FURANDO A BOLHA

            A política como instrumento de mudança social

         Passadas as eleições municipais em que a população do Brasil escolheu seus representantes diretos, uma nova esperança e perspectiva se avista no horizonte.

Sempre considerei a política uma importante peça para a transformação social. Talvez a mais importante. Infelizmente, nos últimos anos, com a polarização e principalmente com o recrudescimento dos argumentos, em grande parte devido às redes sociais, que idiotizou o debate, a política não vem cumprindo o seu papel primordial, qual seja: a luta por melhorias na vida da população.

Muitos entram nela acreditando no messianismo barato e que serão salvadores da pátria, outros simplesmente por verem uma oportunidade de exaurir os recursos públicos e utilizá-los de maneira egoica e em prol de poucos. Contudo, aquele que verdadeiramente debate, sem radicalismo, com ideias, e principalmente preocupando-se com o iter da coisa pública, merece todo o respeito.

Quase todas as crises do Brasil começaram na política, e quase todas as que foram resolvidas também. O político não deve ser colocado em um pedestal ou alçado como herói. Isso é uma tolice de democracias jovens ou de uma população carente que em qualquer oportunidade elege alguém para ser seu messias ou seu mito. Trata-se de uma infantilização, e é incrível a capacidade que as pessoas têm de fazer escolhas transferindo as suas responsabilidades nas mãos de outros.

O representante do povo deve ser cobrado, como qualquer outro funcionário da república. Aquele que escolhe este caminho abre mão, em certa medida, de alguns direitos em prol da coletividade. Vejo a eleição municipal como uma das mais importantes, pois ela de fato modifica a realidade das pessoas. Tanto os vereadores quanto os prefeitos atuam diretamente na vida real e devem ter responsabilidades inegociáveis com seus cargos.

Em seu livro A Política, Aristóteles argumenta que o propósito da cidade (ou da sociedade organizada) vai além da mera sobrevivência; ela deve promover o bem-estar e a virtude dos cidadãos, permitindo que eles vivam plenamente. Essa ideia sublinha a função ética da política, que é criar um ambiente em que as pessoas possam alcançar seu potencial.

Para Aristóteles, a política é a ciência mais elevada, pois organiza as demais ciências e práticas, regulando-as em função do bem comum. Ele acredita que a política é a “ciência arquitetônica” porque define as condições para a virtude e a felicidade, às quais todas as outras ciências e práticas devem se subordinar.

Portanto, é imperativo que resgatemos a essência da política como ferramenta de transformação social. Cabe a nós, enquanto cidadãos, participar ativamente do processo político, exigindo ética e compromisso de nossos representantes. Somente assim poderemos materializar a nova esperança que se avista no horizonte e construir uma sociedade mais justa e virtuosa, alinhada aos princípios que Aristóteles defendia.

Leandro Alves de Melo, bacharel em Direito pela Universidade Federal de Uberlândia, advogado, colunista, é proprietário dos escritórios Alves & Melo Advocacia MG e GO, pós-graduado em gestão de pessoas INESP/SP (2018-2020), especialista em Direito Previdenciário pelo IEPREV/BH (2020 a 2022), pós-graduado em Direito Constitucional pelo Instituto de Direito Público de Brasília (2019-2022), vencedor do Top of Mind 2023: advogado previdenciário e vencedor do Top of Mind 2024: advogado constitucional.

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