Coluna: Furando a bolha (06/08)
sáb, 7 de agosto de 2021 14:04Pai
A coluna “furando a bolha” será publicada agora todas as sextas-feiras. Mudamos de dia para melhor organização de agenda.
Nessa edição especial do dia dos pais, decidi publicar dois poemas para homenagear aqueles que nos deram o dom da vida. Dedico ao meu querido pai Adilson Martins de Melo e ao meu avô Adizon de Melo Alves. Tenho muito orgulho de ser filho e neto deles.
O primeiro poema, de um amigo conterrâneo e brilhante, Lucas Veiga, consegue tocar a alma até do mineiro mais feito de ferro. Sou grande admirador de sua obra e, sem dúvidas, um orgulho para nossa cidade.
À paz
fez o que podia
do jeito que sabia
para dar um pouco de voz
ao pouco que sou.
tem quem cria,
quem recria,
quem recreia,
quem crê
que estar presente
vale mais que um par de meias.
desfazendo os solados,
olhando para os lados,
ciente que sou uma versão melhorada
das coisas não tão lapidadas
que aprendi com você.
conflitos, batalhas,
o reencontro da coragem
com a covardia.
à paz
meu abrigado “obrigado”
por permitir ver com outros olhos
as coisas que para ti
parecem um machucado.
Lucas Veiga @poesol
O segundo do grande poeta, Mario Quintana:
As mãos de meu pai
As tuas mãos têm grossas veias como cordas azuis
sobre um fundo de manchas já da cor da terra
– como são belas as tuas mãos
pelo quanto lidaram, acariciaram ou fremiram da nobre cólera dos justos…
Porque há nas tuas mãos, meu velho pai, essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam nos braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas…
Virá dessa chama que pouco a pouco, longamente, vieste alimentando na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos e tenta acendê-los contra o vento?
Ah, como os fizeste arder, fulgir, com o milagre das tuas mãos!
E é, ainda, a vida que transfigura as tuas mãos nodosas…
essa chama de vida – que transcende a própria vida…
e que os Anjos, um dia, chamarão de alma.
(Mario Quintana)
(Poema publicado originalmente no livro Esconderijos do Tempo, retirado de Poesia Completa – Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2005, p. 491
Nota do colunista: Desejo a todos um excelente feriado e um maravilhoso dia dos pais.
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Que poemas lindos! Parabéns pelas escolhas! Gostei de conhecer a poesia do nosso conterrâneo, Lucas Veiga. E a de Mário Quintana também. Feliz dia dos pais!
Parabéns por homenagear seu pai e avô em vida. Isso faz toda diferença.
Lindos poemas.. Chorei ao lembrar do meu velho.. É importante darmos valor qndo eles estão vivos. Parabéns, Dr. Leandro por homenageá-los em vida. Queria ter tido essa oportunidade.