EXÓRDIO E AGRADECIMENTOS

É com muita satisfação que inicio esta jornada na Gazeta do Triângulo, jornal que sempre li e acompanhei. Leio com atenção as colunas do Dr. Rogério Fernal, da minha amiga e incentivadora Raquel Costha, dos médicos que fazem um tremendo trabalho informativo para população e tantas outras.

Gostaria de começar este texto explicando qual será minha missão e o porquê do nome escolhido. O meu objetivo é bastante audacioso, confesso: furar bolhas.

Nestes tempos de extrema polarização alimentada pelas redes sociais, percebo cada vez mais o distanciamento e a dificuldade de ouvir as pessoas. Hoje, se tem opinião sobre tudo, ainda que esta seja formada em minutos, lendo um post aleatório no Instagram ou em alguma fake news de uma corrente do WhatsApp.

Este fenômeno recente nos fez entrar em bolhas. Por meio de algoritmos sofisticados (abordarei sobre isso com maior profundidade em outro momento), vemos e consumimos apenas aquilo que concordamos, damos dislikes em visões contrárias e reforçamos aquilo que nosso famigerado ego quer ouvir e ler. Sendo assim, deixamos de ter o contraditório — instrumento poderosíssimo para o amadurecimento e ressignificação da nossa visão de mundo. Claro que esse recurso só funcionará se a pessoa estiver com a mente aberta e aceitar que ninguém é dono da verdade, mas, com estudo e se guiando por fontes confiáveis, ela ficará mais próxima da realidade e deixará de cometer erros fatais.

Um jornal como a Gazeta tem a responsabilidade pela comunicação. Não podemos aqui ser levianos e publicar assuntos que não tenham embasamento científico, inclusive sob pena de sermos acionados na Justiça e responder por qualquer disparate — muito diferente dos propagadores de mentiras pela internet, que se camuflam no anonimato e contagiam com uma cepa as mentes que estão suscetíveis a acreditar naquelas inverdades.

Quantos negaram a vacina há alguns meses? Fizeram isso porque suas fontes de informações talvez não fossem as mais adequadas, deixaram de ouvir um epidemiologista sério para acreditar na fake espalhada pela Tia-avó no “zap”. E quantos hoje, com a realidade de milhares de mortes diárias, mudaram de opinião? — Arrisco a dizer que isso se deu porque a verdade nua e crua bateu na porta. Agora eles sabem que a vacina é uma das ferramentas mais importantes para nos tirar dessa terrível crise. Vemos nesse exemplo uma evidente espécie de mutação, contudo, não creio ser o modo mais adequado, pois muitos morreram negando sua importância e acreditando em mentiras e ajudaram a ressoar invencionices sobre um tema tão fulcral.

Não importa, meu caro leitor, se você é um pós-doutor em qualquer área do conhecimento ou que tenha o ensino médio: os algoritmos não escolhem classe social, nível de escolaridade ou raça. São democráticos, pois nos alienam de forma igual.

Como perceberemos, esse caminho é uma armadilha. Costumo citar o livro A República, de Platão, excerto em que ele fazia a diferenciação entre Doxa e Episteme. Aquela seria a opinião subjetiva, sem base técnica, que depende das aparências, portanto não confiável. Já a episteme seria o conhecimento fundado na objetividade, com base científica, com dados inorgânicos, com argumentos sólidos e profundos. Será esse o iter que buscarei aqui.

Para isso, convidarei grandes especialistas em suas áreas, as quais que podem ser ou não afins com a minha formação. Quero, junto com vocês, ler pessoas preparadas, que dedicaram suas vidas ao estudo e que podem verdadeiramente colaborar com nossa sociedade. Tendo isso em vista, eventualmente abrirei espaço nesta coluna com o propósito de trazer informações das diversas áreas do conhecimento, seja no direito, na medicina, na economia, nas finanças, no meio ambiente etc. Também poderei realizar entrevistas com especialistas, deixando claro que não é porque eu entrevisto fulano ou sicrano que necessariamente concordo com suas ideias quanto a temas políticos, por exemplo. Mesmo não concordando, darei espaço apenas para pessoas que defendem a ciência, sempre, independentemente da ideologia política. Conheço pessoas fantásticas da esquerda, centro e direita. Acredito que todos possam contribuir com o debate. De outro modo, jamais abrirei espaço para ludibriadores.

Também trarei textos informativos sobre as áreas de minha atuação, no direito previdenciário, constitucional e civil. Abordarei assuntos diversos… Então, não se surpreenda com o que vem por aí.

Quem me conhece sabe que sempre fui um leitor voraz, sou apaixonado pelo conhecimento e nunca me adstringi apenas ao direito. Portanto, não ficarei somente na minha zona de conforto, quero explorar com profundidade outros assuntos que ao longo da vida também me aprofundei e sei que será útil para a nossa região.

Por fim, gostaria de fazer alguns agradecimentos. Sou um sujeito grato e nunca esqueço daqueles que me fizeram bem. Muitas pessoas importantes passaram em minha vida acadêmica e profissional.

O primeiro grupo de pessoas que queria agradecer são todos os professores. Sou grato a cada um deles. A dona Vânia, da segunda série, que me ensinou a importância da alteridade. A Dona Clita, que contava histórias fantásticas para a sala, despertando a imaginação e o gosto pela leitura. A Dona Marisa, que pegava na mão de cada aluno e levava para a luz. A Nair Monteiro, professora de português que sempre nos ensinou o respeito pela língua mater. A todos os meus professores do colegial, da faculdade e das pós-graduações, deixo minha sincera homenagem. Vocês, sem proselitismo, são os profissionais mais importantes que passam por nossas vidas.

Também gostaria de agradecer aos profissionais com quem trabalhei. Ao Edilson, do juizado, costumo dizer que se todos os funcionários públicos fossem dez por cento dele, estaríamos no primeiro mundo. A Denise, ao Ademar e a Cinthia, do juizado também, pelos tantos ensinamentos que aprendi na época de meu estágio no TJMG.

Deixo minha homenagem ao finado Dr. Sebastião Naves de Resende Fillho, com quem trabalhei no MPE e pude ver e aprender a importância do respeito ao meio ambiente. Era uma pessoa séria, compenetrada, de poucas palavras, mas os valores inestimáveis que tinha, como ética, seriedade, profissionalismo, probidade, respeito à legislação e à legalidade eram únicos. Realizou um grande trabalho para Araguari. Ao inestimável Dr. Darli Amaral, que dedicou sua vida a fazer o bem ao próximo, sem falar que foi uns dos maiores profissionais multidisciplinares que já conheci, um orgulho para as Minas Gerais, deixo um abraço extensivo à sua família e minhas condolências. Ao meu sócio, Dr. Brenno Barbosa, por década de amizade e labuta.

Encerrando aqui, espero que nossos encontros nas quartas sejam proveitosos e que, se eu conseguir fazê-lo sair da bolha por um minuto, estarei satisfeito. No nosso próximo encontro falarei sobre as fake news e as consequências nefastas que elas geram para a nossa sociedade.

Até a próxima.