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Ficha Técnica – PROFECIA

qui, 1 de outubro de 2015 08:01

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Verão de 2012. Um jovem torcedor decide cruzar o oceano em busca de outro mundo. Embarcou com apenas a passagem de ida e logo se arrependeu do idioma que tanto desprezou nas aulas de quinta-feira na escola. Na bagagem, levou consigo a lembrança do aniversário de seu falecido avô, que em sonho ainda lhe emprestava a figura de um pai. Era ano de Olimpíadas, mas outros jogos o esperavam.

Após 13 horas de voo, um filme com os melhores gols de todos os tempos e alguns minutos de suspiro sob estonteantes turbulências, o menino foi recebido de braços abertos pelos anfitriões. Juntos, tomaram um café a beira da estrada e tentaram se conhecer um pouco melhor. Mas a primeira tentativa acabou frustrada, e o jogo começou.

Lembranças de uma véspera de Jogos das Olimpíadas

Lembranças de uma véspera de Jogos das Olimpíadas

 

Passaram-se os dias, e o garoto se mudou de vez para seu quarto. Era lá que escrevia sobre futebol internacional e matava a saudade das pessoas que não sabia quando encontraria novamente. Outro dia, acabou de castigo ao ser flagrado assistindo o jogo do Flamengo em plena madrugada pelo computador do pai. Maldito fuso horário, ou simples falta de bom senso de terceiros.

Certa vez, incomodado com aquela situação, o pai do garoto, que o havia abandonado quando criança, convidou para um teste em um time profissional. O menino sabia que seu destino seria outro, mas aceitou o convite. Jogou na meia-esquerda, posição quase extinta no futebol atual. Intrigado, o rapaz o indagou – “Mas você sonhava em ser jogador na infância” – e o filho, um tanto quanto crescido, padeceu ao lembrar-se dos tempos aos quais o homem falava.

Apesar do idioma, o menino passou no vestibular, conheceu seu ídolo jornalista e combinou de encontrá-lo às vésperas da Olimpíada, em cuja terra seria sede. Mesmo assim, ele não tinha mais forças para jogar. Após o verão, juntou suas tralhas e conseguiu uma passagem de volta. Julgado e condenado por leigos de vida, retornou sem um trocado no bolso, mas com um bocado de razões para acreditar que viver é muito mais que sonhar – como diria seu velho avô – que numa espécie de profecia, sabia que o futuro que aquele garoto queria, era apenas escrever sobre tudo o que via.

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