Da Redação

Valor do reajuste foi mantido em 7% e oferta de abono subiu para R$ 3,5 mil

Os representantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) estiveram reunidos nessa quarta-feira, 28, para uma nova rodada de negociações. Após a apresentação da nova proposta, os bancários decidiram manter a greve, que completa 25 dias nessa sexta-feira, 30.

De acordo com o diretor financeiro do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários de Araguari e Região, Paulo Roberto Gonçalves Dias, a oferta anterior apresentada pela Fenaban era de 7% de reajuste nos salários e benefícios, além do abono de R$ 3,3 mil, a ser pago dez dias após a assinatura do acordo. “A primeira proposta foi de 6,5% e depois os banqueiros ofereceram 7% e mantiveram esse número”.

 

Essa semana, a Federação manteve a proposta do reajuste no valor de 7%, extensivo aos benefícios, e ampliou a oferta de abono para R$ 3,5 mil. Além disso, propôs que a convenção coletiva dure dois anos, com garantia de reajuste pela inflação acumulada e mais 0,5% de aumento real, para 2017. “Eles fizeram uma nova rodada, mas não tivemos evolução. A proposta dos banqueiros foi de fechar um acordo com validade para os próximos dois anos, ou seja, só voltaríamos a discutir essa questão em 2018”.

O diretor comenta que a solicitação inicial dos bancários é a reposição da inflação (9,62%) e mais um aumento real de 5%. “A nova proposta é razoável para o próximo ano, pois, se assinássemos agora, estaríamos garantindo a reposição da inflação e mais um aumento real de 0,5%, porém, os bancários estão se recusando a repor a inflação esse ano e estão oferecendo um abono que não substitui esses 2%”.

Paulo Roberto ressalta que a reposição inflacionária é um direito dos bancários. “Essa solicitação é um direito nosso e o normal é que os banqueiros ofereçam essa reposição para nós. O abono oferecido não substitui os 2% que faltam, então, a proposta não foi aceita. Não podemos abrir mão dessa reposição”.

No início dessa semana, a adesão no país era de 13.254 agências e 28 centros administrativos, representando 57% de todos os bancos do país. A greve superou a do ano de 2015, que foi encerrada após 21 dias de negociações. Segundo informações da Confederação Nacional, a greve mais longa dos últimos anos ocorreu em 2004, com 30 dias de duração, e a mais longa da categoria ocorreu em 1951 e durou 69 dias.

Segundo o diretor, ainda não foi definida uma data para a nova rodada de negociações. “Os banqueiros realizarão uma assembleia, que provavelmente deve ocorrer na segunda-feira, 3, em Araguari, para ouvir o que a classe pensa da proposta, mas, no contexto geral, ela foi recusada. Haveria uma reunião com os banqueiros nessa sexta-feira, 30, mas ela também foi cancelada e não há previsão de uma nova reunião”.

Atendimento

O atendimento aos clientes nos bancos em Araguari continua limitado. “A adesão à greve no município continua a mesma. Apenas o banco Itaú está oferecendo atendimento direto no caixa, mas bastante limitado. Na próxima semana, com o período de pagamento dos aposentados, acreditamos que o movimento irá estagnar ainda mais o atendimento nos bancos. É um momento também em que as pessoas precisam pagar suas contas de água e luz, então, acreditamos que as lotéricas não conseguirão suportar a demanda”.

Um cliente de um banco, que preferiu não se identificar, afirmou que a greve está atrapalhando bastante os correntistas, principalmente em relação ao desconto de cheques. “Trabalho com uma distribuidora e preciso descontar cheques constantemente, então, a greve tem atrapalhado muito na hora de fazer depósitos e descontar os cheques. Os depósitos não podem ser feitos direto no caixa e precisamos esperar alguns dias para o valor cair na conta”.

O distribuidor ressalta que depositou um cheque nessa quarta-feira, 28, mas acredita que o valor será liberado apenas na sexta-feira ou na segunda, devido à greve. “Esta demorando mais e não temos acesso ao atendimento dentro do banco. Só podemos utilizar o caixa eletrônico. Acredito que essa greve esteja causando problemas para muitos correntistas”.

Outro cliente, que também não quis se identificar, enfatizou que a greve está atrapalhando o seu trabalho. “Quando tento fechar contrato com os meus clientes, eles alegam que não fecharão porque os bancos estão em greve. Isso tem atrapalhado demais o meu trabalho”.

O cliente comenta que os caixas eletrônicos de seu banco estão funcionando normalmente, mas que também não há atendimento direto no caixa. “Conseguimos usar os caixas eletrônicos, mas não há atendimento. Não consigo fechar meus contratos graças a essa indecisão”.

O correntista de outro banco comentou que está havendo atendimento nos caixas, mas que, ainda assim, os clientes estão bastante prejudicados. “O atendimento demora muito em função da greve. Preferi aguardar minha mãe do lado de fora, pois está demorando demais”.

A Fenaban informou que os clientes podem usar os caixas eletrônicos para agendamento e pagamento de contas (desde que não vencidas), saques, depósitos, emissão de folhas de cheques, transferências e saques de benefícios sociais. Também é possível realizar o pagamento das contas nos correspondentes bancários (postos dos Correios, casas lotéricas e supermercados) além de sacar dinheiro e benefícios e fazer depósitos, entre outros serviços.