Quarta-feira, 11 de Setembro de 2024 Fazer o Login

Ficha Técnica – Escolhi não esperar

qua, 14 de outubro de 2015 08:24

Abertura-ficha-tecnica

David Luiz é um bom jogador. O zagueiro não esteve presente no jogo de ontem contra a temida (!) seleção da Venezuela, mas é um homem do bem. Carismático na hora das fotos, matemático no momento das faltas, e acrobático em cada pitaco. Um ser abençoado, o qual se diferencia de todos por uma nobre atitude. Ele escolheu esperar.

David Luiz e a geração que escolheu esperar

David Luiz e a geração que escolheu esperar

 

Não é de hoje que acompanho a carreira do paulista de 28 anos. Lembro quando foi revelado para o mundo fazendo dupla com Luisão, em Portugal. Na Inglaterra, onde foi campeão da Europa. Ou até na seleção, levando a Copa das Confederações (leia-se: ilusões), em 2013. David Luiz canta o hino como ninguém. Sua ausência em campo me traz mais silêncio. Mas sua presença me contamina de saudade.

Saudade de um tempo em que os zagueiros da seleção não tinham meias palavras. Nem selfies, tampouco hashtags. Com a camisa para dentro do calção, olhavam sempre de cabeça erguida. Discursos não eram favas contadas e pênalti não atraía uma tempestade em copo d’água. Nomes como Aldair, Júnior Baiano, Odvan (O-d-i-vã), Lúcio, Roque Junior. Aqueles que na época foram carinhosamente classificados por Vanderlei Luxemburgo como “zagueiro-zagueiro”.

Eram pessoas que decidiram não esperar pelo próximo lance. A foto seguinte, o passe para o lado ou o balão sem qualquer direção para depois. Optaram por não esperar por fracassos sucessivos e desfechos lamentáveis para correr atrás do resultado. Representavam não apenas um país, como também lendas vivas em seus clubes. Não precisavam fazer meio de campo com ninguém e qualquer perigo era bola para o mato.

De fato, David Luiz é um bom jogador. Todavia, representa uma geração que não deixará saudade dos dias de hoje, mas provoca saudade nos tempos de ontem. Confesso que sinto falta daqueles que faziam da seleção brasileira sinônimo de raça. Que não esperavam por abraçar um novo desafio, pular um obstáculo e escrever outra história, falando sempre aquilo que realmente pensar. Por personagens como esses, escolhi não esperar.

Nenhum comentário

Deixe seu comentário: