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Casa da Cultura torna permanente a exposição sobre o Caso Irmãos Naves

qui, 17 de julho de 2025 08:00

Da Redação

Foto 1: A mostra reúne fotografias históricas, registros artísticos, trechos do filme.

O caso dos Irmãos Naves, ocorrido em 1937, na cidade de Araguari é amplamente reconhecido como o maior erro judiciário da história do Brasil. Na época, Sebastião e Joaquim Naves foram injustamente acusados de assassinar seu primo e sócio, Benedito Pereira Caetano. Este havia fugido com 90 contos de réis — uma quantia expressiva — temendo a cobrança de dívidas. No entanto, seu desaparecimento foi interpretado como indício de crime.

Sem qualquer prova concreta, os irmãos foram presos e submetidos a sessões intensas de tortura, o que os levou a confessar um assassinato que jamais cometeram. As confissões, obtidas sob coerção, foram aceitas como provas durante o julgamento, que os condenou, mesmo na ausência de evidências que sustentassem a acusação. A pressão política e o contexto autoritário do Estado Novo contribuíram para que essa grave injustiça fosse consumada.

Anos depois, Benedito foi encontrado vivo, provando que jamais houve crime. A revelação de sua sobrevivência não apenas comprovou a inocência dos Irmãos Naves, como também expôs as profundas falhas do sistema judiciário da época — marcado por arbitrariedade, tortura e total desrespeito aos direitos fundamentais. O caso tornou-se um símbolo da importância de uma Justiça imparcial, baseada em provas, e comprometida com os direitos humanos.

Reconhecendo a relevância histórica desse episódio, a Prefeitura de Araguari, por meio da Fundação Araguarina de Educação e Cultura, organizou uma exposição gratuita em maio. O evento aconteceu na Casa da Cultura Abdala Mameri, localizada na Rua Coronel José Ferreira Alves, 1098, no Centro — prédio que, à época dos fatos, abrigava o antigo presídio da cidade.

A mostra reúne fotografias históricas, registros artísticos, trechos do filme dirigido por Luiz Sérgio Person, da série Linha Direta e do espetáculo teatral encenado pelo Grupo EmCena. Também estão disponíveis recursos interativos, como áudios com relatos da época, depoimentos dos próprios Irmãos Naves, transmissões da Rádio Araguari e réplicas dos objetos utilizados durante as torturas.

Devido à grande procura do público, a exposição tornou-se permanente e continuará em exibição na Casa da Cultura. No dia 16, a equipe de reportagem da Gazeta conversou com Fernando, diretor da Casa da Cultura, para saber mais sobre o projeto e sua importância para a memória histórica da cidade e do país.

“Para nós, foi um grande orgulho podermos tornar essa exposição acessível para novas visitas. Temos recebido muitos visitantes. Hoje mesmo vieram pessoas do Rio Grande do Norte e de Caratinga. Estamos muito satisfeitos com o resultado desse trabalho”, afirmou Fernando.

Ele explicou ainda que, pela primeira vez, a sala principal da Casa da Cultura abriga duas exposições simultâneas. “Temos uma sala de exposição muito ampla, o que nos permite manter duas mostras. A dos Irmãos Naves passa a ser fixa, e a outra atualmente em cartaz é a exposição de Marco Túlio Nascimento. A ideia é que sempre haja duas exposições: uma permanente e uma temporária.”

O diretor também informou que a visitação acontece de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 17h, sem intervalo para o almoço. “Não temos restrição de idade para a visitação. Porém, quando recebemos crianças, fazemos adaptações no conteúdo apresentado. Já com os adultos, explicamos tudo com mais riqueza de detalhes.”

Foto 2: Mostra sobre o maior erro judiciário do país ganha caráter permanente.

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