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Suicídio

sex, 5 de setembro de 2014 00:05

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1-O que é suicídio?
O comportamento suicida pode ser entendido como todo ato pelo qual o indivíduo causa lesão a si mesmo, qualquer que seja o grau de intenção letal e de conhecimento do verdadeiro motivo desse ato.

Esta noção permite conceber o comportamento suicida como um continuum que inicia com pensamentos de autodestruição, passa das ameaças e gestos às tentativas de suicídio e, finalmente, consuma o ato suicida.

2-Quais sas características do suicídio?
O suicídio e sua tentativa são problemas graves de saúde pública. Dezenas de pacientes entram diariamente nos serviços de emergências por terem tentado suicídio sob várias formas: intoxicação exógena, traumatismos, queimaduras, ferimentos por arma de fogo ou arma branca e acidentes automobilísticos. Eles demandam atenção de clínicos e cirurgiões dos prontos-socorros e das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e consomem grandes recursos da Saúde. Contudo, o estigma e o preconceito em torno do tema ainda são muito grandes.

3-Suicídio, qual é a dimensão do problema?
• Segundo a Organização Mundial de Saúde, anualmente, um milhão de pessoas falece em decorrência de suicídios no mundo.
• A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo.
• A cada 3 segundos uma pessoa atenta contra a própria vida.
• O suicídio está entre as três maiores causas de morte entre pessoas com idade entre 15-35 anos.
• Em média um único suicídio afeta pelo menos outras seis pessoas. E se cometido em uma escola ou local de trabalho, tem impacto em centenas de pessoas.
• O impacto psicológico, social e financeiro do suicídio em uma família e comunidade é imensurável.
Independente do ponto de vista pelo qual é analisado, o comportamento suicida contempla uma dimensão central relacionada ao sofrimento.

Estima-se que as tentativas de suicídio sejam pelo menos 10 vezes mais frequentes do que os suicídios consumados.

4-Qual a sua epidemiologia?
A taxa de suicídio tem dois picos:
• em jovens (15 – 35 anos);
• em idosos (acima de 75 anos)
. Pessoas divorciadas, viúvas e solteiras têm maior risco do que pessoas casadas. Aquelas que vivem sozinhas ou são separadas são mais vulneráveis.
. Pessoas que se mudaram de uma área rural para urbana, ou diferentes regiões, ou países, são mais vulneráveis a comportamento suicida.
. Está entre as 10 causas mais frequentes de morte na população geral, e entre as duas ou três causas mais frequentes em adolescentes e adultos jovens.
. Mundo: 16 acometidos a cada 100.000 habitantes.

5-Qual a estatística de suicídio no Brasil?E qual é o estado onde mais ocorre suicídio?
O Brasil é um país com baixa taxa de suicídio. No entanto, como se trata de um país populoso, está entre os dez com maiores números absolutos de suicídio, representando 4,9 acometidos a cada 100.000 habitantes; 7.987 acometidos  ocupando a 9ª posição no mundo. O Rio Grande do Sul figura como o estado brasileiro com maior prevalência de suicídio tendo evoluído de 9  nos anos 80, para 11 para 100.000 habitantes em 2010.

6-Qual sexo é mais acometido?
Os  homens cometem mais suicídio que mulheres, porém as mulheres cometem mais tentativas de suicídio.
No Brasil, Homens: 6,6  a cada 100.000 pessoas e Mulheres: 1,8(quase 2)mulheres a cada 100.000 pessoas com a seguinte proporção de 3 homens para cada mulher.

7-Quais as profissões com maiores chances de o indivíduo cometer o suicídio?
Médicos, veterinários, farmacêuticos, químicos e agricultores têm taxas de suicídio maiores do que a média.

8-Quais são os principais fatores que levam a pessoa cometer suicídio?
A maioria dos que cometem suicídio passara por acontecimentos estressantes nos três meses anteriores ao suicídio, como:
• Problemas interpessoais: ex. discussões com esposas, família, amigos,
namorados;
• Rejeição – ex.: separação da família e amigos;
• Eventos de perda – ex.: perda financeira, luto;
• Problemas financeiros e no trabalho – ex.: perda do emprego, aposentadoria, dificuldades financeiras;
• Mudanças na sociedade – ex.: rápidas mudanças políticas e econômicas;
• Vários outros estressores como vergonha e ameaça de serem considerados culpados.

9-Frente a esse sério problema, como avaliar adequadamente o potencial suicida? Como reconhecer, antecipadamente, os indivíduos suscetíveis? Quando liberar o paciente após uma tentativa frustrada de autoeliminação?
Infelizmente, não há testes preditivos ou critérios clínicos que antevejam quem irá ou não cometer suicídio. Por isso, é importante auxiliar os médicos que trabalham em centros de atenção primária, consultórios, ambulatórios e hospitais, na identificação e avaliação de pacientes com ideação suicida ou com tentativas anteriores, assim como as suas adequadas condutas médicas e encaminhamentos ao tratamento psiquiátrico especializado.

10-Sobreviventes: o que fazer?
Devido à diversidade de fatores e de problemas associados à tentativa de suicídio, nenhuma medida singular é suficiente para todas as pessoas de risco.

A primeira abordagem em pacientes que tentaram suicídio consiste nos cuidados iniciais à vida, se há emergência clínica e/ou cirúrgica. Devem ser considerados o estado físico, as complicações médicas decorrentes do ato; a necessidade de transporte para a unidade de terapia intensiva (UTI), centro cirúrgico, ortopédico, setor de endoscopia ou clínica de queimados. A abordagem inicial dos envenenamentos, como em outras condições médicas, consiste em história e exame físico, dando-se especial atenção a exame dos sinais vitais, exame ocular (pupila), exame do estado mental e tônus muscular. Exames laboratoriais de equilíbrio ácido-básico, gasometria e exames toxicológicos costumam ser úteis.

Os primeiros cuidados seguem as medidas de suporte básico da vida (ABC), com proteção de vias aéreas, cuidados com a ventilação e com a circulação. Em pacientes com necessidade de ressuscitação cardiorrespiratória, esta deve ser realizada juntamente com a abordagem inicial.

Ao atender um paciente intoxicado, o médico deve considerar a ingestão de mais de um tipo de medicamento. Nesse caso, a interação medicamentosa pode agravar o estado do paciente pela sua potencialização.

Decisões são necessárias para prosseguir os cuidados após tentativa: se irá permanecer internado (médico/cirúrgico/UTI); se será encaminhado ao ambulatório de saúde mental; ou se deve ser transferido para uma unidade psiquiá­trica, pela presença de risco ou transtorno psiquiátrico que necessite de tratamento especializado. Qualquer paciente com doença psiquiátrica precisa ser periodicamente avaliado quanto à tendência suicida, independentemente de sua situação clínica.

Após a escolha do ambiente terapêutico (hospital, ambulatório ou domicílio), o médico introduz o tratamento psicofarmacológico adequado e encaminha para psicoterapia. Sempre que possível, a família e o paciente devem ser exaustivamente orientados e esclarecidos quanto à proposta terapêutica. A segurança do médico tem de ser garantida, junto com uma boa avaliação do estado mental e crítico do paciente perante a situação, condição clínica para se realizar uma conduta médica adequada.

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