos sabem disso, mas agradeço que isso tenha acontecido, porque fui ganhando experiência e isso me fortaleceu. Acabou que era uma coisa negativa, mas ajudou você? Isso. Tudo o que aconteceu naquela época, hoje eu entendo que era ação de Deus. Todas essas coisas se reverteram de forma positiva para minha vida.

E você havia se candidatado alguma vez? Nunca, nem para presidente de bairro. E toda essa situação que você enfrentou contribuiu para que você colocasse o seu nome para o cargo de vereador? Por que você quis se candidatar? Quando eu fui exonerado, decidi voltar para a minha profissão de motorista de carreta, porém, um amigo meu me doou um carro, que eu comecei a usar para o resgate dos animais. Um dia, um amigo me perguntou por que eu não me candidatava. Eu até ri, porque não sou político. Eu gosto de fazer esse trabalho de defender os animais e pensei “mas o que isso poderia acrescentar na vida deles?”. Então, esse amigo me falou que existem políticos no Brasil que são protetores dos animais e que, como autoridade, eu poderia conseguir muito mais coisas por eles. Eu decidi pesquisar e descobri que existem quatro políticos no Brasil que atuam nessa causa, inclusive, um de quem eu sou muito fã e tenho o sonho de conhecer, que é o deputado estadual Noraldino Júnior (PSC). Esses políticos conseguem coisas sensacionais para os animais, foi então que, há mais ou menos um ano e quatro meses, eu decidi que seria candidato.

As pessoas que votaram em você por causa desse trabalho com os animais vão acabar cobrando ações de você, mas a atuação do vereador é muito limitada. De que forma pretende desenvolver esse trabalho com os animais como vereador? Eu já estou sendo cobrado. Como eu faço esse trabalho sozinho, as solicitações são muitas e meu celular não para de tocar. As pessoas reclamam que eu não atendo mais o celular, mas eu sempre tento explicar na minha página do Facebook que eu trabalho sozinho. Não tem como atender a todos no momento. Meu grande problema também é o espaço, mas vou lutar por um local adequado para os animais. Tenho muitos projetos para os animais e meu trabalho de resgate não vai parar. Tenho uma equipe montada para continuar o trabalho.

Você tem algum projeto específico que poderia comentar? Temos uma parceria com o Instituto Master de Ensino Presidente Antônio Carlos (Imepac) para a castração de animais de rua. A prefeitura possui o centro de castração, que ainda não foi inaugurado, mas, de Deus quiser, vamos colocar essa ação em prática a partir do ano que vem. Existem mais ou menos quatro mil animais soltos nas ruas e meu sonho é castrar todos. Também estou tentando conseguir apoio para trazer um hospital veterinário, que possa cuidar dos animais acidentados e realizar cirurgias de fratura de ossos. Em Araguari, não há condições para fazer cirurgia de ossos de grande porte, então, sempre tenho que levar esses animais acidentados para a Universidade Federal de Uberlândia. Ano passado foram 31 animais, por isso, precisamos de um hospital em nossa cidade. Outra questão que convivo diariamente, são as pessoas que atropelam os animais e vão embora como se tivessem passado por cima de uma pedra. Quero desenvolver um Projeto de Lei para que essas pessoas sejam multadas. Além disso, também gostaria de aplicar um projeto que existe em São Paulo, que é uma creche para idosos, que realiza terapia com animais. Ao invés dos familiares pagarem alguém para cuidar desses idosos durante o dia, eles poderão levá-los para a creche e buscá-los no final do expediente. Essas são minhas ideias e vou lutar por elas.

Essas são suas expectativas e objetivos para os próximos anos, mas além do rótulo de protetor dos animais, você pretende atuar também em outras áreas como saúde, educação e infraestrutura? Hoje, tenho desenvolvido projetos voltados para os animais, mas quero ajudar a minha cidade e, se a população precisar de mim, pode contar comigo.

Você está começando agora, mas tem o sonho de concorrer a algum outo cargo no futuro? Pretende crescer nessa área politica? Não. Eu vivo dia após dia, tenho meu projeto com os animais, com a minha vida e vou deixando as coisas acontecerem. Se for algo positivo, seguro com as duas mãos.

E o que você tem a dizer a todas as pessoas que te apoiaram e votaram em você? Eu agradeço de coração e falo com toda a certeza que não vou decepcionar ninguém. Tive 1.180 votos e não vou decepcionar nenhum deles. Existem pessoas de oposição que falam muito mal do meu trabalho, mas cada uma das 1.180 pessoas que acreditaram em mim terão orgulho de falar “eu votei no vereador Jander Patrocínio”. Agradeço de coração. Você ficou feliz com essa quantidade de votos? Muito, muito.

E qual mensagem você gostaria de deixar para toda a população araguarina? Acredito que as pessoas devem ter um objetivo, trabalharem e acreditarem, porque o resto Deus faz. Outra mensagem é: por favor, população araguarina, olhe para os animais como seres vivos. Eles sentem dor, fome, medo, frio, então, vamos valorizar os animais. São todos criaturas de Deus.