Quinta-feira, 19 de Dezembro de 2024 Fazer o Login

Coluna: Direito e Justiça (13/01)

qui, 13 de janeiro de 2022 08:07

O fiel retrato do Brasil:
(Reiterando DJ anterior, MAS ATUAL…)

Perfeito. Absolutamente perfeito! Eis aí embaixo um fiel retrato do Brasil destes dias: o “Samba do Crioulo Doido”. Nessa bagunça anárquica em que vivemos (uma redundância necessária), o crioulo não estava louco coisa alguma: estava era profetizando…!

Samba do crioulo doido:

Este é o samba do crioulo doido.
A história de um compositor que durante
muitos anos obedeceu o regulamento,
e só fez samba sobre a história do Brasil.
E tema da inconfidência, abolição, proclamação, Chica da Silva,
e o coitado do crioulo tendo que aprender tudo isso para o enredo da escola
Até que no ano passado escolheu um tema complicado: a atual conjuntura.
Aí o crioulo endoidou de vez e saiu este samba:

Foi em Diamantina, onde nasceu J. K.
E a Princesa Leopoldina lá resolveu se casar,
mas Chica da Silva tinha outros pretendentes
e obrigou a princesa a se casar com Tiradentes.
Laiá, laiá, laiá, o bode que deu vou te contar.
Laiá, laiá, laiá, o bode que deu vou te contar.

Joaquim José, que também é da Silva Xavier,
Queria ser dono do mundo e se elegeu Pedro II.
Das estradas de Minas, seguiu pra São Paulo
E falou com Anchieta, o vigário dos índios.
Aliou-se a Dom Pedro e acabou com a falseta.
Da união deles dois ficou resolvida a questão
E foi proclamada a escravidão.
E foi proclamada a escravidão.

Assim se conta essa história,
que é dos dois a maior glória.
A Leopoldina virou trem
E Dom Pedro é uma estação também.
Oô, oô, oô, o trem tá atrasado ou já passou.
Oô, oô, oô, o trem tá atrasado ou já passou.

Composição de Stanislaw Ponte Preta (Sérgio Porto)

Algumas frases de Eça de Queiroz:

No Século XIX, Portugal e Brasil eram nações independentes (eram mesmo?) e enfrentavam praticamente os mesmos problemas. Regimes monárquicos anacrônicos, atraso, cinismo, hipocrisia, corrupção e burrice das suas respectivas elites. Colonialismo por lá e escravidão por aqui. As marcas indeléveis de um perverso atavismo crômico perpetuam-se, enxovalhando o nosso presente e obscurecendo o nosso futuro. As frases seguintes falam por si mesmas:

 

• – Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo.

• – Quando não se tem aquilo que se gosta é necessário gostar-se daquilo que se tem.

• – Nas nossas democracias a ânsia da maioria dos mortais é alcançar em sete linhas o louvor do jornal. Para se conquistarem essas sete linhas benditas, os homens praticam todas as ações – mesmo as boas.

• – O jornal exerce todas as funções do defunto Satanás, de quem herdou a ubiquidade; e é não só o pai da mentira, mas o pai da discórdia.

• – O amor eterno é o amor impossível. Os amores possíveis começam a morrer no dia em que se concretizam.

• É que o amor é essencialmente perecível, e na hora em que nasce começa a morrer. Só os começos são bons. Há então um delírio, um entusiasmo, um bocadinho do céu. Mas depois! Seria, pois, necessário estar sempre a começar, para poder sempre sentir?

• – Curiosidade: instinto que leva alguns a olhar pelo buraco da fechadura e outros a descobrir a América.

 

As pragas do sistema eleitoral brasileiro:
(Reiterando DJ de 27 de agosto de 2020)

1ª. A reeleição para os cargos executivos.
2ª. A reeleição ilimitada no âmbito do Poder Legislativo.
3ª. A compra e a venda de votos.
4ª. A enxurrada de Partidos Políticos.

5ª. A inexistência de uma cláusula de barreira eficaz.
6ª. A impunidade pelas promessas feitas e descumpridas.
7ª. A amnésia popular e o analfabetismo político generalizados.
8ª. A possibilidade de recursos judiciais ad infinitum.
9ª. A politização, a inércia e a lentidão do Poder Judiciário Eleitoral.
10ª. A irresponsabilidade e indisciplina culturais e atávicas do povo brasileiro.
11ª. A falta de interesse real dos políticos em operar mudanças saneadoras.

A legislação eleitoral é uma bagunça:

Passou da hora. Na verdade, deveríamos caminhar para a elaboração de uma legislação eleitoral duradoura, eficiente, veloz e drástica. Drástica, sim, draconiana mesmo. Seria e será a única forma capaz de punir exemplarmente os (maus) políticos, os “fazedores” de promessas vãs, utópicas, demagógicas, capciosas e mentirosas (para não dizer muito mais). Teriam que perder rapidamente os seus mandatos e serem responsabilizados civil, administrativa e criminalmente. Com certeza!

 

Arar e Orar:

Um sacerdote, vendo um lavrador que guiava um arado, aproximou-se, perguntando-lhe:

Se soubesses que ias morrer esta noite, em que empregarias o resto do dia?

– Em arar, respondeu-lhe o campônio.

O sacerdote esperava que o bravo lavrador lhe dissesse que passaria o tempo confessando-se, rezando ou na igreja.

Admirando-se da resposta que havia recebido, pensou um momento e disse:

– Meu amigo, tu deste a mais sábia resposta que se pode dar, porque arar é orar. A oração do trabalho é sempre satisfatória.

Autor: Leon Tolstoi.
Fonte: Pérolas Literárias (Contos e crônicas).
Antônio F. Rodrigues – Editora Petit – Pág. 40.

Nenhum comentário

Deixe seu comentário: