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Águas de São Lourenço, por Inocêncio Nóbrega

sex, 6 de junho de 2014 00:01

* Inocêncio Nóbrega

Mineradores, do meso território das alterosas, fugindo aos pesados tributos da Coroa, encontraram no extremo sul de Minas Gerais, no Vale Verde, diversas fontes de água mineral, uma das maiores riquezas do País.  Trata-se do Circuito das Águas, águas magnesianas, alcalinas, sulforosas, ferruginosas e carbogasosas, que têm ajudado a cura das pessoas, dotadas alguma patologia. Consideradas milagrosas, também, daí na Gruta dos Milagres, erigiu-se a estátua de N. S. dos Remédios. Sobre uma mata nativa, de 430 mil m2, construiu-se um Parque, em cuja orla edificaram-se edifícios e casas, de estilos brasileiro e europeu. Ficam na cidade de São Lourenço, a 387 km de Belo Horizonte. Municípios da região são beneficiários dessa verdadeira dádiva da natureza, onde se pratica um intenso turismo, incrementando a economia e trazendo recursos.

Antes, administrado pela Companhia de Águas de São Lourenço, até ser cedida, pelo governo brasileiro, à gigante suíça Nestlé. A partir daí começa a falta de um bom relacionamento entre o patrimônio nacional e as multinacionais, estas sempre levando vantagens econômicas e financeiras. Sem levarmos em conta o prestígio nas localidades onde exercem atividades, inclusive indicando ou cooptando gestores municipais. Não havendo controle, sequer jurídico, a empresa é acusada de ultrapassar o volume autorizado. Tanto assim que a vazão das fontes e a qualidade do líquido estão sendo afetadas.  A compensação tributária não bate com os extraordinários lucros das engarrafadoras.  As belezas de outrora estão sendo danificadas pelo pouco zelo do meio ambiente, conturbada pelo excesso número de veículos, os quais trafegam ao seu derredor.

Os 41 mil moradores de São Lourenço temem pela exaustão das fontes. A fim de minorar a situação criaram a associação Amar’Água, criticando, desde o início, a forma exploratória  desses recursos naturais, e apelam por imediatas medidas de preservação.  Para o Ministério Público o seu tombamento é imprescindível, pois algumas regras legais poderiam ser executadas, e os abusos diminuídos. Trata-se, a seu ver, de um mecanismo internacional, bastante em voga. A água é hoje conceituada como um bem imaterial. Estudos são reivindicados, porém o problema não deve ser encarado isoladamente, faz parte de um contexto e uma maneira sutil de ingerência nos destinos do País.

*Jornalista
inocnf@gmail.com

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