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BBB: “Serra Pelada x Povo Nu” , por Pettersen Filho

sáb, 25 de janeiro de 2014 00:00

 * Pettersen Filho

Valendo-se da velha máxima: “pão e circo”, professada desde a Roma antiga, em que os imperadores cesares entregavam os cristãos aos leões, em pleno Coliseu lotado, a exemplo dos nossos Maracanãs, para bajulo e entretenimento do povo, a Rede Globo de Televisão, personagem ativo de tantos governos brasileiros, desde a ditadura militar, quem, aliás, subvencionou, numa jogada de marketing inusitada, acaba de adquirir. para exibição os direitos do filme “Serra Pelada”, com o brilhante ator Wagner Moura, de “Tropa de Elite”, transformando-o em uma mini-serie, exibida, justamente, em rede nacional, logo após o indigesto programa Big Brother Brasil.

Um dos maiores fenômenos de bilheteria do cinema tupiniquim, nos últimos tempos, entretenimento ao qual as classes menos privilegiadas, maioria absoluta do contingente populacional brasileiro, não tem acesso, justamente por abordar a celeuma humana, o eterno conflito, que acompanha a humanidade, no intransponível dilema entre o ser e o ter, sobre o qual se posta a raça humana, desde Adão e Eva, somente igualada, em proporção e intensidade, com a magnífica construção das pirâmides, no Egito, ou das muralhas da China, em que pareceram verdadeiras legiões de homens e mulheres, abnegados por grandiosa realização, “Serra Pelada”, o evento, a maior mina aurífera a céu aberto que se tem notícia no mundo moderno, na localidade homônima, no Estado do Pará, nos anos oitenta, para onde afluíram cerca de cem mil pessoas, vivendo em conluio com a cólera, o ouro, a grilagem e a prostituição, é, em si só, fato marcante, o filme, ainda a ser inteiramente depurado, causando a natural expectativa sobre os fatos ali ocorridos, garantindo à Globo, índices de audiência óbvios,  tamanho o interesse que o tema desperta à nação, trazendo, em seu bojo o intragável Big Brother, sua nudez, seu descaráter, e os seus impatrióticos anunciantes, Fiat Automóveis, Brasil Cacau, Guaraná Antarctica, entre outros.

Exatamente como nos manifestamos antes, em outras versões do Programa “Show de Vulgaridades”, “Chacrinhada” (o Velho Guerreiro que me perdoe), “Bacanal”, esses, apenas alguns dos objetivos, ou sinônimos, com que, também poderia ser chamado, entra em cena, em sua 14ª. edição no Brasil, o americano reality show, ao vivo e a cores, veiculado pela não menos vulgar, Rede Globo de Televisão, essa semana, o Big Brother Brasil, prestes a anestesiar, e alienar, com obsceno espetáculo circense, invadindo nosso lar, e a família brasileira”.

Capaz de produzir enredos, tão difusos, quanto variáveis, novelas, reportagens, programas esportivos, passíveis de ditar costumes e mudar rotinas, bem como fazerem a diferença, que o diga o excepcional programa educativo Telecurso, apto a proporcionar à distância, via telinha, alfabetização e formação técnica aos seus seguidores, como era de se esperar de uma mera “detentora” de concessão pública de comunicação em massa, com imensuráveis lucros sociais, e dividendos ao País, o Big Brother Brasil, por sua vez, capitaneado pelo insaciável “Pedro Bilau” (escritor amador, escroto profissional), numa pauta questionável, ao passo que chega a dirigir-se aos seus  participantes, intitulando-os, entre uma chamada publicitária, e outra, “nossos heróis” é de causar medo, tamanha a sua inserção social, fórmula, aliás, que também é religiosamente copiada pela eterna rival da emissora Globo, a TV Record, no seu Programa “A Fazenda”, igualmente ignóbil.

Fenômeno que perdura por mais de uma década, e provavelmente outras, levado pela emissora, em tom solene, quanto às condenações que faz ao regime Chavista da Venezuela, que cassou, dentre outros motivos, por semelhante vulgaridade a Televisa, no país caribenho, e que a leva a condenar as atuais mudanças que promove o governo argentino quanto a dominância do Grupo Clarim, no país portenho, políticas que, se adotadas no Brasil, fatalmente, levariam a ruína a Globo no Brasil, daí a sua rejeição, certo é que, no caso da “poderosa” plim-plim, como é chamada, numa alusão da chaveta que anuncia seus comerciais, de menos o Big Brother Brasil, mais dia, menos dia, com tais programas e vulgaridade, não é preciso governo algum para levá-la ao descrédito, no Brasil.

Basta-lhe a continuar assim, o próprio Big Brother Brasil, a ofender a inteligência e moral brasileiras…

* Membro da IWA – International Writers And Artists Association é advogado militante e assessor jurídico da ABDIC – Associação Brasileira de Defesa do Indivíduo e da Cidadania.

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