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Pergunte ao Doutor – Como é o funcionamento do coração?

sex, 30 de outubro de 2015 08:58

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1-Como é o funcionamento do coração?

O coração é um órgão muscular contrátil constituído por duas bombas separadas por um septo vertical, uma do lado direito e outra do lado esquerdo, cuja função é impulsionar o sangue que leva oxigênio e nutrientes para todas as células do organismo pelo sistema arterial e o traz de volta pelas veias. Anatomicamente, cada uma das bombas apresenta uma câmara superior chamada átrio, ou aurícula, e uma câmara inferior chamada ventrículo.

O sangue arterial rico em oxigênio e pobre em gás carbônico, depois de circular por todo o corpo, dá origem ao sangue venoso, que vai desembocar no átrio direito através das veias cavas, passa pela valva tricúspide e alcança o ventrículo direito de onde é bombeado na direção dos pulmões para as trocas gasosas. Depois de oxigenado, transforma-se em sangue arterial e, conduzido através das veias pulmonares até o átrio esquerdo, flui pela valva mitral e chega ao ventrículo esquerdo. Dali é empurrado para a artéria aorta, que se encarrega de distribuí-lo pelo organismo.
Para realizar essa função mecânica de receber e bombear o sangue por meio de contrações (sístoles) e relaxamentos (diástoles), o coração é dotado de um mecanismo absolutamente sincronizado cujo funcionamento depende de um estímulo elétrico gerado por um agrupamento de células que desempenham o papel de um marca-passo natural. Desacertos na origem desse estímulo ou em sua condução pelas câmaras cardíacas são responsáveis pelo aparecimento das arritmias.

2-O que provoca as arritmias?

As arritmias são provocadas por distúrbios na formação do impulso elétrico que, em vez de formar-se no nó sinusial, tem origem em outras estruturas do coração, e por distúrbios na condução do impulso elétrico através das câmaras cardíacas. Na Fibrilação Atrial  as câmaras superiores batem com muita rapidez ou fora de sintonia em relação às câmaras inferiores. Isto interfere no batimento regular do coração.

3-O que é fibrilação atrial?

A fibrilação atrial (FA) é uma alteração do ritmo cardíaco e acontece nos átrios, que são as duas câmaras superiores do coração. Na Fibrilação atrial, as fibras musculares dos átrios fibrilam (tremem), ou seja, se contraem ou batem de forma não coordenada. Ela é uma arritmia em que ocorre uma completa desorganização na atividade elétrica atrial, fazendo com que os átrios percam sua capacidade de contração.

4-Quais são as características da fibrilação atrial?

É um ritmo irregular proveniente dos átrios. Sua prevalência aumenta com o avançar da idade, atingindo mais de 10% dos idosos acima de 70 anos e pacientes portadores de doença cardíaca. Em vez de um único estímulo elétrico (originado no nó sinusal no átrio direito) viajar pelo átrio até o nódulo átrio-ventricular, muitos impulsos (300 a 600 impulsos por minuto) originados nos dois átrios competem para atravessar o nódulo átrio-ventricular. O nódulo átrio-ventricular promove uma filtração desses impulsos e só deixa passar alguns, proporcionando um ritmo irregular. Os ventrículos batem muito rapidamente, o que impede o seu enchimento completo de sangue. Por essa razão, o coração bombeia quantidades insuficientes de sangue, a pressão arterial cai e o indivíduo pode apresentar alguns sintomas.

5-Como reconhecer os sintomas da fibrilação atrial?

Os indivíduos reagem à FA de forma diferente. Para alguns, não há manifestação de sintomas, particularmente se a frequência cardíaca não for muito acelerada. No entanto, aqueles que apresentam sintomas podem ter:

  • palpitações
  • tonturas
  • dores no peito
  • falta de ar

6-Como diagnosticar a fibrilação atrial?

A fibrilação atrial pode ser diagnosticada através do exame físico (ausculta do coração – avaliação dos batimentos cardíacos com um aparelho sobre o tórax) feito pelo médico e, confirmada através de alguns exames:

  • Eletrocardiograma: registro dos impulsos elétricos cardíacos através de eletrodos colocados sobre a pele do tórax, braços e pernas. Na fibrilação atrial, esses impulsos são irregulares e não é visualizada a onda P (impulso que representa a contração dos átrios).
  • Holter de 24 horas: trata-se de um aparelho portátil que grava o eletrocardiograma por 24 horas. A gravação é analisada por um médico, que avaliará o ritmo do paciente, as frequências mínima, máxima e média e correlacionará os sintomas com o aparecimento de arritmias.
  • Monitor de eventos (looper): as crises de fibrilação atrial podem ser limitadas, dificultando o diagnóstico. Por vezes, torna-se necessário monitorar o ritmo por períodos prolongados (semanas ou meses) com um aparelho que é acionado pelo paciente quando apresenta algum sintoma.
  • Teste ergométrico: útil para diagnosticar a fibrilação atrial que surge durante esforços físicos.

7-Como a FA afeta o ritmo cardíaco?

Seus batimentos cardíacos são controlados por sinais elétricos que atravessam o coração, fazendo-o contrair e bombear o sangue. Esse impulso faz com que os átrios e os ventrículos trabalhem em conjunto para bombear o sangue através do coração e de todo o organismo.

Quando o coração bate normalmente, o impulso segue uma rota precisa, passando pelas diversas áreas de forma ordenada e previsível. Entretanto, quando você sofre de FA, os sinais elétricos em seu coração falham e, em consequência, os átrios tremem (ou fibrilam) porque o sinal elétrico não percorreu a rota habitual. A estrutura das câmaras cardíacas e o caminho elétrico através do coração podem mudar, o que pode acontecer naturalmente à medida que envelhecemos e também como consequência de várias doenças como: hipertensão arterial, diabetes mellitus, insuficiência cardíaca e dislipidemia.

8-Por que de fato sofrer de fibrilação atrial aumenta o risco de AVC?

Se você sofre de fibrilação atrial (FA), o seu risco de ter um AVC é considerado cinco vezes maior que o normal. Felizmente, com a ajuda do seu médico e tomando algumas medidas práticas, é possível reduzir tal risco.

O batimento irregular causado pela FA significa que o sangue flui de forma desigual nas câmaras cardíacas. Sendo assim, às vezes ele pode se acumular nas câmaras superiores, formando coágulos sanguíneos. Um coágulo assim formado pode ser transportado na corrente sanguínea até o cérebro, onde pode provocar um AVC.

Um AVC ocorre quando o suprimento de sangue para o cérebro é interrompido pelo coágulo. Como todos os órgãos do corpo, o cérebro precisa de oxigênio e de nutrientes (fornecidos pela corrente sanguínea) para funcionar adequadamente. Dependendo do tempo em que o suprimento de sangue é interrompido, pode ocorrer dano cerebral temporário ou permanente.

 

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