A palavra final: como seriam os bastidores da convocação para a Copa?
qua, 7 de maio de 2014 00:54Imagine ser o responsável pela lista mais aguardada do país. Cada escolha se torna uma sentença. Todos os nomes viram apostas, e as promessas, um sonho. Ironicamente, essa é esperança do povo brasileiro, não de você que teve a casa removida ou lê o jornal na fila do posto de saúde. No dia em que Luiz Felipe Scolari anuncia os 23 jogadores que defenderão o Brasil no caminho rumo ao hexa, a “Ficha Técnica” simula os bastidores dos momentos que antecedem essa decisão.
Rio de Janeiro, 7 de maio de 2014.
Nas janelas de um edifício situado na Barra da Tijuca, o reflexo de um dia quente ressoa um convite à paisagem. Dentro da sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o clima ainda é sombrio. Em meio a um silêncio que invade o corredor, o telefone não se poupa de tocar em uma sala do quinto andar.
Triiim
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– Alô, sede da CBF. Oh, bom dia Sr. Marin.
Do outro lado da linha, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, iniciava as saudações, sem demorar para revelar o real motivo da ligação.
– Perdão por ligar tão cedo, como está o tempo no Rio? Algum noticiário divulgou o livro publicado por aquele jornalista? (*)
– Ainda não vi algo sobre o livro na TV aberta – respondeu o presidente da CBF – Mas ajudaremos no que for preciso.
Inquieto, Blatter tratou de se despedir, sem se lembrar de algo que lhe daria um lucro considerável na venda de ingressos. A convocação da seleção brasileira estava iminente.
Em uma casa de shows na capital carioca, Luiz Felipe Scolari e Carlos Alberto Parreira tratavam dos últimos detalhes antes da entrevista coletiva.
– Puff! Quanta saudade de 2002. Têm mais de 700 jornalistas lá fora – explanou Felipão.
– Acredito que você está correto em convocá-lo, certamente será bom para o grupo. Em 94 levei quatro volantes e conseguimos trazer o título no sufoco. Pelo menos não temos que sacar um Romário – brincou Parreira.
Quando o relógio apontava as 11 horas, o telefone de Felipão tocou. Era a presidente da República, Dilma Rousseff.
– Boa sorte, meu companheiro. Estou acompanhando à distância. Espero que esse seja o começo de uma longa campanha – desejou Dilma.
– Surpreso, Felipão agradeceu e se despediu sem entender ao certo à qual das campanhas a presidente mencionava, a disputa dentro dos gramados ou no horário eleitoral.
(*) A obra apontada pelo mandatário é “Um jogo cada vez mais sujo”, do britânico Andrew Jennings, responsável pela edição “Jogo Sujo”, capaz de desbancar nomes como João Havelange e Ricardo Teixeira após a comprovação de fraudes e corrupção na venda de ingressos para as Copas. Ambas as produções são repudiadas pela Fifa, que mais uma vez tenta vetar a nova publicação no Brasil
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