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A Campanha Menos Pressão

sex, 23 de maio de 2014 00:00

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1-Qual é o objetivo da Campanha Menos Pressão?

A Campanha Menos Pressão é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Hipertensão, que foi lançada no último sábado dia 17 de maio, no dia Mundial da Hipertensão, que tem como objetivo conscientizar a população brasileira sobre a importância de se prevenir e combater a hipertensão arterial, doença que acomete 30% da população adulta brasileira.

Seu principal objetivo é demonstrar qual é a influência da pressão arterial na qualidade de vida das pessoas e mostrar de forma prática o que ela ganha adotando hábitos de vida mais saudáveis, como uma alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos. ”Conheça sua pressão arterial!”, com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância de se conhecer e entender os valores da pressão arterial. Cerca de 50% dos hipertensos não sabem que tem a doença, daqueles que tem conhecimento apenas 25% aderem ao tratamento.

2-O que é hipertensão arterial?
Hipertensão, mais conhecida como pressão alta, é uma condição crônica em que a pressão exercida pelo sangue nas artérias se mantém elevada. Muitas pessoas possuem pressão alta durante anos, sem ter conhecimento disso. Na maioria das vezes, a doença não apresenta sintomas, porém quando permanece sem tratamento, causa danos nas artérias e nos órgãos vitais do corpo. A única forma de identificá-la é medindo a pressão, por meio de um procedimento simples, rápido e indolor.

3-Quais são os números da hipertensão arterial?
Dados mundiais apontam que 7 milhões de pessoas morrem a cada ano e 1,5 bilhão adoecem devido à pressão alta. A hipertensão é o principal fator de risco à saúde no mundo causando doenças do coração, derrame cerebral e doenças renais.

Atualmente, a doença atinge em média de 30% da população brasileira, chegando a mais de 50% na terceira idade e está presente em 5% das crianças e adolescentes no Brasil; é responsável por 40% dos infartos, 80% dos acidentes vascular cerebral (AVC) e 25% dos casos de insuficiência renal terminal. As graves consequências da pressão alta podem ser evitadas, desde que os hipertensos conheçam sua condição e mantenham-se em tratamento.

Conheça sua pressão arterial é o tema da Campanha Menos Pressão 2014, que tem como objetivo conscientizar a população brasileira sobre a importância de conhecer os valores de sua pressão, medindo-a com regularidade.

O melhor jeito de prevenir surpresas quando se fala de saúde é conhecer os níveis da sua pressão arterial. Para saber esse valor é muito fácil: basta pedir ao seu médico, de qualquer especialidade, durante consulta de rotina, que meça a sua pressão arterial.

4-De quanto em quanto tempo devo medi-la?
Adultos e Idosos: meça a sua pressão pelo menos uma vez por ano.

Crianças: recomendada em toda avaliação do pediatra, após os três anos de idade, pelo menos uma vez ao ano.

Gestantes: em todas as consultas do pré-natal.

Sempre que for ao médico, peça para ele medir a sua pressão. Você também pode medi-la em casa, mas procure orientação de como fazer isso corretamente e verifique se o aparelho possui certificação.

5-Por que é importante estar atento à sua pressão?
Quando sua pressão arterial está alta, ela exerce mais força sobre o seu coração e vasos sanguíneos. Com o tempo, este esforço extra pode danificar os órgãos do seu corpo e colocar em risco sua saúde. Se você tem pressão alta e não controla, você tem mais risco de um ataque cardíaco ou derrame cerebral. Além disso, ela também pode causar outros danos no coração e nos rins, e está ligada a alguns casos de demência.

6-Existe diferença de pressão entre os dois braços? Por que o médico mede a pressão nos dois braços?
O que ocorre na maioria das pessoas é uma pequena diferença na pressão arterial quando é medida no braço direito e no braço esquerdo. O achado mais frequente é o da pressão um pouco maior no lado esquerdo, mas o inverso também pode ser encontrado; por esse motivo, o correto é medirmos nos dois lados para definirmos em qual deles os níveis tensionais são mais altos. Uma vez definido isso, as medidas futuras e as metas de um bom controle pressórico deverão se guiar pelo braço cujos níveis são os mais elevados.

Outra razão para medirmos nos dois braços é que, quando as diferenças forem significativas, podemos estar diante de um problema nos vasos que irrigam essas regiões do nosso corpo; dessa forma estaremos identificando precocemente essa situação.
Convém ressaltar ainda que, na primeira avaliação do paciente hipertenso, é interessante medirmos a pressão com o paciente deitado, sentado e em pé, pois também podemos observar em algumas situações diferenças de acordo com a posição adotada pelo paciente, o que pode ter implicações, inclusive, na definição das estratégias de tratamento.

7-Hipertensão arterial é uma doença que tem cura?
A hipertensão arterial é uma doença que se caracteriza por um aumento da resistência dos vasos sanguíneos ao fluxo de sangue gerado pelo batimento cardíaco. Assim, o coração precisa utilizar maior força para enfrentar essa resistência e, em consequência, a pressão nos vasos fica maior. É uma doença crônica que não tem cura na maioria dos casos, mas tem controle, isto é, com o uso correto das medicações prescritas pelo médico e hábitos de vida saudáveis, é possível diminuir a resistência dos vasos e com isso manter a pressão em níveis normais. Assim, evita-se a ocorrência de infarto do miocárdio e derrame cerebral. Alguns casos de hipertensão podem ter cura, isto é, o paciente pode deixar de tomar medicação quando uma causa é eliminada. Dentre essas causas, que podem ocorrer em 10% dos hipertensos, temos estreitamento da artéria dos rins, tumores da glândula suprarrenal, obesidade mórbida e apneia do sono.

8-Por que a hipertensão causa demência?
Inicialmente devemos ter consciência de que o portador de hipertensão arterial não alcança a cura de sua doença, porém, sim, o controle, através de disciplina na observância da mudança no seu estilo de vida e na tomada contínua do seu medicamento hipotensor. Dessa maneira o hipertenso, conforme vários estudos têm comprovado, reduzirá as complicações causadas pela hipertensão principalmente nos órgãos alvo, como o coração, os rins e o cérebro.

O objetivo do tratamento é permitir ao paciente ter uma vida normal, a fim de minimizar o risco cardiovascular, propiciando um aumento na duração da vida, bem como em sua qualidade.

Uma das complicações da hipertensão arterial em nível cerebral é o da demência, que constitui a deterioração progressiva e irreversível das funções intelectuais, resultante de lesões cerebrais. No quadro demencial a função cognitiva que mais precocemente começa a se manifestar é a da memória. Os quadros de hipertensão sistólica, diastólica, da pressão de pulso e em especial o da hipertensão sistólica isolada têm forte preditor como agente causal de doença aterosclerótica difusa em pequenas artérias cerebrais que pode levar à atrofia mesangial temporal, demência vascular e à doença de Alzheimer.

Esse processo costuma ter essa evolução principalmente naqueles hipertensos que, desde sua meia idade, por volta dos 40 e 50 anos de idade, não conseguem um bom controle em seus níveis da pressão arterial, trazendo-a para 120/80 mmHg.

Outra condição fortemente correlacionada a lesões cerebrais é a dos pacientes hipertensos que perdem sua capacidade de ter uma queda noturna fisiológica da sua pressão arterial, persistindo assim com valores elevados no período do sono, podendo dessa forma evoluir para quadros de demências, quer seja da forma vascular, quer a de Alzheimer.

9-Por que a hipertensão causa envelhecimento precoce?
O nosso coração é como uma bomba de água, que tem de trabalhar com uma força adequada para gerar uma pressão também adequada. Se a bomba trabalhar forçada, gerará uma pressão inadequada e precocemente se deteriorará, levando também à deterioração toda a canalização.

A bomba que é o nosso coração depende de vários fatores para funcionar adequadamente, para manter um fluxo de sangue com uma pressão adequada para todo o nosso organismo. Pois, se assim não for, também precocemente se deteriorará e, consequentemente, todo o sistema arterial que supre o nosso organismo, desde o cérebro até as extremidades dos membros inferiores. Ocasionando, portanto, alterações precoces no cérebro, como os derrames, nos olhos, como cegueira, no coração, levando ao infarto, angina, arritmias, nos rins, levando a insuficiência renal, e nos membros inferiores, levando a alterações circulatórias.

Portanto, pressão arterial 12 por 8 durante a vida é um objetivo que todos os hipertensos devem atingir para que o envelhecimento precoce não ocorra.

10-O nervosismo aumenta pressão arterial?
É bastante comum atendermos pacientes com esse tipo de dúvida. Eles nos procuram reclamando que a pressão está oscilando muito, especialmente em situações de estresses emocionais ligados a problemas de trabalho e, mais comumente, a desavenças familiares.

Em primeiro lugar, é bom esclarecer que a pressão não pode ser entendida como um número fixo, nem o 12 x 8 que a nossa campanha preconiza. Quando falamos nesse número mágico desejamos falar numa pressão média que deve ser perseguida como uma meta ideal. O coração bate em média 80 mil vezes por dia e nunca com a mesma pressão em batimentos sucessivos.

Então é bom que o paciente tenha informações sobre essa característica da pressão denominada de variabilidade. Essa variabilidade, que é um fenômeno totalmente normal (costumo dizer aos meus pacientes que a pressão só não varia numa situação – é quando estamos definitivamente mortos –, porque nesse caso ela será ZERO), sempre estará aumentada em situações de estresse (mesmo em situações de estresse positivo – uma boa notícia).

O problema é que nessas situações muitas vezes somos convidados a medir a pressão arterial. Assim descobrimos que a nossa pressão está um pouco (ou mesmo muito) acima dos valores habituais. Por esse motivo, procuramos uma emergência e lá a pressão vai estar ainda mais alta, porque é um local impróprio para uma medição adequada da pressão arterial.

Então, respondendo à pergunta se situações de estresse aumentam a pressão arterial, a resposta é SIM. O que devemos entender é que em pessoas que possuem comportamento da pressão sempre normal, ou abaixo da média, esse aumento de pressão arterial não deve ser valorizado, porque logo haverá um retorno aos valores normais sem necessitar de nenhum apoio medicamentoso.

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