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Coluna: Direito e Justiça (23/09)

qui, 23 de setembro de 2021 08:18

 

Nos tempos do Imperador Dom Pedro II:          ( 1)

(Homenagem singela ao maior governante brasileiro – * 1826 – + 1891).

 Nascimento:   

Dois (02) de dezembro de 1825 – No Palácio de São Cristóvão, Rio de Janeiro.

Falecimento:

Cinco (05) de dezembro de 1891 – Em Paris, França.

Alcunha:         

“O Magnânimo” – Segundo Imperador do Brasil – 1840 / 1889.

Nome completo:  

Pedro de Alcântara, João Carlos, Leopoldo, Salvador, Bibiano, Francisco Xavier de Paula, Leocádio, Miguel, Gabriel, Rafael, Gonzaga de Bragança e Bourbon.

Altura:

Um metro e noventa centímetros (1,90 m.).

Pais:

Pedro I do Brasil (IV de Portugal) e Maria Leopoldina da Áustria.

Cônjuge:

Teresa Cristina de Bourbon – Duas Sicílias (1843 / 1889).

Filhos:

Isabel do Brasil, Leopoldina de Bragança, Pedro Afonso de Bragança, Afonso, Príncipe Imperial.

– Santos Dumont almoçava 3 vezes por semana na casa da Princesa Isabel em Paris.

–  A ideia do Cristo Redentor no alto do Corcovado partiu da Princesa Isabel.

– A família imperial não tinha escravos. Todos os negros eram alforriados e assalariados, trabalhando nos imóveis da família.

– Por várias vezes, desde 1848, Dom Pedro II tentou obter junto ao Parlamento a abolição da escravatura no Brasil.

– O Imperador jamais fez valer os privilégios que decorriam do seu Poder Moderador. Por isso, os interesses mesquinhos das elites oligárquicas dominantes, constituídas principalmente pelos fazendeiros e barões do café, impediram uma abolição imediata. Somente com a eclosão da Guerra do Paraguai, onde lutaram milhares de soldados negros (que com isso obtinham alforria) e a vinda maciça de imigrantes europeus (principalmente de alemães e italianos) é que alteraram radicalmente a situação vigente.

– Essas atrasadas elites rurais e urbanas impediram que Dom Pedro II tivesse sucesso imediato, fazendo do Brasil o último país ocidental a libertar os seus escravos. Até hoje, conservamos indubitavelmente em nós mesmos um acendrado sentimento escravagista, que nos faz, dentre outras coisas, explorar camadas mais vulneráveis da população.

– Dom Pedro II era poliglota: falava 23 idiomas, sendo fluente em 17 deles.

– A primeira tradução do clássico árabe “As Mil e Uma Noites” foi feita por Dom Pedro II diretamente do árabe arcaico para o português do Brasil

– Dom Pedro II doava 50% da sua dotação anual para instituições de caridade e incentivos para educação com ênfase nas ciências e nas artes.

– Dom Pedro Augusto Saxe-Coburo era fã assumido de Chiquinha Gonzaga.

– A Princesa Isabel recebia com bastante frequência amigos negros em seu palácio, nas Laranjeiras, para saraus e pequenas festas, um verdadeiro escândalo para a época.

– Na sua casa de veraneio em Petrópolis, a Princesa Isabel ajudava a esconder escravos fugidos e arrecadava dinheiro para alforriá-los.

– Os pequenos filhos da Princesa Isabel possuíam um jornalzinho que circulava em Petrópolis, um jornal totalmente abolicionista.

– Dom Pedro II recebeu 14.000 votos na Cidade da Filadélfia, nos Estados Unidos da América, para uma eleição presidencial, decorrente da sua enorme popularidade naquele país, onde os eleitores podiam votar naquela época em qualquer pessoa de sua escolha.

– Uma senhora milionária do sul dos Estados Unidos, inconformada com a derrota dos confederados na guerra civil (1861 / 1864), propôs a Dom Pedro II anexar o sul do seu país ao Brasil, mas ele respondeu literalmente com dois “Never! ” bem enfáticos.

– Dom Pedro II fez um empréstimo pessoal junto a um banco europeu, para comprar a fazenda que abrange hoje o Parque Nacional da Tijuca, considerada hoje a maior floresta urbana do mundo. Na época, toda aquela área, que fora uma enorme fazenda de café, estava inteiramente arrasada em face do desmatamento e do cultivo predatórios. Mandou reflorestar todo o local com espécies da Mata Atlântica. O que seria a Cidade do Rio de Janeiro sem a Floresta da Tijuca?  Tudo isso em um período em que ninguém se preocupava ou pensava em ecologia ou desmatamento.

– Quando Dom Pedro II subiu ao trono em 1840, com 14 anos de idade, 92% da população brasileira era analfabeta. Em seu último ano de reinado, em 1889, essa porcentagem era de 56%, tudo isso devido ao seu grande e exemplar incentivo à educação, à construção de faculdades e, principalmente, de inúmeras escolas que tinham como modelo o excelente Colégio Dom Pedro II, situado na Cidade do Rio de Janeiro.

– Sob o governo de Dom Pedro II, a classe dos professores, (em todos os níveis e em geral, era extremamente valorizada e equiparava-se em prestígio e renda à dos magistrados e altos funcionários públicos da nação. Toda família brasileira de então ansiava por ter um professor ou uma professora entre os seus membros.

– A Imperatriz Teresa Cristina cozinhava as próprias refeições da família imperial apenas com a ajuda de uma empregada, paga com o salário de Dom Pedro II.

– Em 1880, o Brasil era a 4ª economia do mundo e o 9º maior império da história.

– Entre os anos 1860 / 1889, a média do crescimento econômico brasileiro foi de 8,81% ao ano.

– Em 1880, eram 14 impostos; hoje, são 98 em todos os níveis federativos.

– Entre os anos 1850 / 1889, a média da inflação foi de 1,08% ao ano.

– Em 1880, a moeda brasileira (o real) tinha o mesmo valor do dólar estadunidense e da libra esterlina inglesa.

– Em 1880, o Brasil tinha a segunda maior e melhor marinha de guerra do mundo, perdendo apenas para a da Inglaterra.

– Entre os anos 1860 / 1889, o Brasil foi o primeiro país da América Latina e o segundo do mundo a ter ensino especial para deficientes auditivos e deficientes visuais.

– Até 1880, o Brasil foi o maior construtor de estradas de ferro do mundo, contando com mais de 26.000 Km.  Hoje, temos apenas 22.000 Km de ferrovias ultrapassadas e praticamente só para o transporte de cargas (grãos e minérios).

– A imprensa era totalmente livre tanto para criticar o Imperador quanto para pregar o ideal republicano. Dom Pedro II, quase sempre injustamente, tornou-se o alvo preferencial das charges veiculadas nos pasquins daquela época, mas nem por isso valeu-se dos seus poderes para cercear ou impedir a liberdade de impressão. Sob a República, e logicamente nos períodos ditatoriais, jamais voltaria a existir tamanha liberdade de imprensa no Brasil. Isso é fato e o reconhecimento, hoje, é geral.

– Diplomatas europeus e outros observadores europeus estranhavam e não compreendiam tamanha liberdade e irreverência (para não dizer mais) dos jornais brasileiros, constatando que, mesmo diante desses ataques constantes, Dom Pedro II colocava-se contra a censura: “imprensa se combate com imprensa”, dizia.

– O maestro e compositor Carlos Gomes, autor de “O Guarani”, foi sustentado em Milão, na Itália, por Dom Pedro II, até atingir grande e reconhecido sucesso mundial.

– Dom Pedro II mandou acabar com a chamada guarda Dragões da Independência por achar que era desperdício do dinheiro público. Com a República, a guarda voltou a existir e existe até hoje em Brasília – DF.

– Em 1887, Dom Pedro II recebeu os diplomas honorários de Botânica e Astronomia pela Universidade de Cambridge.

– A mídia ridicularizava a figura de Dom Pedro II por usar roupas extremamente simples e pelo descaso no cuidado e manutenção dos Palácios da Quinta da Boa Vista e Petrópolis. O Imperador não admitia tirar dinheiro do governo para tais futilidades, luxos e ostentações.

– Alvo, como visto, de tantos ataques vis, maledicentes e difamatórios quase diários, que iam da simples e banal ironia até verdadeiras afrontas pessoais, mesmo assim, Dom Pedro II, em tempo algum, abusou ou exorbitou da sua autoridade legal e legítima e era muitíssimo amado pela maciça maioria da população brasileira. A República foi proclamada por uma minoria, fez verter muito sangue brasileiro inocente e somente se consolidou muitas décadas depois da morte de Dom Pedro II.

– Exilado, deprimido e doente, Dom Pedro II andava pelas ruas de Paris, onde se estabeleceu com a família até a sua morte em 1891, sempre com um saco de veludo no bolso, contendo um pouco de areia da Praia de Copacabana. Foi enterrado com ele.

 

FONTES:      Biblioteca Nacional – RJ; Diário de Dom Pedro II, Acervo do Museu Imperial de Petrópolis – RJ, Fundação Getúlio Vargas, Museu Nacional – RJ (incendiado por negligência generalizada há poucos anos), Bibliografia do Historiador José Murilo de Carvalho, acréscimos pessoais e facebook.

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