Da Redação

Foto 1: Construções da cidade de Araguari na década de 40 e Palácio dos Ferroviários.

Em 28 de agosto de 1888, a então vila de Brejo Alegre foi oficialmente elevada à categoria de cidade, passando a se chamar Araguary. Cravada no Sertão da Farinha Podre — como era conhecido o Triângulo Mineiro —, Araguari comemora hoje seus 137 anos, celebrando uma trajetória marcada pela fé, pela ferrovia e pelo desenvolvimento.

O primeiro documento que cita a região onde hoje está Araguari é o Alvará de 4 de abril de 1816, do Rei Dom João VI, que criou a Comarca de Paracatu. O julgado do Desemboque passou então a integrar a Capitania das Minas Gerais.

Foi nesse contexto que o comissário de sesmaria Antônio de Resende Costa, o “Major do Córrego Fundo”, demarcou diversas terras, entre elas as sesmarias do Serrote (hoje Fundão) e da Pedra Preta (hoje região dos Cunhas, no Rio Jordão). Entre essas terras, ele doou um platô à Igreja Católica, onde surgiu uma capela e, ao redor dela, as primeiras casas — formando o Arraial de Ventania.

Em 1840, o local foi elevado a freguesia pela Lei Provincial nº 1847, passando a se chamar Freguesia do Brejo Alegre, como registrado no Livro de Tombo da Paróquia pelo padre Joaquim Augusto de Souza Amorim.

O desenvolvimento urbano e comercial crescia ao redor da vida religiosa. Em 19 de outubro de 1882, Brejo Alegre foi desmembrado do município de Bagagem (hoje Estrela do Sul), por meio do Decreto nº 2.996. Em 31 de março de 1884, tornou-se vila. Os moradores se encarregaram de construir os prédios obrigatórios: cadeia pública, câmara municipal e escolas para ambos os sexos, além dos cargos judiciais exigidos por lei.

Em 1887, a câmara local solicitou à Assembleia Provincial que a vila fosse elevada à cidade. O pedido foi atendido em 2 de julho de 1888. Em 5 de agosto, por emenda do deputado Severo de Resende Navarro, o nome foi alterado para Araguary — embora os motivos exatos não estejam registrados. A lei foi sancionada em 28 de agosto de 1888 pelo Barão de Camargo, oficializando a criação do município de Araguary.

A chegada dos trilhos da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro (CMEF) em 1896 marcou uma nova fase para Araguari. Vindos de São Paulo, os trilhos estabeleceram ligação ferroviária entre o Sudeste e o Centro-Oeste do país, tornando Araguari um ponto estratégico para transporte e comércio.

O engenheiro Achiles Widulick, da CMEF, foi responsável por elaborar o primeiro traçado urbano da cidade em 1895. O projeto foi aprovado pela Câmara pela Lei nº 11 e regulamentado pela Lei nº 50 em 1898, com a demarcação de ruas, praças e avenidas.

A cidade cresceu rapidamente. Em 1908, instalou-se o primeiro telefone. Dois anos depois, Araguari já contava com energia elétrica, fornecida pela Usina do Piçarrão, que também abastecia Uberlândia. O cinema chegou na mesma década.

A cidade também foi o marco zero da Estrada de Ferro Goyaz (EFG), que ligava Minas Gerais a Goiás, reforçando sua posição de entreposto logístico. O primeiro trecho da EFG foi inaugurado em 1906, ligando Araguari a Catalão.

Com esse desenvolvimento, Araguari recebeu inúmeras famílias de migrantes e imigrantes, que trouxeram contribuições culturais e ajudaram a moldar a identidade da cidade.

Atualmente, Araguari é um dos principais municípios do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, com uma área de 2.729,77 km² — sendo 97 km² urbanos e 2.632 km² rurais — e população de cerca de 117.808 habitantes.

A cidade se destaca pela posição estratégica entre São Paulo e Brasília, com acesso facilitado por rodovias duplicadas e ferrovias. É também um polo logístico, com forte capacidade de escoamento de produção agroindustrial.

A unidade da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) em Araguari é uma das maiores de transbordo da América Latina. Além disso, a cidade é cortada pelo Rio Paranaíba, permitindo ligação hidroviária com o Porto de Santa Vitória, a 246 km.

Foto 2: Araguari é um dos principais municípios do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.