Com temperamento explosivo e polêmico, técnico brasileiro pode levar Tigres a título inédito
sex, 24 de julho de 2015 07:29Ricardo Ferretti é um dos grandes responsáveis pela trajetória do clube mexicano até final da Libertadores; bigode e a forte personalidade são características de ‘Tuca’
Um brasileiro é o grande destaque da trajetória do Tigres até a final da Copa Libertadores de 2015. E o nome não é de Rafael Sóbis, um dos artilheiros do time na competição continental, com quatro gols, tampouco do zagueiro e capitão Juninho. Com mais de 20 anos de experiência como treinador no futebol mexicano, o carioca Ricardo Ferretti, ainda desconhecido no Brasil, é o responsável pelo sucesso da equipe de Nuevo León na busca pelo inédito título do principal torneio das Américas.
Em sua terceira passagem pelo Tigres, Ricardo Ferretti ocupa o cargo há cinco temporadas. ‘Tuca’, como é apelidado, tem como marcas registradas o tradicional bigode e o temperamento explosivo. Com personalidade forte, não poupa as broncas aos jogadores e, frequentemente, esbraveja com os jornalistas durante as coletivas. O brasileiro não faz questão de ter uma boa relação com a imprensa, optando por treinos com portões fechados e se recusando a divulgar escalações.
Momentos de fúria à parte, o treinador demonstra competência no comando do Tigres. Na Libertadores deste ano, o time amarelo e azul terminou a primeira fase como líder do Grupo 6, com 14 pontos, à frente, inclusive, do River Plate, adversário na grande decisão. No mata-mata, os mexicanos eliminaram Universitario Sucre, Emelec e Internacional, com direito à reversão de placar no duelo em Monterrey, por 3 a 1, após derrota em Porto Alegre – a única até o momento no torneio.
Em ocasiões especiais, entretanto, abre mão das reações explosivas e protagoniza cenas menos lamentáveis. Em 2011, prometeu raspar o bigode se o Tigres voltasse a ser campeão mexicano após três décadas. O título veio e a promessa foi cumprida ainda no gramado.
Reclamações com arbitragem e ameaças de morte
As reações explosivas de Tuca não ficam restritas apenas aos treinamentos. Reclamações em relação à arbitragem também fazem parte da rotina do técnico. No ano passado, ‘aconselhou’ os treinadores de outras equipes a se prepararem para “jogar contra 12” diante do América do México, que seria favorecido pela arbitragem.
As constantes discussões com os juízes não costumam ter um desfecho positivo para o comandante, que acumula expulsões na carreira. Em março deste ano, se recusou a deixar o gramado ao ser expulso diante do Leones Negros, de Guadalajara. Mesmo após receber a notificação do árbitro, continuou dando orientações aos seus jogadores como se nada tivesse acontecido. Em seguida, Tuca foi advertido novamente, fingiu descer para o vestiário, mas ficou escondido, sentado atrás do banco de reservas.
O perfil do treinador rende desafetos; o principal deles talvez seja o paraguaio José Cardozo, que foi comandado pelo técnico no Toluca, durante os anos 90. Na ocasião, Tuca abandonou a equipe após ser ameaçado de morte por torcedores supostamente ligados ao ex-atacante. O brasileiro se recusou a cumprimentar o técnico rival no ano passado. A dupla se reencontrou durante confronto entre Tigres e Toluca, comandado agora por Cardozo.
Carreira
Ferretti iniciou carreira como jogador no Botafogo, no início dos anos 70, e atuou também por Vasco e Bonsucesso. Ele chegou ao México em 1977 e rodou por Atlas, Pumas, DeportivoNeza, Monterrey e Toluca. As maiores glórias nos gramados foram com a camisa do Pumas: bicampeonato mexicano, (1980-81 e 1990-91) e dois títulos da Liga dos Campeões da Concacaf (1980 e 1982).
Em 1991, o brasileiro pendurou as chuteiras e começou a carreira como técnico, no Pumas. Desde então, comandou apenas equipes mexicanas – Chivas, Tigres, Toluca e Monarcas Morelia – e foi campeão da Primeira Divisão em três oportunidades. Pelo atual time, levantou as taças do Apertura e da Copa do México.
Tuca Ferretti pode fazer história e se tornar o primeiro treinador a levar um time mexicano ao título da Libertadores. Como técnico, ele tem um título continental no currículo, o da Liga dos Campeões da Concacaf, em 2003, no comando do Toluca.
Títulos na carreira
Como jogador:
Pumas
Primera Divisão do México: 1980-81 e 1990-91
Copa Interamericana: 1981
Liga dos Campeões da Concacaf: 1980 e 1982
Toluca
Copa México: 1989
Como treinador:
Guadalajara
Primeira Divisão do México (Verano): 1997
Toluca
Liga dos Campeões da Concaf: 2003
Campeão dos Campeões: 2003
Pumas
Primeira Divisão do México (Clausura): 2009
Tigres
Primeira Divisão do México (Apertura): 2011
Copa México: 2014
Legenda: Personalidade forte: Tuca não poupa as broncas aos jogadores e, frequentemente, esbraveja com jornalistas
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