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Meio Desligado – A melhor jogadora de vôlei que não é mulher

qui, 8 de fevereiro de 2018 05:01

meio desligado

Parece até nome de música do Titãs, mas sim, você não entendeu errado. Tifanny, melhor jogadora da Superliga Feminina Brasileira, nasceu homem. Rodrigo, 33, anos, não obteve destaque na carreira. Depois de passar por tratamentos hormonais e cirurgia de mudança de sexo, entrou na liga feminina da Itália, no ano passado. Ela não foi a primeira transgênero a jogar com mulheres por lá. Alessia Ameria foi aceita na segunda divisão, porém, a própria mídia italiana destacou a diferença corporal entre elas. Alessia seria “menos encorpada”.

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Em terras brasileiras, Tifanny tem quebrado recordes e garantido altas pontuações para o time Vôlei Bauru. Em um confronto decisivo com o time Nestlé-SP, houve o tão esperado duela entre ela e Tandara, que também tem se destacado com altas pontuações. O time de Osasco derrotou o Bauru de Tifanny. Tandara, por sua vez, sabia que não iria escapar dos questionamentos sobre a participação da adversária no campeonato.

E, mais uma vez, a mídia se esforçou para distorcer e trazer uma conotação negativa para o pronunciamento de Tandara. Mas hoje, na era da informação, melhor do que acreditar em falácias de gente que acha que a lógica é um “fascismo” da burguesia é ver a fonte primária da informação e chegar as próprias conclusões sozinho. Em sua resposta, Tandara visivelmente se esforça para medir as palavras, para não dizer nada que fosse mal interpretado. Mas é inevitável: ela não concorda com a participação de Tifanny e resume a questão em uma frase simples: “Não é homofobia. É fisiologia.”

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Um tal de “Nexo” frisou na linha fina de uma matéria sobre o tema que “não há consenso na ciência”. Não há consenso de que o corpo masculino é diferente do feminino? No caso de Tifanny, é notória a força nos cortes, que vai além das demais jogadoras. Os saltos são mais altos. Como Tandara argumentou, a diferença de fibra muscular favorece e o quadril mais estreito ajuda a ter mais impulso. Ela destacou também questões como circulação e diferença torácica.

São notórias as vantagens. A jogadora Rosamaria também comentou a questão pisando em ovos. Ao mesmo tempo que reconhece o direito de Tifanny em jogar, é categórica ao afirmar que a adversária tem vantagens biológicas. “Mas assistindo os vídeos você vê que tem diferença. (…) Que ela tem vantagens, isso é indiscutível.” Assusta o fato de que a confederação do esporte permitiu algo do tipo, uma autoridade no assunto e que portanto, deveria levar em conta ainda mais aquilo que está visível a olho nu.

Quem praticou esporte um dia, ou acompanha alguma modalidade, sabe que o esforço e a superação fazem parte do cotidiano de um atleta. O que faz da vitória algo sublime e apreciado é justamente o merecimento de alguém que teve talento, que se esforçou, que superou o adversário em uma competição onde todos concorreram em uma disputa justa, em pé de igualdade. É justamente por isso que existem divisões por idade ou por peso, e obviamente, a divisão entre masculino e feminino. Negar isso é negar a realidade, é negar a lógica.

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Respeito a Tifanny, de coração. Acredito que ela tem todo o direito de viver como uma mulher e de se sentir bem consigo mesma. Mas ela jamais será, de fato, uma mulher em toda sua plenitude. A sociedade não pode prejudicar todas as outras jogadoras que batalharam muito para chegar onde estão. Em nome da justiça, comete-se uma injustiça. As de Tifanny estarão sempre à sombra do homem que ela foi um dia.

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