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Direito e Justiça

qui, 10 de maio de 2018 05:58

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HOMENAGEM ÀS MÃES -(13.05.2018)

A Sentença de Salomão:

(Bíblia Sagrada / Velho Testamento)

 

 

Vieram duas prostitutas apresentar-se ao rei. Uma delas disse:

– Ouve, meu senhor. Esta mulher e eu habitamos na mesma casa, e eu dei à luz junto dela, no mesmo aposento. Três dias depois, deu também ela à luz. Ora, nós vivemos juntas, e não havia nenhum estranho conosco nessa casa, pois somente nós duas estávamos ali. Durante a noite morreu o filho dessa mulher, porque o abafou enquanto dormia. Levantou-se ela então, no meio da noite, e enquanto a tua serva dormia, tomou o meu filho que estava junto de mim e o deitou em seu seio, deixando no meu o seu filho morto. Quando me levantei pela manhã para amamentar o meu filho, encontrei-o morto; mas, examinando-o atentamente, verifiquei que não era o filho que eu dera à luz.

 

– “É mentira!”, replicou a outra mulher, “o que está vivo é meu filho; o teu é que morreu”.

 

A primeira contestou:

 

– Não é assim; o teu filho é o que morreu, o que está vivo é o meu.

 

E assim disputavam diante do rei.

 

O rei disse então:

 

– Tu dizes: é o meu filho que está vivo, e o teu é o que morreu; e tu replicas: não é assim; é o teu filho que morreu, e o meu é o que está vivo. Vejamos, continuou o rei; trazei-me uma espada.

Trouxeram ao rei uma espada.

 

– “Cortai pelo meio o menino vivo, disse ele, e dai metade a uma e metade à outra”.

 

Mas a mulher, mãe do filho vivo, sentiu suas entranhas enternecerem-se e disse:

– Rogo-te, meu senhor, que dês a ela o menino vivo, não o mateis.

 

A outra, porém, dizia:

 

– Ele não será nem teu, nem meu; seja dividido.

Então, o rei pronunciou o seu julgamento:

– Dai, disse ele, o menino vivo a essa mulher; não o mateis, pois é ela a sua mãe.

 

Todo o Israel, ouvindo o julgamento pronunciado pelo rei, encheu-se de respeito por ele, pois via-se que o inspirava a sabedoria divina para fazer justiça.

 

INTERPRETAÇÃO LIVRE:

 

A famosíssima Sentença de Salomão pode ser analisada sob  rês aspectos principais:

 

O da grande sabedoria de que o Rei Salomão foi presenteado por Deus, permitindo-se-lhe que discernisse de forma correta os problemas vividos por seu Povo de Israel.

 

O da aplicação e da distribuição da Justiça, de forma imediata e igual, a todo o Povo de Israel, tal qual Deus havia determinado ao Rei.

 

O do conflito particular, surgido entre as duas mulheres prostitutas, que disputavam como filho uma criança viva, nascida simultaneamente à que morrera.

 

Nessa disputa, chegou-se a um impasse, quando ambas proclamaram-se mãe, não restando a Salomão alternativa que não a de dividir ao meio a criança.

 

Mas, será mesmo que Salomão não tinha alternativa? Creio que tinha, sim, impregnado que estava da Sabedoria Divina. Se a mãe verdadeira não se mostrasse através do sublime gesto de renúncia, motivado pelo insuperável e incondicional amor materno, preferindo ver o filho entregue à sua rival do que ser morto, Salomão certamente haveria de tirar a criança daquelas duas mulheres, eis que nenhuma delas ter-se-ia mostrado digna de tê-la consigo.

 

Afinal, somente a mãe verdadeira – mãe na correta acepção dessa divina palavra — não pode mesmo resistir ao amor que tem pelo seu filho e abre mão de tudo por esse amor e pela felicidade do ser que gerou e ao qual deu à luz.

 

Fé manifestada por uma pagã:

(Bíblia Sagrada / Novo Testamento)

 

 

Jesus partiu dali e retirou-se para os arredores de Tiro e Sidônia. E, eisqueumacananeia, origináriadaquelaterra, gritava:

 

– Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim! Minha filha está cruelmente atormentada por um demônio.

 

Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Seus discípulos vieram a ele e lhe disseram com insistência:

 

– Despede-a, ela nos persegue com seus gritos.

 

Jesus respondeu-lhe:

 

– Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel

 

Mas, aquela mulher veio prostrar-se diante dele, dizendo:

 

– Senhor, ajuda-me.

 

Jesus respondeu-lhe:

 

– Não convém jogar aos cachorrinhos o pão dos filhos.

 

– Certamente, Senhor — respondeu-lhe ela –, mas os cachorrinhos, ao menos, comem as migalhas que caem da mesa de seus donos …

 

Disse-lhe, então, Jesus:

 

– Ó, mulher, grande é tua fé! Seja feito como desejas. E, na mesma hora, sua filha ficou curada.

 

 

COMENTÁRIO  LIVRE:

 

 

Eram chegados os tempos em que o Cordeiro de Deus — que séculos antes fora anunciado aos Hebreus pelos Profetas — deveria vir para espalhar a boa nova (o Evangelho) para toda a Humanidade, Judeus ou Gentios, todos eles,seres humanos, todos indistintamente, todos  filhos do mesmo e único Deus.

 

A compaixão de Jesus Cristo para com os seus próximos era infinita, incansável, não impunha lugar, hora ou condição, e o seu único limite encontrava-se na própria fé, demonstrada pelos que dele se acercavam em busca de auxílio, cura e consolo.

Jamais Jesus negou a sua presença, o seu toque, o seu sorriso, o seu afeto, o seu Dom a quem quer que dele precisasse, e a própria pagã, mulher de uma outra fé  — por crer Nele —  teve o seu  fervoroso e sincero pedido ali mesmo atendido, vendo sua filha salva e livre definitivamente do insidioso demônio  físico e moral que a perseguia.

 

Assim, era Jesus.

 

Acrescento:Dáimon, em grego, significa espírito.No caso da filha daquela mulher, tratava-se de uma fortíssima obsessão, já na fase da possessão absoluta. Somente Jesus, o maior de todos os médiuns que pisaram neste globo, poderia expulsá-lo, mediante uma ordem psíquica dada à distância. Aliás, inúmeras vezes, bastava a simples aproximação de Jesus, para que os espíritos obsessores, ditos demônios ou imundos naquela época saíssem dos corpos que dominavam, porquanto estavam perante um poder muitíssimo maior do que o deles.

 

 

O filho da viúva de Naim:

(Bíblica Sagrada = Novo Testamento)

 

 

No dia seguinte, dirigiu-se Jesus a uma cidade chamada Naim. Iam com ele diversos discípulos e muito povo.

 

Ao chegar perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto a ser sepultado, filho único de uma viúva; acompanhava-a muita gente da cidade.

 

Vendo-a o Senhor, movido de compaixão para com ela, disse-lhe:

 

– Não chores.

 

E, aproximando-se, tocou no esquife, e os que o levavam pararam. Disse Jesus:

 

– Moço, eu te ordeno, levanta-te.

 

Sentou-se o que estivera morto e começou a falar, e Jesus entregou-o à sua mãe. Apoderou-se de todos o temor e glorificavam a Deus, dizendo:

 

– Um grande profeta surgiu entre nós. Deus voltou os olhos para o seu povo.

 

A notícia desse fato correu por toda a Judeia e por toda a circunvizinhança.

 

 

COMENTÁRIO LIVRE :

 

 

Jesus enterneceu-se com a imensa dor daquela pobre mãe, que acompanhava o enterro do seu filho único. Certamente, o Divino Mestre teve em mente — naquele momento — a dor que a sua própria mãe, Maria, haveria de sentir, quando visse seu filho padecendo sob os tormentos da Cruz, a fim de dar cumprimento à Segunda Aliança de Deus para com os Homens.

 

Ele, Jesus de Nazaré, o novo Prumo que Jeová — oitocentos anos antes — anunciara a Amós, o Prumo Redenter que haveria de ser posto para o consolo e amparo da Humanidade, disseminando por toda parte a Justiça, a Misericórdia, a Tolerância e o Amor.

 

Jesus compadecia-se de todas as mães…

 

 

 

 

         *Rogério Fernal

Juiz de Direito aposentado. Ex-Professor Universitário de Direito, Advogado militante, Mestre Maçom, conferencista e articulista.

e-mail: fernalrogeriofernal@gmail.com

 

 

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