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Lombalgia

sex, 20 de fevereiro de 2015 00:01

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1- Qual a definição de lombalgia?

Lombalgia pode ser definida como a dor localizada no espaço entre a última costela e a prega glútea. Frequentemente a dor lombar se irradia para a região das nádegas e face posterior das coxas. Quando a dor segue um trajeto radicular característico, acometendo o membro inferior até abaixo dos joelhos, é chamada de lombociatalgia. Popularmente, chama-se de ciática qualquer dor lombar com irradiação para a perna. É preferível, no entanto, guardar o termo lombociatalgia para os casos de irradiação da dor que respeita um trajeto característico do acometimento de uma raiz nervosa lombar.

2-Qual a importância das lombalgias na prática diária do clínico geral?
A lombalgia, como sintoma, é extremamente frequente na prática diária. Apenas o resfriado comum é mais frequente do que a lombalgia. Trata-se de uma das principais causas de procura aos serviços médicos e, praticamente, qualquer especialidade médica atende casos de lombalgia.

3-Qual a frequência da lombalgia?
Acredita-se que cerca de 80% da população terão pelo menos uma crise de lombalgia durante a vida. O pico de incidência das lombalgias ocorre entre a quarta e sexta década de vida, afetando, portanto, uma população economicamente ativa. Desta forma, a lombalgia representa um enorme problema de saúde pública.

4-Como é a evolução natural das lombalgias?
Cerca de 90% das lombalgias têm uma evolução aguda e auto-limitada. O grande problema está nos casos de evolução crônica ou recidivante, que podem levar a incapacidade funcional. Na verdade, a dor lombar é a principal causa de incapacidade laboral no mundo industrializado. Acredita-se que cerca de 1% dos portadores de lombalgia evoluirá com incapacidade definitiva enquanto cerca de 2% terão incapacidade temporária para exercer suas atividades profissionais. Fala-se hoje numa verdadeira epidemia de incapacidade relacionada à lombalgia no mundo ocidental.

5-O que causa a lombalgia?
A grande maioria dos casos de lombalgia tem causa mecânica relacionada com lesões agudas às estruturas da coluna, incluindo músculos, ligamentos, osso e discos intervertebrais. No entanto, 10% dos casos têm uma causa inflamatória que não deve passar despercebida. Na verdade, como será exposto a seguir, o diagnóstico diferencial das lombalgias é bastante extenso. Lombalgia e lombociatalgia são sintomas decorrentes de inúmeras situações clínicas distintas. Os pacientes que procuram não vêm com diagnósticos estabelecidos. Em geral eles chegam com um conjunto de sintomas e sinais que têm em comum a dor lombar, cabendo ao médico estabelecer o diagnóstico a partir da anamnese, exame físico e propedêutica armada.

6-Quais são os tipos das lombalgias?
Há dois tipos de lombalgia: aguda e crônica. A forma aguda é o “mau jeito”.  A dor é forte e aparece subitamente depois de um esforço físico. Ocorre na população mais jovem. A forma crônica geralmente acontece entre os mais idosos; a dor não é tão intensa, porém, é quase permanente.

7-Quais exames devem ser utilizados?
Além do exame clínico alguns exames complementares podem ser utilizados como Radiografia, mielografia Tomografia, Ressonância Magnética, e mielo-TC, dentre outros. Estudos eletroneuromiográficos também podem auxiliar na documentação objetiva de pacientes com exame físico e história duvidosa de radiculalgia ou para documentar a presença de miopatias e neuropatias periféricas.
Finalmente, a investigação de doenças orgânicas subjacentes deve ser realizada em todos os casos em que houver suspeita. Pacientes acima dos 50 anos de idade devem ser investigados para a presença de uma síndrome inflamatória por meio de provas de atividade inflamatória e contagem hematológica.

8-Quais são os passos relevantes do exame físico de pacientes com lombalgia?
O exame físico deve sempre incluir um exame geral procurando alterações nos diversos órgãos e sistemas como pele, sistema respiratório, cardiovascular e outros. A seguir, o exame da coluna deve ser realizado de uma forma organizada para diminuir o tempo e o desconforto. O paciente deve sempre estar desnudo para que o médico possa observar a presença de lesões cutâneas, deformidades, contraturas musculares etc. O exame inclui inspeção, palpação, mobilização e marcha, exame neurológico e exame ósteo-articular.

A inspeção permite identificar desvios e assimetrias, exame da pele, presença de sinais inflamatórios como edema (inchaço) e eritema (vermelhidão), o trofismo muscular e obesidade. A mobilização da coluna lombar permite detectar a presença de dor e limitações. O exame da marcha permite observar atitudes viciosas bem como alterações das demais estruturas do membro inferior. A palpação permite verificar a presença de dor localizada ou difusa sobre os planos musculares, apófises espinhosas e espaços discais.

O exame ósteo-articular é parte essencial da propedêutica, permitindo diferenciar problemas oriundos da coluna lombar daqueles provenientes de outras estruturas articulares. O exame neurológico é absolutamente mandatório em pacientes com dor lombar. Deve-se avaliar a presença de alterações motoras, da sensibilidade e dos reflexos. Com este exame pode-se estabelecer uma topografia radicular típica.

9-Qual é o diagnóstico diferencial de lombalgias?
Tumores malignos, aneurismas da artéria da aorta, hérnia inguinal, osteítes, insuficiência arterial periférica, alterações ósteo-articulares, doenças vasculares, dentre outras.

10-Qual é o tratamento?
Na crise aguda de lombalgia, o exercício está totalmente contraindicado. Deve-se fazer repouso, deitado na cama. Uma alternativa é deitar de lado em posição fetal (com as pernas encolhidas). Os analgésicos e os antiinflamatóriosesteroidias e não esteroidais podem ser usados, além dos opioides. Nos casos crônicos deve-se optar também pela fisioterapia, cinesioterapia, acupuntura, dentre outras.

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