por Talita Gonçalves

Um dos principais nomes de oposição, Cláudio Coelho (SD) garantiu a reeleição com uma votação maior do que a de seu primeiro mandato. Com uma atuação forte e cobranças principalmente na área da saúde, Coelho não escondeu a intensa alegria pela vitória do também Coelho para prefeito nas urnas. Ele chega ao segundo mandato como um dos favoritos na disputa pela presidência da Câmara. A entrevista foi gravada na sede do jornal, na última terça-feira, 11.

 

Onde você estava no momento da apuração? Estava no comitê, ouvindo a apuração pelo rádio, na avenida Mato Grosso, próximo a Delegacia. A gente teve a felicidade de ouvir que o prefeito municipal era o Marcos Coelho (PMDB). E a sua reeleição? A sensação não foi a mesma quando soube da vitória do Marcão. Minha comemoração foi tanta que quando soube da minha reeleição, fiquei sim satisfeito e feliz, mas para mim ele ter ganhado foi uma alegria ainda maior porque no meu entendimento, quem ganhou com isso foi a cidade de Araguari.

Devido às mudanças eleitorais, os 90 dias de campanha foram reduzidos para 45 dias. Como você avalia isso em sua campanha? Foi péssimo. Muito ruim porque a gente que é muito ligado às pessoas, que tem uma proximidade com todos, não digo eleitor e não vejo dessa forma até porque a gente tem que tratar todas as pessoas da mesma forma. Não tive um tempo hábil para poder visitar essas pessoas. Para quem era vereador de mandato estava difícil, imagine para quem estava pleiteando a cadeira pela primeira vez. Acredito que isso deveria ser revisto. Haveria mais tempo para todos apresentarem seus projetos, tentarem mostrar que pode-se mudar alguma coisa, porque sinceramente, é muito triste saber que tem vereadores que não mereciam estar ali.

Como você avalia seu primeiro mandato? Poderia ter sido melhor. A gente pensava que realmente como representante do povo e vereador seria possível mudar algumas situações. Por que? Hoje posso falar com propriedade que acreditei no prefeito Raul Belém (PP) que ele realmente poderia fazer algo, mas eu me equivoquei. No entanto as urnas mostraram que ele tinha que sair e acredito que atrapalhou o trabalho do vereador Cláudio Coelho. Você acha que pelo fato de ser vereador de oposição era mais difícil esse diálogo com o Executivo? Em 98% das vezes. Quando você quer fazer algo para as pessoas e o próprio Executivo trava, eles não estão prejudicando o vereador e sim as pessoas. Foi um aprendizado.

Mesmo você não se sentindo satisfeito com seu primeiro mandato, você foi reeleito. Por que as pessoas votaram em você e quem são os eleitores de Cláudio Coelho? É complicado dizer isso. A gente atingiu tantas pessoas, de várias formas, através do uso da Tribuna, das redes sociais, de projetos sociais como a Patrulha da Saúde, a tenda que fizemos na porta do Pronto Socorro, através de uma fiscalização ferrenha aos médicos do Pronto Socorro, pelo trabalho desenvolvido junto com a promotora Ana Cristina (Curadoria da Saúde) no Ministério Público. Aí a gente conseguiu colocar um cartão de ponto biométrico e os médicos tinham que colocar o “dedinho” lá. Assim, o meu trabalho foi muito tranquilo, transparente e verdadeiro. Vejo que de alguma forma, esses 1383 votos que a gente obteve, por sinal subiu em relação à 2012, quando tivemos 1143. As pessoas acharam por bem que eu voltasse e assim, estaremos ali para mais um mandato.

Você foi um dos vereadores que mais se destacaram na oposição ao Executivo. E agora, como será a experiência de ser um vereador da base? Penso que a cobrança vai ser maior, até porque as pessoas que reconheceram nosso trabalho direcionado na área da Saúde, agora mais do que nunca seremos cobrados. Minha bandeira é essa e vai continuar sendo, mas não é só isso. O vereador precisa ter um apoio do Executivo e agora teremos uma ligação, Coelho lá e Coelho aqui. As pessoas podem ter certeza que vou continuar me empenhando ao máximo.

Você é um dos nomes mais cotados para assumir a presidência da Câmara. O que achou disso? É uma responsabilidade muito grande. Há mais 16 vereadores, uns retornando, outros eleitos pela primeira vez. A responsabilidade de gerir uma Câmara é imensa. Mas não vou ser hipócrita de num momento como esse dizer que não sei. Acho que sim, sou merecedor, eu fiz por onde. E esses comentários de que “ah, a presidência caiu no colo do Cláudio Coelho”, de forma alguma. Se isso aconteceu é porque ele plantou alguma coisa. Honestidade, palavra e respeito para com os companheiros, alguém que realmente trabalha. Se for isso mesmo que vier, vou receber de braços abertos, pois Deus não dá um fardo mais pesado do que aquilo que a gente consegue carregar. Então ficarei muito feliz, mas todos os pares daquela Casa tem que ter o entendimento de que honestidade e coisas corretas virão em primeiro lugar.

Supondo que seja eleito, o que a população e seus colegas podem esperar de você como presidente da Câmara? Primeiro, vou continuar sendo a mesma pessoa. Quero deixar para todos que se isso acontecer, eles devem saber que sou companheiro e aliado de quem realmente defende um projeto, de quem realmente pretende fazer uma boa governabilidade para a cidade de Araguari, para todas as horas, dentro daquilo que for correto. Estou tranquilo, mas repito que não será fácil, cuidar de todo o funcionalismo, responsável pela gestão. Reafirmo o recado: honestidade e lealdade em primeiro lugar.

O que você adquiriu de aprendizado nestes quatro anos? São tantas coisas. A Câmara abre às 8h, às 7h40 já estou em meu gabinete e sou o último a ir embora. Gosto de acordar cedo, trabalhar, às vezes até esqueço da minha vida pessoal, não tenho um lazer. No contato direto com as pessoas, a gente adquire experiências boas e ruins. Ouvimos muitas críticas do povo, de que o político não presta, que só aparece em época de campanha, só pensa em benefício próprio. Isso eu não concordo. Eu não sou assim. Mas o povo é custoso. Tem gente que só está interessada em benefício próprio, claro que os dedos da mão não são iguais. É muito triste ver também colegas nossos mentindo para as pessoas. A política é fácil. Ela exige duas situações: ou sim, ou não. Esse negócio de “depois eu vejo, depois eu olho” é enganar as pessoas.

Quais são suas expectativas para este mandato? Espero estar lá com muita saúde e tentar ajudar ao máximo o governo atual. Que realmente a saúde possa ser mudada, que tudo aquilo que foi prometido seja cumprido. Que não tenha ditadura. O secretário está lá para fazer o melhor e tem que tratar todos com igualdade, independente de quem estava na campanha do prefeito eleito ou não. Na gestão passada não tinha isso. Eram poucos os secretários que nos tratavam com respeito. Tem mais de dois anos que não vou a prefeitura, nem sei quantos degraus tem naquela escada, mas agora vou saber. Se Deus me permitir, quero estar lá toda semana, dando notícias, sabendo como está o andamento dos projetos para nossa cidade.

Uma de suas bandeiras é a saúde, com o projeto Patrulha da Saúde. Sim. Não tenho a formação como vários vereadores tem, alguns que são advogados, outros com diploma. O que me formou foi a vida. Trabalhando muito, sofrendo muito. Não estudei, mas meu pai me deixou uma coisa que falta para muitos: palavra e postura. Esse é um marco que tenho na Câmara Municipal. Montei o projeto Patrulha da Saúde, não sou o inventor, mas as coisas vão surgindo. O que a Patrulha fazia? Pegava a pessoa, levava a pessoa na clínica, para receber um tratamento. Às vezes na secretaria de Saúde, por conta de finanças, porque não tem realmente condições. Conseguimos atender mais de 700 pessoas. Além disso, alguns precisavam de cadeira de rodas, de banho, de muletas. Isso tudo tem um custo. Esse projeto custava cerca de 3.400 a 3.800 reais por mês. Coloquei uma tenda por seis meses na porta do Pronto Socorro, onde pude ajudar tanta gente. Fiquei feliz por ter feito isso. E de novo estou na Câmara Municipal.

Você tem outras pretensões políticas para o futuro? A gente pensa, quando sobra um tempo, sonha em fazer algo diferente. Para galgar algum cargo além de vereador, é preciso ser político e eu não sou. E para chegar no Executivo honestamente é difícil. Mas a gente não deixa de sonhar, mas não tenho esse deslumbre. Uma coisa que nunca esperava tão cedo era a possibilidade de ser presidente da Câmara. Você não pode errar, tem que estar sempre presente, se debruçar sobre os projetos, não é fácil. De repente um vereador te indaga algo e você não sabe responder. Agradeço todo santo dia a Deus e me pergunto se realmente, de onde eu vim, da minha formação, se mereço tudo isso. Tantas pessoas lutam e às vezes não conseguem tantas coisas. Fico até preocupado com os dias que vão suceder o de hoje. As pessoas veem no político só coisa errada. Eu não sou perfeito, tenho minhas falhas, mas sou um cara companheiro, cumpro horários e respeito todas as pessoas, desde que elas se respeitem.

Qual mensagem você deixa para os araguarinos? Quero deixar meu respeito a cada pessoa da cidade de Araguari. Sei que a gente não consegue agradar a todos, mas tentei fazer o meu melhor. Todas aquelas pessoas que agradei reconhecem o meu trabalho e todas as pessoas para as quais eu tentei mostrar que na política meu trabalho foi feito de coração. Falei há um ano e dois meses que eu ia subir vestido de branco na Tribuna. Quero deixar claro que fiz o meu melhor e que foi de coração. Vale a pena.