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Autoridades de saúde reagem ao aumento de casos de Covid no Brasil

sex, 23 de agosto de 2024 11:02

Da Redação

Foto 2: O aumento de casos no Brasil, em geral, acompanha uma curva de aumento de casos no mundo
Divulgação

Especialistas apontam que a baixa testagem, o autodiagnóstico – quando indivíduos acreditam estar com gripe ou Covid sem realizar testes – e o autoteste, adquirido em farmácias e realizado em casa, podem ocultar novos casos de Covid e contribuir para a subnotificação. Esses autotestes, além de apresentarem um risco de falso positivo e não serem obrigatoriamente notificados, podem distorcer a realidade dos números.

Recentemente, o Ministério da Saúde observou uma tendência de aumento na positividade tanto em laboratórios públicos quanto privados.

De acordo com o último informe de 10 de agosto, houve um aumento significativo de 29,8% nas médias móveis de casos (total de casos da semana dividido por sete) e de 39% nos óbitos registrados na semana epidemiológica 32, em comparação com a semana anterior. O número de casos novos subiu de aproximadamente 4.000 para 9.000 durante o período. No entanto, esses dados representam apenas uma fração da realidade, estimada em cerca de 20%, segundo Wallace Casaca, coordenador da plataforma SP Covid-19 Infotracker, que monitora a evolução da pandemia.

“Tem uma parcela que não entra nas estatísticas oficiais. Sabemos uma ínfima porção dos casos, que são mais severos, pessoas que acabam buscando postos de saúde ou até hospitalização”, afirmou.

Em resposta, o Ministério da Saúde afirmou ter adotado diversas estratégias para combater a subnotificação de casos das duas doenças. Essas medidas incluem a ampliação da disponibilidade de diagnósticos, como testes RT-PCR e testes rápidos de antígeno, para garantir uma detecção mais ampla e precisa dos casos.

Segundo Rosana Richtmann, infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e diretora de imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), o interesse pelos testes de Covid tem diminuído à medida que mais pessoas recorrem ao autodiagnóstico. Esse comportamento é comum quando os indivíduos

apresentam sintomas típicos de formas leves da doença. “Com o avanço da pandemia e com a modificação do quadro clínico da Covid, as pessoas podem ter um quadro que parece uma infecção respiratória, como uma coriza, tosse, dor de cabeça, acham que é gripe e não vão testar como testavam no passado. A falta de diagnóstico faz com que a gente não tenha números reais do que está acontecendo no nosso país”, disse.

Ressalta-se que, os quadros mais leves estão associados tanto a ter tido Covid uma vez quanto à eficácia das vacinas.

Para Casaca, esse problema poderia ser reduzido com uma política pública de incentivo à testagem. “Infelizmente, não há essa política e isso, além de contribuir para a subnotificação, se traduz em uma percepção para a população de que a Covid acabou”, explicou.

O autoteste, disponível em farmácias, contribui para que muitos casos não sejam refletidos nas estatísticas oficiais. Segundo o médico sanitarista Cláudio Maierovitch, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), o Ministério da Saúde ainda não estabeleceu um mecanismo para registrar os resultados dos autotestes.

Segundo Casaca, a vigilância genômica nacional também não é tão forte quanto em outros países. “Ter um mapeamento mais rápido dos casos [ajuda a] antever a explosão de casos. Caso haja crescimento de uma variante que é muito agressiva, você consegue direcionar políticas públicas para aquela localidade”, esclareceu.

Outros indicadores também podem revelar a subnotificação de casos de Covid. Dados mais confiáveis incluem as internações por Srag (síndrome respiratória aguda grave) e os registros de mortes atribuídas a vírus respiratórios, conforme indicado por Maierovitch.

De acordo com o informe do Ministério da Saúde, 46% das 63 mortes por Srag entre as semanas epidemiológicas 30 a 32 aconteceram por covid.

Em Minas Gerais, foram registrados 163 casos de Covid na semana 32; 97 casos na semana 33 e 6 casos na semana 34.

O aumento de casos no Brasil, em geral, acompanha uma curva de aumento de casos no mundo e pode estar associado à chegada de novas variantes. Nos últimos meses, houve um pico de novas infecções principalmente nos Estados Unidos. A França e outros países da Europa também apontaram a presença em ascensão da variante KP.2, batizada de “FLiRT”.

Para garantir a proteção, os especialistas reforçam que a vacina ainda é determinante. No Brasil, só podem tomar a vacina os grupos de risco, como crianças entre 6 meses a 4 anos, pessoas com 60 anos ou mais, gestantes, puérperas, imunocomprometidos e pessoas a partir de 5 anos com comorbidades.

Além dessa restrição, os profissionais também já apontaram uma irregularidade na presença da vacina nos postos de saúde em alguns estados. São Paulo foi um deles.

É bom mencionar que, o Ministério da Saúde entregou menos de 10% das vacinas atualizadas contra a Covid prometidas para 2024. Com poucas doses, a campanha tem ritmo lento e público-alvo limitado.

A pasta diz que novas aquisições da vacina estão em andamento, e no dia, 19, foi iniciado o pregão eletrônico para a compra de mais doses.

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