Da Redação

No dia 23 de março, a Comissão Legislativa de Inquérito – CLI – deu início aos depoimentos, no intuito de coletar informações referentes à prestação de serviços realizados pelo empreiteiro Juliano Reis (Disk Caçamba) no primeiro semestre de 2013.

Mais de dez pessoas foram ouvidas no Plenário da Câmara pelos vereadores Sebastião Joaquim Vieira ‘Tiãozinho’ (PRP), Rafael Guedes (SD) e José Donizete Luciano ‘Tenente Luciano’ (PP).

A oitiva desta segunda feira, 6, contou com os depoimentos de Carlos Vieira Dias, conhecido como ‘Carlinho oreia’, responsável pela empresa Ponta Minas Serviços LTDA, Clayton Francisco Brazão, presidente da Associação dos Moradores do bairro Novo Horizonte e Roberto Paganini, membro de Associações de Proteção aos Animais.

 

Clayton Francisco Brazão foi o primeiro a depor, confirmando que os serviços de limpeza em terrenos, retirada de entulho e cascalhamento no bairro bem como no residencial Canaã, foram promovidos pela empresa Disk Caçamba, não sabendo dizer, se o prefeito era conhecedor sobre o serviço prestado.

Durante depoimento, a testemunha conhecida como “Carlinho Oreia” disse que prestou serviços para a prefeitura no primeiro semestre de 2013, por meio de contrato iniciado provavelmente em 2011, e presenciou apenas um trabalho realizado pelo empreiteiro Juliano, no pátio da prefeitura, com quem mantinha sociedade de uma cascalheira.

Ele acrescenta que não doou cascalho à prefeitura, destacando que uma determinada quantia do material foi retirada sem a sua permissão, o que o motivou a procurar a polícia, para confecção de Boletim de Ocorrências por volta do mês de julho de 2013.

A testemunha acredita que o valor de 650 mil reais, estipulado por Juliano em seis meses de trabalho, não condiz com a realidade. No entanto, ele retifica dizendo que tudo precisa ser analisado, conforme número de caminhões e horas trabalhadas.

No início do depoimento, Carlinho disse que a prefeitura sempre cumpriu com o pagamento por meio de depósito em conta, e que não se lembra quantas vezes recebeu. A testemunha afirma, inclusive, que autoriza a quebra de sigilo bancário e telefônico.

No entanto, no final do depoimento entra em contradição, admitindo que a prefeitura ainda tenha débitos com ele (através de contratos com as secretarias de Serviços Urbanos, Obras e Meio Ambiente) no valor aproximado de 600 mil reais.

Para melhores esclarecimentos, a CLI solicitará notas fiscais da prefeitura e do próprio empresário, a fim de averiguar sobre a possível dívida da prefeitura, certificando também sobre datas.

Roberto Paganini, que concedeu o último depoimento, tinha o hábito frequente de visitar o Canil Municipal no bairro São Sebastião, um dos espaços citados em audições anteriores sobre serviços prestados, inclusive durante declarações de motoristas acerca dos locais onde foram realizados os trabalhos.  Paganini disse que algumas vezes se deparou com Juliano nas imediações do Palácio dos Ferroviários, mas não o presenciou durante obras realizadas no Canil.

As próximas audições acontecem nesta quinta-feira, 9, a partir das 8h30 no Plenário da Câmara.

Primeiro dia de depoimentos

O primeiro a depor foi o empreiteiro Juliano Reis, no dia 23 de março, que voltou a afirmar suas denúncias contra a administração de Raul Belém (PP). Segundo Juliano, o chefe do Executivo sabia de tudo, incluindo o pagamento de parte da dívida na ordem de cento e quarenta mil reais feito numa determinada noite pelo ex-secretário Uguney Carrijo aos motoristas de caminhões que trabalharam nos serviços de limpeza e cascalhamento da cidade.

José Radi Neto, que permaneceu por um ano na administração atual, concedeu depoimento no mesmo dia. Ao ser indagado a respeito de prestação de serviços do Disk Caçamba, o ex-secretário de Obras disse que não tem conhecimento sobre esses serviços. “Quando ainda era secretário vi Juliano trabalhando como funcionário de uma empresa, em limpeza interna no Palácio dos Ferroviários”, disse.

Segundo dia

No dia 25 de março foi a vez de coletar depoimentos de dois motoristas, que prestaram serviços a Juliano por meio de sua empresa Disk Caçamba: Diego Seidensteicker e Clayton Cristóvão Cursino.

Ambos relataram sobre como se deu o recebimento dos serviços, com o desconto de 20% do combinado. “Mesmo com a diferença, aceitei a quantia. Até porque achei que não ia receber nada”, resposta semelhante entre os dois depoimentos, quando os motoristas foram indagados sobre o recebimento, mesmo sendo em quantia inferior.

Terceiro dia

No dia 30 de março, quatro testemunhas foram ouvidas, sendo elas: Jander Patrocínio, Jadilson Firmino da Silva, Marcos Luciano Sales Junior e Alexandre Prado Castro.

Dentre eles, o depoimento mais aguardado foi o de Jander Patrocínio, na época, diretor da secretaria de Serviços Urbanos. Atualmente no cargo de diretor do Canil Municipal, o servidor afirmou ter conhecimento sobre os fatos, inclusive que participou no dia do pagamento aos motoristas. Segundo admitiu, uma maleta contendo supostamente a quantia de R$ 140 mil foi entregue por Leonardo Borelli, Procurador do município.

No entanto, ao contar o dinheiro, Uguney verificou que havia aproximadamente R$ 143 mil, por isso pediu desconto de 20% para cada motorista. Noventa e oito por cento deles concordaram em receber o valor inferior, e todos os motoristas de caminhões receberam o pagamento.

Um dos pontos distintos no depoimento de Jander, em relação ao de Juliano Reis, é de que o valor da dívida com a empresa não chega a R$ 600 mil e sim a aproximadamente R$ 400 mil. Ele ainda acrescenta que todos os serviços eram fiscalizados por ele e Jadilson Firmino da Silva, que também concedeu depoimento no mesmo dia, confirmando conhecer Juliano e o seu trabalho prestado durante os primeiros seis meses de 2013.