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A aposentadoria, por José Nilton Mariano Saraiva

sáb, 3 de maio de 2014 00:00

* José Nilton Mariano Saraiva

De par com toda a carga simbólica que a envolve (a certeza de ter sido útil ao próximo e de não ter passado pela vida em vão), a aposentadoria deveria se constituir numa espécie de merecido prêmio àquele que durante boa parte da vida ‘ralou’ duro para possibilitar o contínuo giro da roda e, consequentemente, o evoluir do processo sócio-produtivo; e, como natural contrapartida, o desejável seria que todos aqueles que atingissem condições para tal o fizessem via formação de um capital mínimo que lhe permitisse um tranquilo descanso mais adiante (e/ou pelo menos sobreviver com dignidade).

No entanto, não só no Brasil, mas mundo afora, o tal do “capitalismo selvagem” (via globalização desenfreada), literalmente decretou que apesar da bagagem adquirida (conhecimento) e da experiência acumulada (saber fazer) ao longo dos anos, aquele que se aposenta passa a ser uma espécie de produto descartável, mercadoria de quinta categoria, verdadeiro trambolho a obstar o progresso dos mais jovens e, pois, passível de descaso e desrespeito por parte daqueles que estão chegando (a meninada). Excluí-los, portanto, passa a ser a senha vigente; escamoteá-los, a palavra de ordem; deletá-los de vez, uma necessidade.

Assim, e indo de encontro à lengalenga a respeito, dúvidas não tenham que a badalada e difundida reinserção do aposentado no processo produtivo, cantada e decantada em verso e prosa, não passa, em verdade, de uma miríade distante, verdadeira utopia (ou enchimento de linguiça), porquanto as barreiras para tal se apresentam a partir do momento em que o carimbo de aposentado é aplicado àquele que passou a vida labutando com vigor (mas que ainda assim se apresenta física e mentalmente apto à luta).
Lamentável, porquanto muitos ainda poderiam ser de enorme utilidade.

*Colaborador

2 Comentários

  1. arivanio melo disse:

    Isso mesmo, infelizmente

  2. arivanio disse:

    grande realidade

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