…viver sem risco é arriscar não viver
qui, 12 de fevereiro de 2015 00:09“Enquanto permanecerem tentando realizar alguma coisa, os homens estarão sempre cometendo erros”. Goethe
Embora o cristianismo como um todo, no final das contas, diga respeito à redenção do pecado e do fracasso, a maioria de nós não está disposta a admitir o fracasso em sua vida. Em parte isso se deve aos mecanismos de defesa da natureza humana contra as próprias inadequações. Mais ainda, isso se deve à imagem de sucesso que nossa cultura cristã exige de todos nós. Uma vez convertidos, não ousamos mais perder nossos negócios, nosso casamento e nossas receitas.
O problema em projetar uma imagem perfeita, no entanto, está no fato de que ela cria mais dificuldades do que resolve.
Em primeiro lugar ela simplesmente não é verdadeira (nenhum de nós está sempre contente, sereno e no controle)
Em segundo lugar, projetar essa imagem impecável nos distancia das pessoas, que concluem que não as compreendemos.
Terceiro, mesmo se pudéssemos viver uma vida livre de risco e de erros, seria uma existência rasa. Os cristãos maduros são os que fracassaram e aprenderam a viver graciosamente com o fracasso.
O fracasso em realizarmos com nossa vida aquilo que ansiávamos pesa demais sobre muitos de nós. A disparidade entre o eu ideal e o eu real (a vida como ela é x como gostaríamos que fosse), o histórico de infidelidades passadas, a consciência de que nosso comportamento com frequência nega diretamente nossas crenças, a pressão da conformidade e a nostalgia por uma inocência perdida reforçam um senso incômodo de culpa existencial: eu fracassei.
Esta é a cruz pela qual jamais esperávamos, e a que achamos mais difícil de suportar. Não somos mais capazes de diferenciar a percepção de nós mesmos do mistério que realmente somos.
Naturalmente, os que assumem riscos irritam os legalistas, que se sentem ameaçados por qualquer pessoa que confie em Deus e não na lei. Eles tendem a desprezar homens e mulheres que não sejam tão cautelosos quanto eles.
Colocam-se acima dos pecadores e dos não conformistas. Em virtude dessa confiança no próprio eu, aliada a uma falta de autoconhecimento, os legalistas revelam-se incapazes de receber a graça; eles não vivem nem ousam viver com base na confiança num Deus de amor. Balançam a cabeça em desaprovação, invocam tradições sacrossantas e sem motivo lançam mão de sua arma mais cruel e poderosa: a opressão pela culpa. Ameaçados pela liberdade daqueles que confiam em Deus e não na lei, os legalistas avisam que haverá trágicas consequências e uivam como um grupo de lobos na noite.
“O sucesso nunca é final; o fracasso nunca é fatal. E a coragem que conta”, já dizia Winston Churchill.
• A coisa mais difícil numa fé madura é aceitar que sou objeto do deleite de Deus.
• Com maior frequência do que gosto de admitir, ainda caio na bobeira de tentar tornar-me aceitável para Deus.
• Em momentos de reflexão pergunto-me se tenho de fato a coragem de arriscar tudo no evangelho da graça e aceitar a total suficiência da obra redentora de Cristo.
Juliano Fabricio
Em risco constante
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