Edmar César

O 2º Batalhão Ferroviário – Batalhão Mauá – comemora, neste 10 de maio, os 56 anos de sua chegada à cidade de Araguari, motivo de sobras para comemorar, pois a Unidade, desde então, colaborou expressivamente para o progresso e o desenvolvimento do município. Destacou-se na formação de exímios profissionais, de íntegros cidadãos, de jovens incorporados para a prestação do serviço militar inseridos na execução de obras rodoferroviárias importantes para a cidade, região e para o Brasil afora, assinalando sua luminosa trajetória pelo Triângulo Mineiro, Goiás e pela Capital Federal, inicialmente.

O 2º Batalhão Ferroviário foi fundado em 29 de julho de 1938, em Rio Negro-PR, vindo a receber sua denominação histórica de Batalhão Mauá –, em 1951, em homenagem ao maior empresário do Império – Irineu Evangelista de Sousa – Barão e Visconde de Mauá –, devido ao seu espírito de pioneirismo e de empreendedorismo, sendo o responsável pela construção da primeira ferrovia do país – Estrada de Ferro Mauá – em 1854, no Rio de Janeiro.

Desde sua fundação o Batalhão Mauá tem construído uma história de grandes feitos na área da Engenharia do Exército Brasileiro na construção do desenvolvimento nacional e na implementação da vertente da educação com suas conceituadas escolas de formação que se tornaram referências no país e no e no exterior: Núcleo Preparatório de Oficiais da Reserva – NPOR Mauá, criado em 1º de janeiro de 2009, com a missão da formação técnico-profissional, moral e física do oficial subalterno da reserva do Exército, sendo a primeira Organização Militar de Engenharia de Construção do Exército Brasileiro a abrigar um Núcleo de Preparação de Oficias da Reserva, motivo de orgulho para a cidade de Araguari.

 

Centro de Instrução de Engenharia, criado em 1º de março de 2005, inicialmente, como Centro de Instrução de Engenharia de Construção, com a finalidade de capacitar integrantes das Organizações Militares de Engenharia para as atividades de construção e preparação de contingentes de Engenharia para o cumprimento de missões de paz, além de receber militares de Nações Amigas, da Marinha do Brasil e da Força Aérea Brasileira presentes, constantemente, em Araguari.

Centro de Formação de Condutores, criado em 27 de abril de 2001, voltado a um dos setores mais importantes no cumprimento das missões da Unidade que é a formação de seus motoristas, apoiando, ainda, diversas Organizações Militares de todo o país, habilitando motoristas para condução de veículos de cargas, transporte pessoal, caminhões articulados e outros.

O embrião dessa vertente de formação educacional surgiu em 1º de abril de 1940, em Rio Negro-PR, com a fundação da sua primeira escolinha para atender aos filhos de militares e servidores civis, Escola General Rabelo. Posteriormente, dois anos após se instalar em Araguari, no dia 3 de março de 1967, inaugurou a Escola Primária Visconde de Mauá, hoje, Centro Educacional Municipal Tenente-Coronel Vilagran Cabrita.

Rememorando os grandes feitos do Batalhão Mauá, destaca-se essa data histórica quando da chegada da Unidade na cidade de Araguari. Eram 16h30, do dia 10 de maio de 1965, há 56 anos, na Estação Ferroviária da Estrada de Ferro de Goiás, soava pelos céus de Araguari o apito do trem que conduzia os integrantes do Batalhão Mauá trazendo a responsabilidade histórica da importante missão de integrar Brasília, a Capital federal, ao Sistema Ferroviário Nacional, o que se concretizou em 14 de março de 1967.

Conforme narra no livro Batalhão Mauá – Uma História de Grandes Feitos, a estação estava completamente tomada pela população que disputava cada palmo da área livre da majestosa e imponente estação. Gente até “nas tampas”, nas escadarias, nos acessos à plataforma, nos canteiros da praça, nas janelas e nas portas das edificações que ornamentavam aquele complexo ferroviário, nos muros, nos postes e até mesmo em árvores. Enormes filas tomavam conta do lugar e o povo espremido e apertado nas cordas que delimitavam a área nem se dava conta do “peteco” formado, o que queria mesmo era acompanhar o desembarque da tropa do Batalhão Mauá. Foi assim, naquela tarde de feriado decretado pelo então prefeito Miguel Domingos Oliveira, o grande alvoroço na espera dos militares e civis tanto anunciada para a comunidade local.

A chegada do Batalhão Mauá, comandado pelo Coronel Ênio dos Santos Pinheiro, representava a esperança da reestruturação da cidade na área social, econômica, política e administrativa devido ao caráter de interesse nacional de que se revestia a missão do Batalhão que preenchia, também, o vazio deixado pela transferência da sede da Estrada de Ferro de Goiás para a cidade de Goiânia.

O comboio ferroviário saiu da estação de Mafra-SC, pela manhã de 6 de maio de 1965, trazendo centenas de servidores civis e militares das plagas sulinas com suas bagagens, seus costumes, suas tradições para juntos com os mineiros formarem, posteriormente, a grande família Mauá.

Após quatro dias de viagem pelos trilhos da estrada de ferro chegaram à Estação de Engenheiro Stevenson da antiga e saudosa Companhia Mogyana de Estradas de Ferro, por volta das 10 horas da manhã, permanecendo ali por algumas horas cumprindo programação para chegar na estação de Araguari às 16 horas, para a entrada triunfal na cidade. A chegada à estação da antiga Goyaz foi emocionante, calorosa, inesquecível.

Autoridades políticas, militares, religiosas, empresários, alunos, professores, banda de música do Tiro de Guerra TG-57, representantes dos diversos segmentos da comunidade, enfim, a população em geral superlotou as dependências do hoje, Palácio dos Ferroviários.

Após calorosas saudações de boas-vindas, dos discursos entusiásticos dos oradores presentes, do desfile vibrante e emocionante que se estendeu pelas principais ruas do município encerrando-se na praça Manoel Bonito, a tropa seguiu destino para o salão Paroquial da Igreja da Matriz do Senhor Bom Jesus da Cana Verde, onde se encontrava instalada a Companhia de Comando e Serviço.

“Disputavam pela sede do Batalhão Mauá, várias cidades, dentre elas: Uberlândia, Pires do Rio e Araguari. Depois de uma empreitada sem fim, do prefeito da época, Miguel Domingos Oliveira, com viagens cansativas, visitas constantes aos dois Rios, Rio de Janeiro e Rio Negro no Paraná, intermináveis reuniões e incessantes contatos, a vitória foi da cidade de Araguari, do seu povo que ofereceu melhores condições, tanto no campo estratégico como na receptividade. O prefeito, destemido e arrojado da época contava com apenas 36 anos de idade, jovem e determinado que apostara e acreditara em seus sonhos que eram os mesmos do povo araguarino.

Em 1965, dentre as vantagens oferecidas ao Batalhão Mauá, destacam-se: Araguari contava com 50.000 habitantes, localizava-se numa posição estratégica extraordinária; possuía escolas, hospitais, clubes de lazer, água potável, energia elétrica em boas condições, uma ótima oficina ferroviária da Rede Ferroviária Federal; havia uma vontade política muito grande, além da efetiva participação da sociedade local, a cidade já trazia sua vocação ferroviária, desde o final do século XIX e, principalmente, a receptividade do povo araguarino.

Passados 56 anos da sua chegada em Araguari, o Batalhão Mauá transformou-se num grande polo de instrução de engenharia militar em virtude de sua estrutura organizacional destacando-se na capacidade técnica-profissional de seus efetivos, na qualidade de seus trabalhos e da sua mão de obra especializada em obras rodoferroviárias espalhada por todo o Brasil, elevando com orgulho e sentimento de patriotismo o nome de Araguari e do Exército Brasileiro para os mais distantes rincões da nação brasileira.

Voltado ao lema do ínclito Visconde de Mauá: “O trabalho honrado tudo vence”, o 2º Batalhão Ferroviário está engajado em várias frentes de serviços espalhadas pelo Brasil afora: Formosa-GO, São Pedro D’Aldeia-RJ, Araguari e prepara-se para a retomada das obras ferroviárias pelos trilhos da Ferrovia de Integração Oeste Leste, no estado da Bahia.

Cumprimentamos o incontido e temerário 2º Batalhão Ferroviário – Batalhão Mauá – pelos seus 56 anos de Araguari.