DA REDAÇÃO – Depois de invadir rodovias de vários cantos do país, a manifestação dos caminhoneiros e empresários do setor de Transportes de Cargas chegou ontem ao Triângulo Mineiro. Em busca de garantir os direitos e as devidas condições de serviço, os trabalhadores promovem novas paralisações nas vias que passam pela região. O próximo alvo deve ser a BR-050.

Nesta quinta-feira, 26, quando a paralisação completar seu oitavo dia, quem circular entre Araguari e Uberlândia pode encontrar mais um capítulo da novela que se espalha pelo país. Apesar do protesto, Rosimaire Schiavoni Normandia, que representa o setor em Uberlândia, lembra que o problema é recorrente entre os trabalhadores.

“Temos três pontos espalhados em Uberlândia. Depois desta quarta-feira, estamos organizando para dar continuidade e levar a manifestação para outros trechos, na saída para Uberaba e Araguari. Gostaríamos que o governo se preocupasse mais com a categoria, pois não é uma necessidade atual. O setor sofre com esses problemas há mais de um ano, causando inúmeros prejuízos financeiros. Não temos sequer mais condições de comprar pneus para o veículo”, manifestou.

Rosimaire Normandia, que representa ao menos 30 empresários do setor, apontou algumas das reivindicações, além de pedir a colaboração da comunidade. “Não queremos causar prejuízo para ninguém, pelo contrário. Devemos lutar pelos nossos direitos. É uma situação em que todos acabam afetados. As principais necessidades são a revisão no preço do combustível e a prorrogação das parcelas de financiamento de veículos de carga. Precisamos disso urgentemente. Se não fizermos nada, não teremos mais condições de sustentar o serviço”, completou.

Protesto tem apoio do Sindttrans

Pelo menos 13 Estados se tornaram palco das manifestações. Nesta quinta-feira, o presidente do Sindttrans (Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários), Célio Moreira da Silva, expôs o incentivo à causa, além de reforçar a preocupação com a realidade atual.

“Paramos a BR-365, na saída de Uberlândia para Ituiutaba e iremos paralisar na BR-050 também. Apoiamos essa causa, pois precisamos mandar o nosso recado. São várias questões, como o aumento do preço do combustível, fim do fator previdenciário, regulamentação da profissão, pois o Estado precisa fazer a construção de uma estrutura básica para dar as condições dos caminhoneiros pararem nas rodovias, além da corrupção generalizada. Estamos pagando uma conta que não é nossa. Somos todos trabalhadores e a sociedade precisa se unir para não aceitar essa situação”, afirmou.

Governo responde às manifestações

Em entrevista coletiva concedida na Bahia nesta quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff (PT) reagiu aos protestos pelo país. Segundo ela, o governo não tem condições de baixar o valor do diesel. Além disso, o que houve foi a recomposição do Cide (tributo regulador dos preços dos combustíveis).

“O governo não tem como baixar o preço do diesel. Passamos 2013 e 2014 sob um conjunto de críticas de que o governo e a Petrobras tinham que elevar o preço do gás e do diesel. Passamos todo o período de 100 a 120 dólares do preço do barril do petróleo sem grandes aumentos. Agora, o que fizemos foi recompor o Cide. E não elevamos uma vírgula o preço dos combustíveis e nem abaixamos”, respondeu.