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Ficha Técnica – Teste vocacional

qua, 29 de julho de 2015 07:20

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Dizem que a primeira vez a gente nunca esquece. De fato, lembro quando sacudi a alma ao subir na montanha russa, revi toda minha vida ao descer de avião, ou quase incendiei a cozinha após tentar fazer uma iguaria chamada miojo de frango. Mas nada se compara àquela noite de quarta-feira, em 27 de julho de 2011.

Ainda vivia o pesadelo de um cursinho pré-vestibular para jornalismo, quando em 90 minutos encontrei o motivo de seguir a profissão. Naquele dia, uma campanha nas redes sociais ganhou força com o lema “Fora Ricardo Teixeira”, até então presidente da CBF, envolvido em escândalos de corrupção. Se do lado de fora o futebol brasileiro era caso de polícia, de dentro poderia muito bem ser estudado como uma obra de arte.

Ao menos, foi assim na partida entre Santos e Flamengo, na Baixada Santista. Nos primeiros 45 minutos, foram três gols para cada lado, incluindo uma assistência de bicicleta e um lance antológico de um garoto de 19 anos, que desfilou pelo campo e entortou a coluna dos rubro-negros. Foi o divisor de águas de Neymar, que naquele jogo seria definitivamente exposto para o mundo após ter o nome ligado ao húngaro Ferenc Puskas, com o prêmio de gol mais bonito da temporada.

Há quatro anos, Neymar (de costas) ensinava e aprendia no maior jogo dos últimos tempos

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Mas o time campeão das Américas naquele ano ainda contava com mais. Esquecido na Copa de 2010, Ganso era a aposta para 2014. Elano não errava um passe sequer, mas abusou da criatividade ao desperdiçar um pênalti com uma ‘cavadinha’. O goleiro Felipe respondeu com embaixadinhas, incendiando o Flamengo, que ainda tinha nada menos que Ronaldinho Gaúcho. Depois de mais um exímio gol de Neymar, o gênio da camisa 10 empatou o jogo em cobrança de falta por baixo da barreira. Ele, que faria sua melhor atuação desde os tempos de Barcelona, ainda daria números finais à partida, fechando o placar em 5 a 4 para os cariocas.

Três gols de Ronaldinho, dois de Neymar. O encontro entre o passado e o presente, que se tornaria a maior esperança para o futuro. Um espetáculo, a prova de que é possível jogar bonito em busca do gol, desafiando a defesa sem qualquer violência. O que os 12 mil súditos presentes na sagrada Vila Belmiro testemunharam há quatro anos foi uma ode ao puro futebol brasileiro. No cursinho, o que pela primeira vez vi, ao vivo e em cadeia nacional, é como um jogo pode servir de teste vocacional.

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