Em meio à crise técnica nos times nacionais, Cruzeiro sobra na busca pela Libertadores

A bola pede passagem. Depois de ser severamente maltratada, a pelota pode finalmente encontrar alguém que vale a pena correr na temporada. Com a eliminação de grandes medalhões na Copa Libertadores, restaram apenas Cruzeiro e San Lorenzo como os francos favoritos a levantar a taça.

Desde o início do ano, administrar o símbolo do mais popular dos esportes não é um serviço simples para muitos que participaram do torneio intercontinental. Por sequer saberem o que fazer com a redonda, times como Flamengo, Botafogo e Atlético Paranaense deram um jeito de despedir à francesa, precocemente, sem afetar ninguém.

Na inauguração da segunda fase, Grêmio e Atlético Mineiro apostaram corrida com a bola. Perderam. Restou o Cruzeiro, que agora tem a missão de lustrar a bola e cuidar de seus curativos, após tanto massacre de pernas de madeira.

Após o revés por 1 a 0 na Argentina, o time celeste precisa  de um triunfo por dois ou mais gols de diferença para seguir na competição. Apesar de representar o brasileiro com maior vitórias na história do torneio, a memória não está a favor do Cruzeiro. Isso porque os mineiros superaram o referido desafio somente em 1997, após buscar o resultado no Mineirão e vencer o El Nacional do Equador nos pênaltis. Naquela ocasião, a equipe terminou com o título.

Se de um lado o retrospecto deixa a desejar, no San Lorenzo a história também não é um alento. Embora apresente um aproveitamento de 36% como visitante, o time ainda não venceu fora de casa na Libertadores, somando três derrotas e um empate. Além disso, nas últimas sete pelejas, sofreu apenas um gol, marcado pelo Grêmio nas oitavas de final.

Um ano após o título do Galo no torneio intercontinental, o Cruzeiro atua pela permanência da taça no futebol mineiro. Resta saber se a receita utilizada será a mesma do arquirrival, regada a aflição, desespero e tempero divino em momentos decisivos. A partir das 22 horas, a bola retoma a busca pelo seu verdadeiro dono na Libertadores.
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PRIMEIRO ANDAR

Qual seria a semelhança entre o futebol brasileiro e o maior edifício do mundo? Com 828 metros de altura, o Burj Khalifa, situado em Dubai, desafia os limites do homem como um arranha-céu no meio dos Emirados Árabes. No entanto, frequentar as casas noturnas, restaurantes e observatórios espalhados pelos 163 andares do prédio não é para qualquer um. Os preços são abusivos, assim como os estádios do nosso querido futebol. Mas vamos ao que interessa.

Se os pisos do edifício servissem como escala para identificar as condições do mundo da bola, certamente ficaríamos estáticos no primeiro andar. Nivelado por baixo, o futebol brasileiro mendiga qualidade técnica. Enquanto as bilheterias cobram valores dignos de um espetáculo, os artistas se negam a contagiar os espectadores.

Curiosamente, testemunhamos o típico futebol arte somente em campanhas publicitárias. Os jogadores parecem não falar a mesma língua. Talvez por isso, estrangeiros como D’Alessandro e Dario Conca sejam os destaques da temporada até então. Para a Copa do Mundo, apenas quatro que atuam pelos gramados locais vestirão a amarelinha. Será mesmo que essa escolha é culpa restrita de Felipão?